A importância do mar português na rede de cabos submarinos internacionais

15:00 - 24/10/2024 OPINIÃO
André Magrinho, Professor Universitário, Doutorado em Gestão | andre.magrinho54@gmail.com

A relevância estratégica do mar português na nossa história e na nossa economia é inquestionável, por via da localização privilegiada que dispomos, conferindo uma enorme valia em termos de potencial geopolítico, geoestratégico e económico. Importa, por isso, saber tirar partido desta localização geográfica, extensa e arquipelágica, no seio das principais rotas de matérias-primas, produtos e dados que circulam por via marítima à escala internacional. Neste sentido, o mar assume uma importância fundamental para o nosso desenvolvimento e relacionamento internacional, nomeadamente no espaço da CPLP, se para tanto soubermos aproveitar as oportunidades que poderão ser geradas. Oportunidades que exigem capacidade para proteger e explorar de forma sustentável os nossos recursos marítimos, incluindo a pesca, a energia renovável, as formas biodiversidade marinha, e não menos importante, tirar proveito da conectividade internacional consubstanciada nos dados que circulam na rede de cabos submarinos. E, a este propósito, Portugal é um ponto crucial de interligação entre continentes, facilitando a conectividade entre a Europa, a América Latina e outras regiões. Resumidamente, Portugal é um ponto estratégico para vários cabos submarinos importantes devido à sua localização geográfica. Vejamos os mais relevantes cabos submarinos que passam por Portugal:

  • EllaLink, que liga a Europa à América Latina, conectando Portugal ao Brasil, sendo fundamental para melhorar a conectividade entre os dois continentes;
  • Equiano, um cabo da Google que liga Portugal a vários países africanos, incluindo Togo, Nigéria, Namíbia e África do Sul;
  • 2Africa, considerado o maior sistema de cabos submarinos do mundo, conectando Portugal a vários pontos na África e da Europa;
  • Medusa, um cabo importante que está a ser instalado e que reforçará a conectividade entre Portugal e outros países do Mediterrâneo, com 8.700 km de comprimento, ele conectará dez países, onde se incluem Portugal, Espanha, França, Itália, Marrocos, Argélia, Tunísia, Grécia, Chipre e Egito.

Esses cabos são fundamentais para a infraestrutura global de comunicações, suportando a maior parte das comunicações internacionais e contribuindo para a economia digital, e significando, de acordo com António Costa e Silva, quase 100% das comunicações transoceânicas internacionais. Por sua vez, o Alm. Gouveia e Melo, refere que cerca de 10% a 15% das comunicações mundiais passam pela Zona Económica Exclusiva de Portugal. Além disso, vem alertando para as questões de segurança e defesa que coloca, nomeadamente a espionagem russa, que tem como alvo esses cabos, o que representa uma ameaça significativa à segurança nacional e internacional.