O Secretariado Nacional da Liturgia (SNL), da Igreja Católica em Portugal, publicou o «Livro do Admonitor – Liturgia da Palavra – Ano C», da autoria do cónego Mário de Sousa, biblista e sacerdote da Diocese do Algarve que explica que quando se «retira o contexto» ao texto, «corta-se-lhe parte da compreensibilidade».
“Por muito belo e significativo que seja um texto, quando se lhe retira o contexto, corta-se-lhe também parte da compreensibilidade, podendo inclusivamente induzir o leitor em erro, no sentido de o conduzir a conclusões que não estavam presentes na intenção do autor. Isto torna-se particularmente importante no que respeita aos textos bíblicos”, salienta o sacerdote na introdução do novo livro, enviada hoje à Agência Ecclesia.
O especialista explica que a Palavra de Deus que os textos bíblicos guardam tem “uma natureza intemporal”, mas “foi dirigida pelo Senhor em contextos históricos ou comunitários muito específicos”.
“Por isso, escutar uma passagem da Escritura, sem ter em conta o contexto e a finalidade que a motivaram, é, de alguma forma, empobrecer a sua intensidade significativa e, consequentemente, o que o Senhor, através dela, quer dizer ao seu povo”, desenvolve.
O cónego Mário de Sousa explica que é neste sentido que surge o ‘‘Livro do Admonitor: Liturgia da Palavra – Ano C’, publicado neste mês de setembro de 2024, pelo Secretariado Nacional de Liturgia da Igreja Católica em Portugal.
“As admonições às leituras que nele se propõem surgem do desejo de ajudar a assembleia dominical a aproximar-se do texto com uma moldura significativa, que a predisponha à sua compreensão literária”, acrescenta o sacerdote biblista.
“Esta é ponto de partida da peregrinação que, sob a condução do Espírito, o texto proclamado realiza até ao santuário interior de cada um dos crentes, onde se torna verdadeiramente Palavra da salvação”, conclui o padre Mário Sousa, que é o coordenador da comissão responsável pela nova tradução da Bíblia em português da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP).
O presidente da Comissão Episcopal da Liturgia e Espiritualidade, da CEP, assinala que as propostas para as admonições do novo livro – ‘Liturgia da Palavra – Ano C’ -, antes de serem proclamadas as leituras, “ajudarão a assembleia reunida a escutar melhor a Palavra de Deus, estimulando o espírito de fé e de participação ativa, consciente e frutuosa na celebração litúrgica”.
“O livro do Admonitor para a Liturgia da Palavra dos Domingos e solenidades do Ano C aponte um traço do tempo renovado da escuta sinodal na Igreja”, acrescenta.
D. José Cordeiro explica que na Liturgia da Igreja chama-se, monição ou admonição, “às palavras que se dirigem, não a Deus, mas à assembleia celebrante”, como explicação ou exortação, e destaca que o padre Mário Sousa apresenta “monições simples, fiéis ao texto, breves, preparadas com diligência e adaptadas de forma variada ao texto que devem introduzir”.
Este responsável salienta que o serviço de monitor “é um ministério litúrgico muito antigo”, que normalmente era assumido pelo diácono, “atuando de intermediário entre o presidente e a comunidade”, e, neste contexto, o arcebispo de Braga realça que o monitor ou comentador “não procede a partir do ambão”, que se reserva “para a proclamação da Palavra”, mas de um outro lugar, como “uma estante ou de um microfone lateral”.
Folha do Domingo
com Agência Ecclesia