A Sessão Solene do Dia do Município, este domingo realizada, juntou no auditório do Centro Cultural de Lagos, para os homenagear, os autarcas que exerceram funções na presidência dos órgãos do município e como presidentes de junta de freguesia desde 1974, primeiramente no âmbito das comissões administrativas e, depois de 1976, como eleitos locais.
A cerimónia comemorativa da efeméride mais simbólica de Lagos, que acontece anualmente a 27 de outubro, feriado municipal, foi o contexto ideal encontrado pelos autarcas atualmente em exercício de funções para prestar o justo e devido reconhecimento público aos antigos autarcas pelo papel fundamental que tiveram na consolidação de regime democrático em Portugal, na afirmação dos valores de Abril e na concretização de um infindável número e diversidade de investimentos e atividades que determinaram o desenvolvimento do território e o bem-estar da comunidade local.
Foram cerca de 50 as personalidades locais recordadas e distinguidas, algumas das quais, já falecidas, representadas por familiares. Nas suas pessoas foi homenageado um número ainda mais vasto de homens e mulheres autarcas que integraram as equipas dos sucessivos executivos, assim como as assembleias municipais e de freguesia que em Lagos, ao longo dos 50 anos de democracia em Portugal, ajudaram a dar voz aos anseios das populações.
Na intervenção proferida durante a cerimónia, o presidente da Câmara, sublinhou a proximidade entre eleitores e decisores políticos como sendo, precisamente, “a grande bandeira do Poder Local Democrático e o que o diferencia das demais instâncias de poder, assim como o conhecimento das singularidades do território e a capacidade de auscultar e dialogar com as populações, interpretando o sentimento e a vontade da comunidade”. Hugo Pereira agradeceu, por isso, aos antigos autarcas a sua dedicação e o trabalho que fizeram em prol do concelho e das suas gentes, dignificando a missão de serviço público.
As virtudes do Poder Local Democrático na construção e afirmação do edifício institucional desenhado pela Constituição da República foram igualmente destacadas pela presidente da Assembleia Municipal, que – acrescentou – “falta implementar as regiões administrativas para completar a obra então projetada”. Recordando como era Lagos e Portugal antes de 1974, “com fome de pão, de paz, de liberdade e de dignidade”, sem infraestruturas e afetado pelo êxodo emigratório, Joaquina Matos lembrou a importância de se revisitar e compreender o passado para melhor contextualizar o enorme trabalho desenvolvido por quem tanto deu de si à vida autárquica, considerando que estes ensinamentos ajudam a vencer os novos desafios.
Os homenageados receberam uma medalha comemorativa dos 50 Anos do 25 de Abril e um diploma que exprime o reconhecimento público do município pelo contributo que deram em prol da democracia autárquica.
A cerimónia contou também com um momento musical, interpretado pelo duo composto por Ricardo Batista (guitarra clássica) e Tiago Santos (clarinete), e com a projeção de dois vídeos, o primeiro dos quais (“Feitos de Silêncio”) produzido no âmbito de um projeto criativo que reuniu várias gerações e registou as suas memórias do tempo da ditadura, marcado pelo silêncio e pela ausência de direitos, e um segundo registo audiovisual que procurou condensar em poucos minutos alguns dos principais marcos do desenvolvimento do concelho ao longo destes últimos 50 anos.