As novas prioridades das agendas políticas e económicas

08:59 - 09/05/2025 OPINIÃO
André Magrinho, Professor Universitário, Doutorado em Gestão | andre.magrinho54@gmail.com

Os debates entre os partidos políticos que, até à data, assistimos no quadro das próximas eleições de 18 de maio, refletem uma agenda mais orientada para o passado do que para o futuro. É como se nada tivesse mudado. Mas, a realidade é outra: a ordem internacional está a passar por uma transformação profunda, marcada pela ascensão de múltiplos centros de poder, porventura um mundo mais multipolar e menos multilateral. A multipolaridade está a substituir a hegemonia unipolar dos Estados Unidos, com países como China, Índia e mesmo a União Europeia, emergindo como potências económicas e políticas. Essa mudança está a ser impulsionada por avanços tecnológicos, pela nova fase da globalização e pela reavaliação de alianças tradicionais, como a crescente influência dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), o que desafia a hegemonia económica ocidental, promovendo uma nova dinâmica de cooperação e competição globais. Na economia internacional, observa-se uma maior interdependência entre as nações, mas também um aumento no protecionismo e nas disputas comerciais. As políticas tarifárias, como as impostas pelos EUA, estão a criar tensões e forçando países a reconsiderarem as suas estratégias comerciais e de produção. Por sua vez, a União Europeia confronta-se com um dos maiores desafios estratégicos desde a sua criação, por se encontrar numa encruzilhada entre os EUA, a Rússia e a China, perante a fragilização da aliança transatlântica. Sente-se obrigada a cuidar da sua segurança e defesa, e a pagar para isso, se para tanto quiser afirmar-se como sujeito geopolítico na nova ordem internacional que se está a redesenhar. E, para a Europa, a guerra no seu flanco leste, desde a invasão da Ucrânia pela Rússia, altera as prioridades tradicionais, colocando a nova arquitetura de segurança e defesa como uma questão central.

Neste contexto, as agendas políticas e económicas dos partidos, não poderão deixar de responder aos novos desafios e dizer como vão lidar com estas novas realidades e prioridades, a fim de tirar partido delas: a crescente autonomia estratégica europeia (no quadro no quadro da relação transatlântica); a nova Industrialização, enquanto pilar essencial da nova industrialização; o investimento na defesa, enquanto garantia de segurança e soberania, visando fortalecer a capacidade de resposta nacional a ameaças externas, em conjugação com as iniciativas europeias de defesa; o mar português e a plataforma continental, incluindo os recursos energéticos e marinhos, como valia estratégica na nova arquitetura de defesa europeia e da autonomia estratégica da UE. Em síntese, a senda da autonomia estratégica europeia, a nova industrialização e o investimento na defesa são interdependentes e essenciais para o futuro de Portugal. O mar português e a sua plataforma continental são ativos estratégicos que podem diferenciar e fortalecer o papel de Portugal na nova arquitetura de defesa europeia. Com políticas bem delineadas e uma cooperação eficaz com os parceiros europeus e internacionais, Portugal pode enfrentar estes desafios e aproveitar as oportunidades para um futuro mais seguro e com maior potencial de crescimento.