O cardeal D. Américo Aguiar presidiu em Loulé no passado sábado, 08 de fevereiro, ao Jubileu da Proteção Civil e dos Bombeiros do Algarve no Santuário de Nossa Senhora da Piedade, popularmente invocada como «Mãe Soberana».
O capelão-mor da Liga dos Bombeiros Portugueses fez questão de agradecer aos Bombeiros, aos operacionais da Proteção Civil, das Forças de Segurança e das Forças Armadas pelo trabalho que fazem e pela missão que exercem que “tem muito valor”, ainda que possa “não significar isso no recibo no fim do mês” porque, “por ventura, devia ter mais zeros”. “Não é esse agradecimento que queremos fazer. É o agradecimento em razão da missão. É o agradecimento que vem do coração”, esclareceu.
Na celebração jubilar, que contou com a bênção dos capacetes daqueles operacionais, promovida em colaboração pela Diocese do Algarve, pela Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, pela Federação dos Bombeiros do Algarve e pelas paróquias de Loulé e de Silves, D. Américo Aguiar lembrou aqueles que tanto militares da GNR, como bombeiros, “tantas vezes dão a vida”. “Isto não tem preço. Não é possível pagar o justo a homens e mulheres que estão no seu posto e que, quando são chamados, se esquecem deles próprios e vão para um acidente de automóvel, para um incêndio, para o mar encrespado. Temos de agradecer muito a estes homens e a estas mulheres e às suas famílias”, afirmou, lembrando o “sacrifício das famílias que, na retaguarda, vivem” a “ausência” e, por vezes, o “sofrimento” da “partida em situações de morte, de doença ou invalidez em razão do socorro ou da atividade”.
“Qual é a razão que vos leva a dar a vossa vida por desconhecidos que possam precisar da vossa ajuda?”, questionou, considerando que o ato de pôr a vida em risco ultrapassa a “razão racional” para estar ao serviço, “como diz o Papa Francisco, de todos, todos, todos”. “Isto é qualquer coisa que significa o coração grande que cada um de vocês tem. Posso arriscar que sois boas pessoas, porque só uma boa pessoa é capaz de pôr a sua vida ao serviço dos outros”, sustentou, acrescentando que “ser boa pessoa também significa ser tocado por Deus”. “Há uma centelha de Deus no vosso coração”, completou.
O capelão-mor da Liga dos Bombeiros Portugueses lembrou que no “mais recôndito lugar do território de Portugal Continental ou ilhas” é possível “encontrar homens e mulheres bons que disponibilizam a sua vida para socorrer os irmãos”. “Em muitas áreas do nosso país há homens e mulheres em alerta total para qualquer ocorrência em que possa ser necessário acionar a vossa presença, o vosso serviço e a vossa dedicação”, prosseguiu.
“Agradecemos muito. A todos e a cada um não temos maneira de retribuir, a não ser dizer que todos os dias rezamos por todos e por cada um e pedimos que Deus providencie o melhor para cada um de vocês, para as vossas famílias para as vossas corporações, para os vossos serviços, para os vossos municípios e para esta amada terra do Algarve. E por isso, o que estamos aqui a fazer – eu, o senhor bispo do Algarve, as diversas autoridades – é dizer a cada um de vocês: obrigado!”, desenvolveu.
O cardeal disse ainda ser “muito bom” homenagear aqueles operacionais em vida. “Que bom que é podermos estar aqui, não na Missa de Corpo Presente de alguém que tenha falecido no exercício da função. Que bom que é estarmos aqui vivos para dizer obrigado a cada um de vocês. É mais fácil homenagearmos os mortos. Não é tão normal agradecermos aos vivos”, constatou.
D. Américo Aguiar, que pediu ainda a proteção da “Mãe do céu”, a «Mãe Soberana», para todos os presentes e para as suas famílias, quis ainda agradecer às autarquias “o quanto são sensíveis a dedicar uma fatia significativa dos seus orçamentos para a Proteção Civil”, reconhecendo o “investimento feito nas últimas décadas no Algarve”.
Aquele responsável agradeceu ainda o “caminho” conjunto feito nas últimas décadas no âmbito da Autoridade Nacional de Emergência Proteção Civil e a todos pela “ajuda, empenho e dedicação” na Jornada Mundial da Juventude em Lisboa.
O bispo do Algarve, que concelebrou a Eucaristia, agradeceu ao cardeal por ter acedido ao convite para presidir à celebração. D. Manuel Quintas saudou o comandante do Comando Regional de Emergência e Proteção Civil (CREPC) do Algarve e quantos estão ligados a ele.
O bispo diocesano lembrou que “a resposta pronta a emergências, a proteção e segurança de pessoas e bens, a coragem e o empenho em mitigar e resolver situações difíceis, a reabilitação e recuperação de comunidades afetadas, a prevenção aos mais diversos níveis, o incentivo para o voluntariado e formação para uma cidadania ativa e responsável constituem alguns dos atributos que fazem dos bombeiros não só soldados da paz, como também um verdadeiro sinal de esperança em tantas situações de desespero e sofrimento humano”.
D. Manuel Quintas desejou que aquela Eucaristia ajudasse todos a “ser melhores bombeiros, sempre mais atentos às necessidades do próximo”.
Já o comandante do CREPC, Vítor Vaz Pinto, agradeceu pela organização e pela presença de todos e entregou uma lembrança a D. Américo Aguiar.
Por fim, o capelão dos Bombeiros do Algarve, padre Rafael Rocha, que antes de sacerdote também foi bombeiro, também quis agradecer ao presidente da celebração e ao CREPC.
No final da Eucaristia foram benzidos terços que depois foram oferecidos aos comandantes de cada corporação. O principal santuário mariano também fez a oferta de uma lembrança às diversas corporações do Algarve presentes e à dos Bombeiros Voluntários de Arraiolos de que o padre Rafael Rocha fez parte e que também marcou presença.
Depois da Missa, concelabrada também pelo pároco de Loulé, cónego Carlos de Aquino, e pelo cónego Manuel Rodrigues e pelos padres Fábio Pedro, Flávio Martins e Getúlio Bica e servida pelos diáconos Albino Martins e Bruno Valente, foi realizada a bênção de diversas viaturas e, no Centro Paroquial de Loulé, teve lugar um lanche.
Antes da Eucaristia, o capelão-mor da Liga dos Bombeiros Portugueses fez ainda uma visita ao Comando Regional de Emergência e Proteção Civil do Algarve e à Base de Helicópteros em Serviço Permanente de Loulé.
A Igreja Católica está a celebrar neste ano de 2025, o 27.º jubileu ordinário da história, por iniciativa do Papa Francisco, que o dedicou ao tema da esperança.
Folha do Domingo
