No aprofundamento que apresentou no passado dia 5 deste mês sobre a bula do Papa Francisco de proclamação do Jubileu 2025, o cónego Carlos de Aquino destacou oito «desafios espirituais» que vêm destacados naquele documento e «que convidam a uma profunda transformação pessoal e comunitária».
“A bula propõe-nos a esperança como uma força transformadora que guia os cristãos a um testemunho autêntico de fé num mundo em constante mudança”, afirmou o sacerdote da Diocese do Algarve, que foi o orador da primeira de três noites de reflexões previstas de preparação para o Jubileu do próximo ano, explicando que o primeiro desses desafios é o de os cristãos serem “sinais e comunicadores desta esperança” “num mundo em desespero” e “em tempos marcados por crises sociais, políticas, económicas ou ambientais”.
Na sua intervenção sobre o tema “«A Esperança não engana»: o sentido do Jubileu à luz da Bula do Papa Francisco”, que teve lugar em Faro no salão paroquial de São Luís, o sacerdote explicou que o pontífice propõe “atenção maior aos que estão privados de liberdade” e “pede aos governos que neste Ano Jubilar se possam tomar iniciativas que lhes restituam esperança” como a “amnistia, perdão da pena, ajuda na recuperação da confiança em si mesmos, ou percursos de reinserção comunitária”. O orador lembrou que Francisco tomou mesmo a “iniciativa de abrir também uma porta santa na prisão”.
O cónego Carlos de Aquino realçou que o segundo desafio é o de enfrentarem a “cultura da indiferença”, especialmente em relação aos “mais vulneráveis, como os migrantes, os pobres e os marginalizados”, “rompendo o isolamento individualista e o egoísmo” e vencendo “intolerâncias, xenofobismos, racismos, populismos”. O cónego Carlos de Aquino prosseguiu, explicando que a superação dos “medos” com a “confiança na providência de Deus” é outro dos propósitos, tal como aprenderem a “transformar o sofrimento em testemunho”.
O sacerdote explicou ainda que “os cristãos são chamados a iluminar as trevas do mundo, especialmente em contextos de guerras, violência e exclusão social”, sendo “importante” que promovam “iniciativas de reconciliação e paz”.
A renovação das comunidades cristãs foi outros dos aspetos enumerados. “Esta bula convida a Igreja a ser mais aberta, acolhedora e centrada na missão de Cristo, a ser inclusiva e não exclusiva, superando divisões internas e burocratizações que abafam sempre o Espírito e a verdade fresca do Evangelho”, afirmou.
O orador disse ainda ser “fundamental” aprofundarem a “relação com Deus pela oração”. “A oração é apresentada como um caminho essencial para renovarmos a esperança”, sustentou, acrescentando a necessidade de testemunharem a “alegria do Evangelho”, “especialmente nos tempos de crise”.
Na sua reflexão, o sacerdote realçou que “o Papa deseja que seja um Jubileu marcado e vivido pelo dom e virtude da esperança” e que Francisco realça que a “paciência”, que convida a cultivar, é a “virtude parente da esperança”.
O cónego Carlos de Aquino lembrou ainda que a bula é estruturada em cinco partes e que nela o Papa também fala da importância de valorização do sacramento da Penitência.
A segunda noite de reflexão e de preparação para a vivência do Jubileu 2025 terá lugar pelas 21h no próximo dia 12 deste mês no salão paroquial da Luz de Lagos e contará com reflexão do cónego Mário de Sousa sobre o tema “O Jubileu na História da Salvação e à luz da Palavra de Deus” e a terceira decorrerá, também pelas 21h, no Centro Pastoral de Pêra no dia 18 deste mês e contará com reflexão do padre Rui Fernandes, sacerdote jesuíta, sobre o tema “Um Jubileu sobre a Esperança… Porquê?”.
Estas palestras – cuja participação pode ser feita presencialmente e ou através da transmissão digital feita nos canais digitais da diocese – inserem-se num conjunto de iniciativas, promovidas pela Diocese do Algarve no âmbito da sua proposta de preparação para o Jubileu 2025, a levar a cabo no presente tempo do Advento.
Folha do Domingo