Maioria das vítimas de Enfarte Agudo do Miocárdio ignora os sintomas e não liga 112

09:31 - 01/06/2015 SAÚDE
O Tiago achou que aquele mal-estar geral era passageiro. Desvalorizou a dor no peito acompanhada de suores, náuseas e falta de ar. Pensou «isto já passa…», e decidiu ir deitar-se. Mas não passou e na manhã seguinte a dor era insuportável, pelo que foi de carro até ao Hospital. Ainda lá chegou com vida, mas tinha perdido muito tempo e os médicos pouco puderam fazer. O Enfarte fez mais uma vítima.

Apenas 37% dos doentes que Sofreram Enfarte Agudo (EAM) do Miocárdio recorrem ao Número Europeu de Emergência – 112 para ter a necessária assistência médica pré-hospitalar e o encaminhamento para o hospital adequado ao seu tratamento. E 46% destes doentes dão entrada no serviço de urgência de hospitais que não têm capacidade para realizar uma Angioplastia Primária, o tratamento mais eficaz para o EAM.

São estas algumas das conclusões do inquérito que a iniciativa Stent For Life Portugal realiza anualmente e que são hoje divulgados. Ao longo de um mês todos os dados de doentes que sofreram um EAM são exaustivamente analisados, com vista a identificar os fatores que influenciaram o tratamento.

Assim, verifica-se que importa melhorar de forma significativa o recurso ao 112. O Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) dispõe de profissionais qualificados para identificar precocemente o EAM e assegurar que as várias entidades intervenientes na emergência médica pré-hospitalar transportam o doente para um hospital que disponha de Unidade de Hemodinâmica onde possa ser realizada a Angioplastia Primária.

Para que a Angioplastia Primária possa ser eficaz é fundamental que este procedimento seja efetuado idealmente até 90 minutos após início dos sintomas. Nos casos em realizam a Angioplastia Primária no intervalo de tempo considerado ideal estes doentes recuperam praticamente sem sequelas, permitindo que venham a ter uma vida perfeitamente normal.

Para Hélder Pereira, coordenador da iniciativa Stent For Life Portugal, “este atraso no tratamento dos doentes verifica-se sobretudo porque a população continua a desconhecer quais são os sintomas do Enfarte”. E mesmo nos casos em que o doente sabe quais são os sintomas, “verifica-se que há uma desvalorização dos mesmos, fica-se na expetativa que não seja nada de grave e que a dor no peito acabe por desaparecer, o que significa que se perde tempo precioso para a realização do tratamento”, frisa ainda o médico cardiologista.

A dor no peito é o sintoma mais comum no EAM e é muitas vezes descrita como uma sensação de pressão, aperto ou ardor. Esta dor pode também ocorrer noutras partes do corpo (geralmente no braço esquerdo, pescoço ou queixo) e é acompanhada de falta de ar, náuseas, vómitos, batimentos cardíacos irregulares, suores, ansiedade e sensação de morte eminente.

“Logo desde o início dos sintomas é importante ligar 112 e não tentar chegar a um hospital pelos seus próprios meios ou com a ajuda de familiares”, aconselha Hélder Pereira. Conhecer e compreender os sinais de um Enfarte permite agir rapidamente e procurar ajuda médica, pois a cada minuto que passa o risco de morte aumenta. As doenças cardiovasculares como o EAM continuam a ser uma das principais causas de morte em Portugal.

A campanha “NÃO PERCA TEMPO. SALVE UMA VIDA - o enfarte não pode esperar!”, integrada na Iniciativa Europeia Stent for Life, foi trazida em 2011 para Portugal pela Associação Portuguesa de Intervenção Cardiovascular, organização que integra a Sociedade Portuguesa de Cardiologia. O objetivo é sensibilizar a população para os sinais e sintomas do Enfarte e para a necessidade de ligar 112, diminuindo assim o número de mortes provocadas por esta doença. Saiba mais em: www.stentforlife.pt.

 

Por Sociedade Portuguesa de Cardiologia