A impossibilidade de o atual presidente da Câmara de Faro, Rogério Bacalhau (PSD), concorrer às próximas eleições autárquicas, devido à limitação de mandatos, abre uma oportunidade para o PS retomar o controlo desse município algarvio, 16 anos depois.
Num concelho marcado pela alternância entre PS e PSD ao longo de cerca de 50 anos de poder local democrático, os socialistas apostam na experiência autárquica de António Miguel Pina, que fecha um ciclo de três mandatos em Olhão, para retomar a presidência de uma Câmara perdida para o PSD em 2009, quando Macário Correia fez um percurso idêntico de Tavira para Faro para vencer o então presidente, José Apolinário (PS).
Macário Correia acabaria por ser condenado a perda de mandato e deixar a Câmara em 2013, ano em que já não foi a votos e foi sucedido pelo seu então vice-presidente, Rogério Bacalhau, que obteve aí a primeira de três vitórias consecutivas, rompendo a tradicional alternância que se verificava no município, a cada quatro anos, entre socialistas e social-democratas.
Perante a impossibilidade de candidatura de Rogério Bacalhau, o deputado e líder da distrital do partido Cristóvão Norte foi o escolhido para ser o candidato do PSD à presidência da Câmara de Faro, liderando uma coligação que inclui o CDS-PP, a IL e o MPT, mas também o PAN.
A Câmara de Faro conta com nove eleitos e a composição atual do executivo é dividida entre seis da coligação PSD/CDS-PP/IL/MPT/PPM, vencedora nas últimas eleições, com 47,76% dos votos, e três do PS, segunda força política, com 30,58%.
Apesar do domínio histórico no município, PSD e PS vão ter de lidar com a incerteza que representa o crescimento do Chega, quarto nas últimas eleições para a Câmara de Faro (5,13%), em 2021, atrás da CDU, terceira força mais votada (6,48%), mas que venceu as duas últimas eleições legislativas no distrito (em 2024 e 2025), com Pedro Pinto como primeiro candidato, uma aposta que o partido de André Ventura repetirá na corrida deste ano para o município farense.
Duarte Baltazar (CDU), José Moreira (BE), Adriana Marques Silva (Livre), José Freitas Oliveira (ADN) e Pedro Oliveira (Volt) são também candidatos à presidência da Câmara de Faro.
Os serviços, o turismo ou a agricultura são atividades económicas relevantes no concelho, que tem no seu território o principal aeroporto do sul do país, o Aeroporto Internacional Gago Coutinho, e a Ria Formosa, zona húmida costeira classificada como Parque Natural e uma das principais riquezas ambientais do Algarve.
A preservação ambiental da Ria Formosa tem sido uma das preocupações da oposição nos últimos tempos, perante a construção de um novo porto de recreio exterior à doca de Faro, projeto de desenvolvimento turístico através da náutica de recreio, iniciado no mandato que agora finaliza e criticado pela falta de uma Avaliação de Impacte Ambiental atualizada.
O concelho de Faro tem 70.347 habitantes, segundo dados de 2024 do portal Pordata, e uma superfície de 201,2 quilómetros quadrados, estando dividido em quatro freguesias: União de Freguesias de Faro, Montenegro, União de Freguesias de Conceição e Estoi e Santa Bárbara de Nexe.
Faro é limitado a norte pelo concelho de São Brás de Alportel, a leste por Olhão, a oeste por Loulé e a sul pelo oceano Atlântico.
As eleições autárquicas realizam-se no próximo dia 12 de outubro.
Lusa