A «revolução» no plantel após o 10º lugar em 2023/24, as seis derrotas consecutivas no arranque da época e o pior São Luís de sempre foram fatores decisivos no regresso do Farense à II Liga.
A formação algarvia – que iniciou a época com o treinador José Mota, sucedido por Tozé Marreco após a sexta ronda – chegou à 34.ª e derradeira jornada com hipóteses de manter-se na I Liga, mas falhou esse objetivo por culpa própria, sem aproveitar os desaires de Estrela da Amadora e AVS.
Alguns dos jogadores que constituíam a ‘espinha dorsal’ da promoção e do 10º lugar da época anterior saíram na pré-época, o que levou o Farense a contratar um total de 22 jogadores nas duas janelas de transferências (16 no verão, mais seis no inverno), a grande maioria sem impacto concreto no futebol algarvio.
Também o Estádio de São Luís, outrora uma autêntica ‘fortaleza’, deixou de ser um dos pontos fortes dos algarvios, apesar da boa média de espetadores.
O Farense fez, à 26.ª participação, a sua pior época de sempre no primeiro escalão na condição de visitado (três vitórias e dois empates, em 17 partidas), sendo que recebeu os três ‘grandes’, por opção financeira, no Estádio Algarve, somando três derrotas.
Depois de um ciclo de seis desaires no arranque – o pior da temporada –, que levou à saída de Mota, Tozé Marreco chegou a Faro e foi somando pontos, com duas vitórias e cinco empates numa sequência de oito encontros que chegaram a colocar os algarvios no 16.º posto, à 18ª jornada.
Quatro derrotas seguidas no início da segunda volta, da 19.ª à 22.ª rondas, voltaram a arrastar o Farense para a zona de despromoção direta.
Os algarvios, que chegaram à 29.ª ronda com três vitórias, somaram outros tantos triunfos no espaço de cinco encontros e reacenderam a esperança da manutenção à entrada para a última jornada, em que perderam com o Santa Clara quando bastaria um empate para chegar ao play-off.
Mesmo com a descida, os guardiões Ricardo Velho e Kaique, utilizado nas rondas finais face à lesão do primeiro, deixaram as melhores impressões, numa equipa que teve na concretização a sua principal pecha.
Com números ainda assim fracos, o avançado espanhol Darío Poveda – quatro golos, três deles decisivos em vitórias, em cerca de 1.000 minutos de utilização – e o capitão Marco Matias – três golos e três assistências – foram os dois elementos mais eficientes em termos ofensivos.
I Liga (balanço): Farense e Vitória de Guimarães figuras dos descontos
O Farense, com oito pontos conquistados e quatro perdidos, e o Vitória de Guimarães, com dois resgatados e nove desbaratados, foram os grandes protagonistas do tempo final de descontos da I Liga portuguesa de futebol.
A formação algarvia, que caiu à II Liga na última jornada, ganhou pontos após os 90 minutos em cinco jogos e perdeu em três, enquanto os minhotos, que falharam a Liga Conferência a fechar, salvaram dois e, depois, deixaram fugir nove, em cinco rondas.
O contraste entre os dois clubes é grande e fica espelhado nos confrontos diretos, com o Farense a ‘roubar’ pontos ao Vitória nos descontos da segunda parte nos dois embates.
Na primeira volta, à 16.ª jornada, os minhotos, na estreia de Daniel Sousa, que sucedeu a Rui Borges e só aguentou duas rondas, chegaram aos 90 minutos a vencer por 2-1 em Faro, mas, aos 90+8 minutos, o médio brasileiro Neto restabeleceu a igualdade.
À 33.ª ronda, registava-se um empate a um golo no D. Afonso Henriques quando foi levantada a placa com o tempo adicional, mas o Farense acabou por vencer, desta vez com um tento apontado aos 90+2 minutos, pelo espanhol Darío Poveda.
Poveda conseguiu-o, aliás, pelo segundo jogo consecutivo, uma vez que à 32.ª jornada, já tinha sido do espanhol, aos 90+1 minutos, o tento da vitória caseira (2-1) face ao Famalicão.
O conjunto de Faro resgatou ainda três pontos face ao Estoril Praia, dois em casa (1-0), com um golo do brasileiro Raúl Silva, aos 90+6 minutos, à oitava ronda, e um fora (2-2), com um tento de Miguel Menino, aos 90+3, à 25.ª.
O Farense conquistou oito pontos nos descontos, mas também desbaratou quatro, em três jogos: 0-1 para 1-1 no Bessa, à 13.ª jornada, e 0-0 para 0-1 na receção ao AVS, à 24.ª, com penáltis de Reisinho (90+5 minutos) e Zé Luís (90+6), respetivamente, e 0-0 para 1-0 em Barcelos, face a um golo de Bamba (90+2), à 31.ª.
Com estes ‘contratempos’, o conjunto algarvio foi só terceiro no que respeita ao balanço de reviravoltas conseguidas e consentidas, atrás de Gil Vicente e Sporting de Braga, ambos com um saldo positivo de cinco pontos.
O conjunto de Barcelos selou vitórias nos descontos face a AVS (2-2 para 4-2, à segunda ronda), Nacional (1-1 para 2-1, à 13.ª) e Farense (0-0 para 1-0, à 31.ª) e perdeu um ponto em Alvalade, onde Eduardo Quaresma selou o 2-1 aos 90+3, à 32.ª.
Por seu lado, o Sporting de Braga não perdeu qualquer ponto nos descontos e arrecadou cinco, perante Famalicão (2-3 para 3-3, à 14.ª jornada), na Amadora (0-0 para 0-1, à 18.ª) e em Moreira de Cónegos (1-1 para 1-2, à 20.ª).
Quanto ao Vitória de Guimarães, foi o que mais perdeu e também o que teve o pior balanço, apesar de até ter começado bem neste particular, ao assegurar o triunfo caseiro face ao Famalicão (2-1) aos 90+1 minutos, com um golo de Tomás Hendel.
Depois, e além dos ‘tropeções’ com os algarvios, perdeu mais seis pontos em casa, perante Boavista (2-2, à oitava jornada), culpa de dois penáltis de Resinho (90+5 e 90+15 minutos), Nacional (2-2, à 15.ª), devido a um golo de João Aurélio (90+3), e Sporting (4-4, à 17.ª), após golo de Trincão (90+5).
Numa prova que teve um total de 62 golos nos descontos finais, metade a render mudanças de resultados, o FC Porto (um ponto conquistado e nenhum perdido) foi o único dos ‘grandes’ com saldo positivo, sendo que o empate resgatado aconteceu na receção ao Sporting, à 21.ª jornada, obra de Danny Namaso, aos 90+4 minutos.
Por seu lado, o Sporting ganhou três, mas perdeu quatro, e o Benfica só resgatou um e viu ‘voar’ quatro.


Lusa