Vender e arrendar casas? Imobiliário perde confiança no final de 2025

19:00 - 28/10/2025 ECONOMIA
Inquérito do idealista revela perspetivas de arrefecimento nos negócios do setor. Agentes apontam manutenção do preço da habitação.

O custo da habitação continua a aumentar em Portugal, com os preços das casas à venda a atingir um crescimento recorde. Mas não se perspetiva uma subida salarial da mesma dimensão, os juros no crédito habitação tendem a estabilizar, os portugueses estão a perder poder de compra e o crescimento económico abrandou. Todo este contexto mexe com as perspetivas dos profissionais do mundo imobiliário, que estão a perder confiança no mercado de venda e arrendamento na reta final de 2025.

É isso mesmo que revela o mais recente Índice de Sensibilidade do Setor Imobiliário (ISSI) elaborado pelo idealista a partir de um inquérito colocado aos agentes imobiliários. Embora continuem mais otimistas sobre a evolução da compra e venda do que sobre o arrendamento habitacional para o final do ano, estes especialistas revelam, agora, menos confiança em ambos os mercados do que no início de 2025. Vamos por partes.

No mercado de venda de casas, a confiança dos agentes imobiliários é mais elevada, registando em 72,4 pontos no quarto trimestre numa escala de 0 a 100. Mas observa-se uma clara queda desde o início do ano, quando o índice estava em 74,7 pontos. As expectativas para o mercado de arrendamento continuam mais baixas e também caíram na mesma proporção: estavam em 57,3 no início do ano tendo descido para 55,5 pontos para a reta final de 2025, revela o ISSI.

Há vários fatores que podem ajudar a explicar esta queda da confiança dos agentes imobiliários no mercado da habitação em Portugal. É o caso da subida dos preços das casas registada ao longo do ano, que está em máximos no caso das casas à venda. Além disso, não se perspetivam oscilações nas taxas de juro nos novos créditos habitação, com a Euribor a rondar os 2% nos últimos meses. Já os apoios aos jovens para comprar casa (isenção do IMT e garantia pública) bem como as ajudas ao arrendamento deverão manter-se. Por outro lado, a economia está a crescer a um ritmo um pouco mais baixo do que o previsto.

 

Perspetivas na venda de casas em alta – mas arrefeceram desde o início do ano

A maioria dos profissionais do imobiliário ouvidos pelo idealista continua a acreditar que vai vender mais casas até ao final de 2025 (65,5% dos inquiridos). Mas agora são bem menos do que no início do ano, altura em que 71,1% esperava concretizar mais negócios. 

Também houve um recuo de perspetivas em relação à angariação de casas para vender. A proporção de agentes imobiliários que esperava conseguir mais casas para colocar à venda caiu de 67,5% no arranque de 2025 para 63,2% no final do ano, mostra ainda o índice. 

Por outro lado, há agora menos profissionais a acreditar que os preços das casas à venda vão manter-se (45,6%) do que nos primeiros três meses do ano (53,3%) - embora continue a ser a hipótese mais aceite. Em contrapartida ganharam peso as possível oscilações do custo da habitação, seja para cima, seja para baixo. Ainda assim, novos crescimentos dos preços são esperados por 4 inquiridos em cada 10.

 

Arrendamento deverá estabilizar no final do ano 

O sentimento de estabilidade sobre o mercado de arrendamento em Portugal parece estar para ficar, quer ao nível de contratos e angariações, quer ao nível da evolução das rendas das casas, revela o ISSI.

Há, agora, maior proporção de agentes imobiliários que diz que o número de casas arrendadas vai manter-se igual (33,9%) do que no arranque do ano (32,9%). E também há mais profissionais a admitir que as angariações vão continuar ao mesmo ritmo (34,5%) face ao primeiro trimestre (30,9%). 

Por outro lado, caíram as perspetivas de se arrendarem e angariarem mais casas no final do ano para 22,8% e 22,2%, respetivamente. E continua a ser bem expressiva a fatia de profissionais que admitem que não vão conseguir colocar mais casas no mercado (20%) nem arrendar mais habitações (21,1%).

Quanto aos preços, quase metade dos especialistas continua a acreditar que as rendas das casas vão manter-se até ao final do ano - mas agora são menos (47,4%) do que no primeiro trimestre (51,6%). A subida do custo das casas para arrendar é esperada por 30 inquiridos em cada 100, sendo esta uma hipótese agora menos aceite.

O que é bem visível no ISSI é que há um número crescente de profissionais do setor imobiliário que prefere não se pronunciar sobre a evolução do mercado de arrendamento. No caso dos negócios abrange mais de um quinto dos inquiridos. 

 

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