A exposição itinerante de desenhos e poesias de reclusos do Estabelecimento Prisional (EP) de Faro, que resultou de um workshop levado a cabo o ano passado pela equipa da Pastoral Penitenciária daquela cidade, vai estar patente de 17 a 29 de março na Biblioteca Municipal.
A iniciativa, intitulada “É preciso que todas as crianças possam sorrir”, visou celebrar o Dia Mundial da Criança de 2024 e sensibilizar a comunidade para a importância dos direitos das crianças.
“Os trabalhos expostos são frutos de um workshop que decorreu entre 6 de abril e 25 de maio, no qual os reclusos tiveram a oportunidade de expressar suas emoções e criatividade através da arte. Este projeto não só proporciona um meio de reabilitação e ocupação para os reclusos, mas também serve como um poderoso lembrete do potencial transformador da arte e da importância da reintegração social”, explicou na altura a organização em nota de imprensa, acrescentando que o tema “reflete a importância de garantir que todas as crianças, independentemente das circunstâncias, possam ter momentos de alegria e felicidade”.
Os reclusos do EP de Faro escreveram ao Papa em julho do ano passado, enviando-lhe os desenhos e as poesias da sua autoria que constituíram aquela exposição e Francisco respondeu-lhes através da Secretaria de Estado do Vaticano.
O Papa agradeceu o gesto. Lembrando-lhes que “Pedro e Paulo, discípulos de Jesus, também estiveram presos”, Francisco realçou ter sido a oração que “os sustentou, não deixando cair no desespero”. “Oração pessoal e comunitária: eles rezaram e, por eles, se rezava. Dois movimentos, duas ações que geram entre si uma rede que sustenta a vida e a esperança e incentiva-nos a prosseguir o caminho”, precisa o Papa, evidenciando aos detidos no EP de Faro que a sua oração, bem como a dos seus pais e restantes familiares constitui “uma rede, que vai levando a vida para diante”.
“Conversai com o sacerdote que aí vai; conversai com todos os que vêm para falar-vos de Jesus”, pediu-lhes o Papa, acrescentando que “quando Jesus entra na vida duma pessoa, esta não fica detida no seu passado, mas começa a olhar o presente doutra forma, com outra esperança”. “A pessoa começa a ver com outros olhos a própria realidade. Não fica fechada no que aconteceu, mas é capaz de chorar e encontrar nisso a força para voltar a começar”, prosseguiu, convidando-os a “fixar o rosto de Jesus crucificado” quando se sentirem “tristes, abatidos” e a rezarem também por ele.
A mostra esteve patente nas paróquias de São Luís e de São Pedro de Faro.
A equipa – que tem como assistente o cónego Carlos César Chantre – é composta só por membros católicos – incluindo duas irmãs Missionárias da Caridade, popularmente conhecidas como irmãs de Calcutá, e por uma irmã Missionária Reparadora do Sagrado Coração de Jesus – mas tem promovido o diálogo com as outras denominações cristãs e com outras religiões para que seja também providenciada a assistência religiosa a reclusos crentes, mas não católicos.
Folha do Domingo