Por: Padre Carlos Aquino | effata_37@hotmail.com
Caríssimos Jumentos, estimados irmãos,
O mês de dezembro é sempre muito significativo para vós, desde há vinte e um séculos, quando um vosso descendente foi figura humilde e significativa na narrativa do primeiro Natal. Hoje já poucos o recordam e fazem memória desse acontecimento. Substituíram-no por pais natais, dando pouca importância ao Menino, origem do verdadeiro Natal. O Natal agora é celebrado com aldeias encantadas cheias de neve, onde os ratos, os ursos e figuras mágicas são gigantes. Mas vós, nesta quadra, nos convidais a meditar sobre a verdade do Natal, a simplicidade, o serviço e o papel dos mais humildes nos grandes planos de um Deus que se fez pequenino na Criança do Presépio.
Como jumentos, também conhecidos por asnos, sempre fostes animais comuns, sem prestígio, utilizados pelos mais pobres para transporte e trabalho pesado. E sempre cumpristes a vossa tarefa no silêncio e na abnegação duma vida doada por amor. No entanto, na história do Natal, vos tornais uma peça fundamental ao terdes carregado Maria, grávida de Jesus, em sua jornada para Belém. Isso vem lembrar que Deus frequentemente escolhe os pequenos e humildes para realizar a Sua obra. E há, felizmente, tantos neste mundo. Vós nos desafiais a abraçar a nossa própria simplicidade e a reconhecer que, independentemente de quão "insignificantes" possamos nos sentir, Deus tem sempre um propósito para cada um de nós. Estaremos nós dispostos a servir, mesmo em tarefas aparentemente pequenas ou sem glória? Vós trabalhais sem reclamar, em silêncio e constância.
Não buscais reconhecimento, mas cumpris a vossa tarefa com fidelidade. Assim nos lembrais de que o verdadeiro serviço não busca aplausos ou recompensas, mas deve ser oferecido com amor, humildade e dedicação. O vosso exemplo no Natal pode nos inspirar para aprendermos a bem servir a Deus e ao próximo com um coração disposto e humilde. Estamos nós dispostos a carregar o "peso" por amor a Deus e ao próximo? Embora sejais considerados uma figura secundária, também estivestes presentes no estábulo em Belém, ao lado de Maria, José e Jesus. A vossa presença silenciosa aponta para a importância de estar onde Deus age, mesmo que num papel discreto, a cultivar uma postura de presença contemplativa, reconhecendo a santidade dos momentos simples e quotidianos. Não devemos esquecer, que na tradição bíblica, sois também considerados um símbolo de paz, contrastando com o cavalo, um animal associado à guerra.
O próprio Jesus, o Menino do Natal, entraria um dia, já crescido, em Jerusalém, montado em um jumento, sinalizando a Sua missão pacífica. No Natal, vós nos lembrais que o nascimento desse Menino, o Cristo, traz a paz ao mundo, e somos chamados a ser instrumentos dessa paz. Como posso ser um agente de paz e paciência na minha vida quotidiana? No Natal nos ensinais que Deus valoriza os pequenos, os humildes e os dispostos a servir e nos desafiais a cultivar um coração simples e uma presença contemplativa diante dos mistérios divinos. Assim como um de vós carregou Maria até Belém, também hoje, nos chamais a carregar a Criança em nossa vida, espalhando a Sua luz e amor ao mundo. Que possamos aprender convosco a sermos instrumentos de Deus na simplicidade e no serviço fiel do amor e da paz!