«e vi o céu» quer olhar para além das bombas, para as estrelas

13:00 - 28/09/2024 LOULÉ
estreia a 5 de outubro, Loulé

Nova criação de dança contemporânea de José Laginha e Marlene Vilhena

sinopse

o astrofísico Suleiman Baraka pôs crianças palestinianas a olhar para lá das bombas, para as estrelas, é a maneira de se sentirem livres no seu próprio território; look up here, i’m in heaven, escreveu David Bowie antes da sua morte para nós escutarmos depois, podia ter sido um verso do seu haiku final, mas fez diferente; o príncipe Andrei em Guerra e Paz, é atingido, cai para trás, e deitado deixa de ver a guerra, só vê o céu e as nuvens.

“Não se olha nunca para trás. É isso que distingue a guerra de outras maneiras de morrer. Nuns casos diz-se adeus e noutros, não. Na guerra, o que está dentro da pessoa tem que se atirar para a frente, como pedras. Cada um vem a ser a própria pedra, de modo a não ter fome, não ter frio, não ter medo. A pedra é o milagre.”    

Um bailarino na batalha", Hélia Correia

“... e vi o céu” propõe uma reflexão não linear sobre a superação e a transcendência, partindo de memórias, de experiências pessoais, mas também de acontecimentos reais que impelem a contemplar e a celebrar a vida e a natureza.


A nova criação de José Laginha e Marlene Vilhena convoca também a palco a música de José Salgado e excertos de SUPERNATURAL, filme de Jorge Jacóme e André e. Teodósio.

A guerra, a luta por um território e até pelo mais básico são uma realidade que se pode transmutar num projeto de superação e elevação como o do astrofísico palestiniano Suleiman Baraka, que nos desafia a olhar para além das bombas, para as estrelas.  

 “…e vi o céu” é uma coprodução do Teatro das Figuras e do Cineteatro Louletano, com estreia a 5 de outubro, às 21h00.

«Preparar o inevitável poderá ajudar-nos a acolher de forma mais pacífica o futuro e a viver melhor o presente, mas também a apaziguar-nos, a encontrarmo-nos nas perdas e a superar a dor dos que nos deixam, celebrando-os em gestos criativos que potenciam a (nossa) vida. Apesar do desconforto, este é um assunto cada vez mais falado pelos profissionais de saúde - exemplo disso é a carta que o Dr. Mark Taubert, médico de cuidados paliativos, escreveu a David Bowie, ouvida na parte final deste espetáculo, e que integrou a edição de 2017 do Festival Letters Live -, assim como pela sociedade civil, particularmente pelos cuidadores informais, ainda tão desacompanhados. Esta temática é também abordada, cada vez com mais frequência, pelo cinema e pelas artes, como é o caso do último filme de Pedro Almodóvar, The Room Next Door (2024). David Bowie preparou-se, despediu-se deixando-nos Blackstar, onde encontramos Lazarus, um dos temas desse álbum que é tocado ao vivo no espetáculo.»

José Laginha e Marlene Vilhena

Depois da estreia em Loulé, “…e vi o céu” tem uma segunda apresentação no dia 22 de novembro, sexta-feira, às 21h30, no Teatro das Figuras em Faro.

 

DeVir/CAPa