Num país envelhecido, às crianças está a ser “roubado” o direito a serem… crianças.

Os indicadores de pobreza demonstram que, fruto das medidas de austeridade, as crianças foram aquelas que mais têm sofrido com a crise. O aumento do número de crianças a viver abaixo de limiar de pobreza reflete-se no estado de desnutrição, na fome, no aumento de violência que são vítimas.

A retirada e/ou diminuição dos abonos de família, a perda de rendimento das famílias, o aumento do desemprego, a perda de habitação própria, o aumento do abandono escolar, a diminuição dos apoios nas escolas são fatores de aumento das iniquidades que devem preocupar todos os portugueses.

As consequências vão ser devastadoras num futuro próximo: a verticalidade da pobreza, ou seja, filhos de pobres serão, potencialmente, adultos pobres e sem “ferramentas” de autoestima e valorização.

Portugal corre o risco de ser um país velho, mais pobre e menos solidário.

É por isso que são vergonhosas as propostas do Governo para o apoio à natalidade. Que adianta permitir que os pais possam estar mais tempo com os filhos se lhes é retirado, ainda mais, parte do seu rendimento. Na verdade o que o Governo está a propor é “ficam com os vossos filhos mas ficam sem dinheiro para lhes dar de comer”.

Pelo futuro de Portugal e para que se possam voltar a ouvir os risos das crianças são precisas medidas efetivas de apoio à natalidade, aumento dos salários, emprego e estabilidade no emprego e retomar os abonos às famílias.

Neste dia Mundial da Criança, o SEP reafirma a sua preocupação com o aumento do número de crianças que chegam aos serviços de saúde com indícios de fome e desnutrição. Congratula os enfermeiros que, estando na linha da frente, desempenham um papel fundamental na identificação e sinalizando estas situações.

 

Por: SEP – Sindicato dos Enfermeiros Portugueses