Volta ao Algarve: Colégio de Comissários anula primeira etapa após falha na chegada

09:02 - 20/02/2025 DESPORTO
O Colégio de Comissários da 51.ª Volta ao Algarve anulou ontem a primeira etapa da corrida após um problema na chegada a Lagos ter dividido o pelotão, levando dezenas de ciclistas a falhar a passagem na meta.
“O presidente do colégio de comissários cancelou a etapa. É mais do que legítimo, justo, é natural, e a forma mais justa de continuarmos com a Volta ao Algarve. A organização teve uma falha, as imagens estão gravadas. Temos lá um bandeira amarela que não atuou a tempo. Os ciclistas vêm a alta velocidade, se calhar deviam estar dois. A própria PSP deveria fazer o seu papel, nota-se nas câmaras que não fez. Vamos manchar a Volta ao Algarve com uma situação destas”, explicou aos jornalistas o presidente da Federação Portuguesa de Ciclismo (FPC), Cândido Barbosa.
O italiano Filippo Ganna (INEOS) cruzou a meta em primeiro lugar, ainda que, numa estrada paralela, dezenas de ciclistas do pelotão tenham passado pela mesma zona, após uma falha na marcação de estrada os ter ‘desencaminhado’ da reta da meta.
 

 


 

 
Volta ao Algarve: Um erro de sinalização 'anulou' a vitória 'correta' de Ganna
 
Um erro de sinalização ‘anulou’ ontem a primeira etapa da Volta ao Algarve em bicicleta, com Filippo Ganna, o primeiro a cortar a meta, a recusar vestir a simbólica amarela, num arranque para esquecer da 51.ª edição.
Uma falha de sinalização na última rotunda antes da meta levou dezenas de ciclistas, nomeadamente os principais sprinters do pelotão, a saírem pelo desvio dos carros, pedalando paralelamente à meta, mas do lado errado das baias, que alguns haveriam mesmo de saltar, numa imagem que perdurará, pela negativa, na história da ‘Algarvia’.
Indiferente ao erro dos outros, o italiano da INEOS seguiu o percurso e cortou o risco de meta em primeiro, festejando um triunfo que lhe viria a ser retirado pelo colégio de comissários.
“Segui a via correta. […] Não é problema meu que outros ciclistas sigam o percurso errado. Eu ganhei”, defendeu Ganna, ainda antes de saber que a etapa tinha sido anulada.
O ciclista da INEOS recusou, então, subir ao pódio para envergar simbolicamente a amarela, numa jornada para esquecer para os organizadores, mas também para os sprinters, que viram escapar uma das suas duas previsíveis possibilidades de erguer os braços nesta 51.ª edição.
“O presidente do colégio de comissários cancelou a etapa. É mais do que legítimo, justo, é natural, e a forma mais justa de continuarmos com a Volta ao Algarve. A organização teve uma falha, as imagens estão gravadas. Temos lá uma bandeira amarela que não atuou a tempo. Os ciclistas vêm a alta velocidade, se calhar deviam estar dois”, declarou o Cândido Barbosa, o presidente da Federação Portuguesa de Ciclismo, responsável pela organização da corrida.
O caos do final fez esquecer tudo o que ficou para trás, mas, antes dos desastrosos metros finais, o pelotão percorreu 192,2 quilómetros entre Portimão e Lagos.
Estavam decorridos apenas dois quilómetros e já Gonçalo Oliveira (Anicolor-Tien21), Francisco Morais (Tavfer-Ovos Matinados-Mortágua), Victor Cesar de Paula (Feirense-Beeceler), Miguel Salgueiro e Francisco Campos (AP Hotels&Resorts-Tavira-Farense), Noah Campos (Gi Group-Simoldes-UDO), Diogo Narciso (Credibom-LA Alumínios-MarcosCar) e Nicolás Tivani (Aviludo-Louletano-Loulé) estavam na frente.
Os oito homens das equipas portuguesas trabalharam bem para construir uma vantagem que se chegou a aproximar dos quatro minutos, mas que foi paulatinamente anulada pelas formações dos sprinters.
Para tentar manter viva a escapada, Miguel Salgueiro atacou e Francisco Morais seguiu-o momentaneamente, com o ciclista da AP Hotels&Resorts-Tavira-Farense, que já no ano passado deu nas vistas na ‘Algarvia’ na etapa que acabou em Tavira, a ‘sobreviver’ na frente até à entrada nos derradeiros 20 quilómetros.
“No final do dia, sabia que o meu trabalho era arrancar e tentar ser o mais combativo. Assim fiz, foi um dia bastante positivo para nós”, resumiu o português.
O pelotão abordou cautelosamente a técnica aproximação à Avenida dos Descobrimentos, feita por estradas estreitas, com Jonas Vingegaard (Visma-Lease a Bike) e Geraint Thomas (INEOS), os dois vencedores da Volta a França presentes na ‘Algarvia’, o campeão nacional de fundo Rui Costa (EF Education-EasyPost) e o Prémio Prestígio Julian Alaphilippe (Tudor) a colocarem-se na frente para ‘abrandarem’ o ritmo e evitar percalços.
Quando a estrada melhorou, os candidatos à vitória na etapa inaugural foram assomando, ‘rebocados’ pelos seus blocos, um trabalho deitado a perder por um erro que, como descreveu Cândido Barbosa, ‘manchou’ irremediavelmente a 51.ª Volta ao Algarve, que na quinta-feira terá a sua primeira jornada a contar nos 177,6 quilómetros entre Lagoa e o Alto da Fóia, onde está instalada uma contagem de categoria especial.
 

 

 
Volta ao Algarve: Rui Oliveira lamenta ter perdido oportunidade por erro da organização 
 
Rui Oliveira lamentou ontem não ter podido lutar por uma vitória na Volta ao Algarve em bicicleta devido a um erro da organização, notando que o lado direito da estrada estava aberto ao contrário do que acontecia anteriormente.
O português da UAE Emirates foi aquele que mais sonoramente protestou assim que concluiu, por uma via ‘alternativa’, a anulada primeira etapa da 51.ª edição da ‘Algarvia’.
“Não sei como aconteceu. Em todos os anos, está sempre fechado o lado direito, este ano estava aberto. Não sei. Obviamente, se só temos de ir para um lado, tinham de fechar o lado direito. Nos outros anos, havia sempre o lado direito fechado, ninguém conseguia ir”, explicou à agência Lusa.
O campeão olímpico de madison descreveu o que viveu na chegada à Avenida dos Descobrimentos em Lagos, onde o pelotão se partiu em dois e dezenas de ciclistas seguiram por uma via paralela ao percurso correto.
“Não percebi o que tinha acontecido. Depois, no final, consegui ver que o lado esquerdo era o lado correto. Mas se está aberto e os primeiros foram por lá… uma pessoa só segue a estrada. A estrada está aberta, é por onde temos de seguir”, insistiu.
Questionado pela Lusa sobre se sentiu que perdeu hoje uma das escassas oportunidades para lutar por uma vitória em etapa nesta edição da Volta ao Algarve, Oliveira respondeu com um rotundo “claro”.
“Estava nos primeiros e, obviamente, quando começámos a lançar o sprint, todos ficámos confusos, porque estavam pessoas no meio da estrada, não havia meta, não havia pórtico”, revelou.
Primeiro a cortar a meta em Lagos, o italiano Filippo Ganna (INEOS) ainda celebrou a vitória, mas viu o colégio de comissários anulá-la a posteriori, já depois de ter falado com os jornalistas declarando-se vencedor.
“A minha opinião é que ganhei, simplesmente isso”, disse, defendendo que, se a sinalização fosse confusa, todos os ciclistas teriam seguido pela direita.
Com a primeira etapa anulada, a Volta ao Algarve a contar começa na quinta-feira, com a segunda tirada a ligar Lagoa e o Alto da Fóia, onde está instalada uma contagem de categoria especial após 177,6 quilómetros.
 

 

 
Volta ao Algarve: Cândido Barbosa assume «engano claro» da organização 
 
Um «engano claro por parte da organização» induziu ontem em erro os ciclistas no final da primeira etapa da Volta ao Algarve, assumiu Cândido Barbosa, considerando que a falha organizativa manchou a 51.ª edição.
“Foi uma falha organizativa. Nota-se perfeitamente”, começou por admitir o presidente da Federação Portuguesa de Ciclismo (FPC), responsável pela ‘Algarvia’.
Cândido Barbosa falava aos jornalistas após o caótico final em Lagos, onde dezenas de ciclistas seguiram pelo desvio dos carros e falharam a passagem na meta, o que levou o colégio de comissários a anular a primeira etapa.
“A organização teve uma falha, as imagens estão gravadas. Temos lá um bandeira amarela que não atuou a tempo. Os ciclistas vêm a alta velocidade, se calhar deviam estar dois [bandeiras]. A própria PSP deveria fazer o seu papel, que nota-se nas câmaras em direto que não fez”, defendeu.
O presidente da FPC concedeu que houve “um engano claro por parte da organização, que induziu os ciclistas em erros”.
“Vamos manchar a Volta ao Algarve com uma situação destas. Uma corrida deste nível, com o resultado que teve no último ano, de melhor corrida UCI ProSeries de cinco dias. Começámos mal, mas a organização fez tudo o que estava ao seu alcance. Naturalmente, esta falha deitou tudo a perder. Uma coisa mínima, mas infelizmente não tenho palavras para mais”, disse o antigo ciclista, que sucedeu em novembro a Delmino Pereira na presidência da FPC.
Barbosa recordou ainda que o presidente do colégio de comissários, o espanhol Miguel Echezortu, é “o decisor final” e que este entendeu que anular a etapa era a única solução.
“Só temos de concordar. Vamos fazer a cerimónia protocolar para determinar o vencedor virtual, e amanhã [quinta-feira] começam todos do zero. Amanhã, começa a Volta ao Algarve”, concluiu.
 
 
 
Lusa