Fábrica do Inglês em Silves reabre Museu da Cortiça e um «boutique» hotel

17:03 - 11/09/2025 SILVES
A Fábrica do Inglês, em Silves, no Algarve, complexo de animação cultural encerrado em 2010, vai ser reabilitada para reabrir o Museu da Cortiça, que ali existia, e um hotel de charme, anunciaram os compradores.

O complexo foi adquirido pelas promotoras imobiliárias Antrix e a Carvoeiro Branco, que preveem reabilitar os edifícios históricos do complexo, reabrir o Museu da Cortiça e criar um ‘boutique’ hotel com 50 quartos, ao abrigo de um investimento de 25 milhões de euros, lê-se num comunicado.

As obras, que deverão iniciar-se em 2026, com um prazo de conclusão estimado de dois a três anos, contemplam a reabilitação e revitalização do complexo do século XIX incluindo o antigo ‘chalet’, que será recuperado para continuar a funcionar como casa de chá.

Em declarações à Lusa, Erik de Vlieger, fundador da Carvoeiro Branco, disse que o ponto de partida é a reabertura do museu, distinguido em 2001 como o melhor museu industrial da Europa -, ano em que recebeu mais de 100 mil visitantes -, estimando que possa reabrir antes do verão do próximo ano.

“A oportunidade de, quase heroicamente, devolver vida a um espaço tão emblemático — que acabou por ser deixado ao abandono após um último investimento mal conduzido — representa não só um desafio, mas também um dever de responsabilidade patrimonial”, referiu aquele responsável.

No interior de um dos edifícios históricos reabilitados, está igualmente prevista a instalação dos futuros escritórios da Antrix e da Carvoeiro Branco, que estão sediadas no Algarve, num projeto que prevê a criação de cerca de 80 novos postos de trabalho.

Sem querer adiantar o valor da aquisição, aquele responsável sublinhou que o estado devoluto e de deterioração em que a Fábrica do Inglês se encontrava contrastava com o seu imenso valor em património arquitetónico, cultural e histórico.

“O peso da sua história, ligada à memória industrial do Algarve e ao quotidiano de tantas gerações, tornava ainda mais urgente a necessidade de intervir. Hoje, temos diante de nós a possibilidade de restaurar o esplendor deste imóvel e colocá-lo novamente ao serviço da comunidade e da região”, concluiu.

A Fábrica do Inglês foi construída em 1894 como uma unidade de transformação da cortiça.

Em 1908, Victor Sadler, cidadão britânico, é contratado para a gestão da unidade fabril, ficando para sempre associado à sua identidade e à origem do nome “Fábrica do Inglês”.

Após o encerramento da atividade industrial, o complexo foi reabilitado e, em 1999, abriu ao público como Museu da Cortiça. Nos anos seguintes, acolheu também concertos, exposições e eventos culturais, reforçando o seu papel como centro cultural dinâmico.

A unidade manteve-se ativa durante vários anos após a sua reconversão, mas acabaria por encerrar em 2010, na sequência da insolvência da empresa gestora.

O espaço foi classificado como Monumento de Interesse Municipal e foi proposta a sua classificação como Monumento de Interesse Público (MIP), processo que nunca ficou concluído.

 

Lusa