Já me sinto apertada

14:00 - 08/02/2025 OPINIÃO
POESIA por Natália Dias Pereira Salvador Sousa
Consciente de que o tempo de vida que me resta é naturalmente curto.
Curto para dar satisfação à ânsia de fazer e expor o que muito gostaria.
Curto para que antes que eu parta, algo aconteça que me faça acreditar na possibilidade deste mundo ter paz. Que brote de cada alma, de cada criatura, todos os motivos para um mundo equilibrado, justo, feliz.
Um mundo menos dominado pelos artifícios, um mundo com menos indiferença pelo sofrimento de tudo o que sofre.
Nas largas décadas em que preenchi completamente o meu tempo com o excesso de trabalho profissional, e tanto mais, o que teria eu escrito se nesses tantos anos me tivesse à escrita dedicado?
Ainda hoje continuo a preencher o meu tempo de forma habitual, mas com as capacidades reduzidas.
Tal como não se pode morrer de duas mortes, também não pude nem posso entregar-me de forma dedicada ao que muito anseio.
Contudo, dar-me-ei por feliz por tudo o que desempenhei na minha vida.
 
Quem morrerá satisfeito?
Quem morrerá feliz?
Quem por sorte tenha feito
O bem que pôde
E aquilo que quis?