Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo
Teólogo Juan Ambrosio lembrou que a «identidade e agir cristãos» devem ser «marcados pela alegria e pela esperança»

10:00 - 03/11/2024 ALGARVE
O teólogo Juan Ambrosio disse no passado sábado, 26 de outubro, aos membros do Movimento da Mensagem de Fátima (MMF) no Algarve que a «identidade e o agir cristãos» devem ser «marcados pela alegria e pela esperança» e assentar no «tripé» constituído pelo «anúncio da palavra, celebração da fé e serviço da caridade».

Na assembleia diocesana do MMF, que teve lugar em Faro nas instalações da paróquia de São Luís, aquele docente da Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa, que abordou o tema “Peregrinos alegres na esperança com Maria”, deixou claro que “a identidade cristã, alegre e esperançosa, é algo que marca a ação, a visão e é a marca de água do cristão”.

Ambrosio realçou que “a identidade cristã também é um processo dinâmico e relacional de encontro com Jesus Cristo”. “Às vezes pensamos que a identidade cristã se reduz a acreditar num conjunto de normas, a traduzir-se num conjunto de ações e é verdade. Mas elas têm de ser no decorrer de uma experiência de encontro com Jesus Cristo”, referiu, advertindo que ela tem de ser feita em comunidade. “A fé cristã tem de ser sempre declinada na primeira pessoa do singular e na primeira pessoa do plural. Simultaneamente”, declarou.

O teólogo defendeu que “onde há uma comunidade cristã a vida tem de ser impactante”. “Tem de haver vida e vida em abundância. E não é só para os cristãos. É para toda a gente onde essa comunidade está localizada”, referiu, acrescentando que é missão é a de “habitar e transformar o mundo à luz do Evangelho de Jesus Cristo, alegres e peregrinos na esperança”. “Pensar as vossas realidades sem pensar em habitar o mundo e transformá-lo não vos leva a lado nenhum. Temos de não ter medo para habitar o mundo para transformá-lo à luz do Evangelho, alegres e peregrinos na esperança”, sustentou.

O orador defendeu que “a fé não pode ser vivida pondo de lado a vida”. “A vida é um lugar teológico. É um lugar onde e a partir de onde se vive a experiência da fé, do encontro com Jesus Cristo”, afirmou, acrescentando que “as comunidades cristãs têm de se empenhar na sua presença no espaço público, na sociedade” porque “estão aí os destinatários da sua missão”. No entanto, advertiu que “não basta à fé cristã reivindicar uma presença pública no âmbito da sociedade”. “É preciso que saiba o que fazer com ela”, alertou.

Ambrosio considerou que essa missão deve ser organizada a partir das periferias. Lembrando o exemplo de Maria, o teólogo evidenciou que a Mãe de Jesus “não só se dispõe a servir como vai ao encontro”. “Deixemos que Maria nos inspire naquilo que são as atitudes e o olhar que precisamos de ter para ser alegres e peregrinos na esperança”, pediu.

“Temos de ser uma Igreja descentrada, não autorreferencial e em saída”, acrescentou, citando o pensamento do Papa Francisco. “Talvez tenhamos de aprender a ser uma Igreja poliédrica, que se vai desenhando, estruturando e caminhando de uma maneira poliédrica conforme as culturas, os territórios, as geografias onde está inserida, sempre a partir do encontro com Jesus Cristo, mas atenta ao concreto”, completou.

 

Folha do Domingo