A Diocese do Algarve participou no passado fim de semana no Encontro Nacional da Juventude «Rejoice!» que juntou cerca de 5.000 jovens no Parque das Nações, em Lisboa, para fazer memória da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) que viveram naquela cidade em 2023 e lançar a participação portuguesa no Jubileu dos Jovens em Roma no próximo ano.
A participação algarvia, organizada pelo Setor da Pastoral Juvenil da Diocese do Algarve, foi constituída pelo bispo D. Manuel Quintas e por 118 algarvios, oriundos de Faro, Ferragudo, Lagoa, Loulé, Monte Gordo, Olhão, Paderne, Tavira e Vila Real de Santo António, que ficaram alojados na paróquia da Portela juntamente com jovens das dioceses de Braga, Beja, quatro elementos da Diocese de Coimbra e duas pessoas inscritas individualmente, uma de Viana do Castelo e outra de Famalicão, num total de 150 pessoas.
O “Rejoice!” desafiou os jovens a refletirem sobre o tema da paz que esteve muito presente ao longo de todo o encontro. No domingo de manhã, nas várias paróquias da cidade decorreram os encontros ‘Rise Up’, que na da Portela foi dinamizado pela Diocese do Algarve com o tema “Os jovens são o símbolo da paz”.
Os jovens começaram por ser questionados se se lembravam “qual é o maior sonho do Papa”, anunciado na JMJ de Lisboa. Francisco partilhou na Missa de envio ser o “sonho da paz” no mundo. Lembrando que os jovens são “símbolo da paz” porque “sinal da paz para o mundo”, as animadoras Inês Agostinho e Maria Neto, do Setor da Pastoral Juvenil da Diocese do Algarve, lançaram perguntas sobre o tema.
“Acreditas que a paz começa dentro de cada pessoa? Achas que é possível haver paz no mundo sem justiça? Consideras que a paz é mais importante que o dinheiro? Pensas que perdoar alguém contribui para a paz? Acreditas que Deus é a fonte de paz? Achas que a violência é, às vezes, uma solução? Achas que a paz mundial é responsabilidade de todos? Concordas que a paz está relacionada, também, com o respeito pelo outro? Achas que a paz pode ser alcançada sem diálogo entre as pessoas?”, foram algumas das questões lançadas.
Foram ainda lidos três testemunhos de jovens sobre o sonho da paz, um com incidência sobre a paz na família, outro sobre a paz no mundo e o terceiro sobre a paz interior.
O bispo do Algarve, que presidiu ao encontro, evidenciou aos jovens a diferença do conceito de paz para o mundo e para os cristãos. “A paz no mundo é muito diferente da paz que nos trouxe Jesus”, constatou D. Manuel Quintas, considerando que “a paz do mundo é dispendiosa porque se apoia na força das armas”. “Chamam-lhe bombas inteligentes. Como é que uma bomba pode ser inteligente?”, questionou, considerando que “pôr a inteligência ao serviço da morte é uma aberração”.
“A paz que nos vem de Deus, pela pessoa de Jesus, é uma paz que é dom, que é gratuita. Para acolher esse dom basta abrir o nosso coração e a nossa vida e descobrimos que Cristo é a nossa paz”, referiu, contrapondo que “a paz que o mundo procura é uma paz egoísta”. “Sentimo-nos bem e não nos preocupamos se os outros se sentem mal. Estamos em paz com quem vive à nossa volta e não nos preocupamos com os outros que não vivem em paz”, lamentou.
O responsável católico lembrou que “a paz na sua origem quer dizer muito mais do que ausência de guerra”. “É paz que é pacificação interior, mas também à nossa volta. É paz que nos compromete: se recebemos esse dom pela pessoa de Cristo, temos de o fazer frutificar na nossa vida, temos de partilhá-lo à nossa volta”, complementou, acrescentando: “viver em paz não deve ser o mesmo que descomprometer-se em construir a paz à nossa volta e fazer tudo para que esta paz seja dom para todos”.
O bispo do Algarve concluiu assim que “esta paz não se apoia na força das armas, mas na força do amor”. “Amor que é perdão, reconciliação, acolhimento, compreensão, tolerância, compromisso em estar atentos a todos aqueles que nos rodeiam e que faz de nós, não apenas pacíficos, mas pacificadores”, sustentou, desafiando os jovens a acolherem a paz como “o grande dom pascal de Cristo ressuscitado”. D. Manuel Quintas frisou que “aqueles que são os artífices da paz nunca podem perder a esperança de construir a paz”. “Não podemos deixar cair os braços”, pediu.
O bispo do Algarve citou ainda um trecho da mensagem “muito atual” do Papa São João Paulo II para o Dia Mundial da Paz em 1985 com o tema “Os jovens e a Paz caminham juntos”, considerando que “o Papa Francisco está a confirmar o quanto em 1985 o Papa João Paulo II, com tanta energia, dirigiu aos jovens”.
Houve ainda um momento em pequenos grupos, para partilha de “uma experiência de paz ou ausência dela” e do que pode cada um “fazer para ser um símbolo da paz”. No final do tempo de escuta e partilha, cada grupo resumiu numa palavra a experiência vivida no momento de partilha e escreveu-a numa pomba de papel.
Ao longo do fim de semana, a participação do Algarve naquele encontro nacional incluiu também a disponibilidade do assistente do Setor Diocesano da Pastoral Juvenil, o padre Samuel Camacho, para administrar o sacramento da Confissão.
O “Rejoice!” foi organizado pelo Serviço da Juventude do Patriarcado de Lisboa e pelo Departamento Nacional da Pastoral Juvenil da Conferência Episcopal Portuguesa, com o apoio da Fundação JMJ Lisboa 2023, da Câmara Municipal de Lisboa, da Junta de Freguesia do Parque das Nações e da Universidade de Lisboa.
Folha do Domingo