O Auditório do Centro Autárquico de Quarteira acolheu no passado sábado, 8 de novembro, a apresentação do livro «1985: Uma Distopia Espiritual», da autoria de Fábio Nobre.
A sessão, que contou com a moderação de Ricardo Tomás e a presença de Telmo Pinto, presidente da Câmara Municipal de Loulé e João Romão, presidente da Junta de Freguesia de Quarteira, mergulhou o público numa reflexão profunda sobre o impacto da tecnologia na condição humana.
A obra, descrita pelo autor como a mais honesta e madura da sua carreira, explora um futuro próximo onde os avanços tecnológicos, nomeadamente a implantação de chips cerebrais, desafiam os próprios critérios da humanidade. Através da personagem principal, Wilson, o livro acompanha a tensão entre a aceleração tecnológica e a busca desesperada por serenidade interior e significado.
Uma resposta literária à aceleração tecnológica
Durante a apresentação, Ricardo Tomás destacou a relevância da obra, classificando-a como “o livro que mais me marcou este ano”. De forma criativa, ilustrou o tema ao partilhar com a audiência uma análise do livro gerada por Inteligência Artificial em apenas 30 segundos, sublinhando a velocidade vertiginosa a que estas mudanças ocorrem.
Fábio Nobre explicou que o livro nasceu da necessidade de fazer sentido do mundo atual. “A tensão central parte do contraste entre a ansiedade geral que se sente e a descoberta de uma certa serenidade interior”, afirmou. A premissa gira em torno da comercialização de um chip (pela Neurolink, de Elon Musk) que promete uma “revolução cognitiva”, colocando os cidadãos perante o dilema de se atualizarem tecnologicamente ou ficarem para trás.
Um convite à introspeção num mundo barulhento
O autor enfatizou que “1985” é, acima de tudo, um convite para “mergulharmos um pouquinho em nós”. Num mundo dominado pela performance e pela distração constante, a obra defende a importância de “fazer nada” como um ato crucial para a criatividade e o autoconhecimento.
“Esta velocidade e necessidade de hiperprodutividade levam a uma atomização da sociedade e do próprio indivíduo”, refletiu Nobre, defendendo que a conexão humana autêntica será a resposta mais vital num futuro cada vez mais cibernético.
Quando questionado sobre a essência do livro, o autor resumiu: “É um livro que exige que nós partamos para o exílio para conseguirmos encontrar o oásis”. Uma jornada espiritual que, através da distopia, nos lembra do valor inestimável da água precisamente no deserto.
No final, formou-se uma interminável fila para aquisição da obra com sessão de autógrafos.
Sobre o autor:
Fábio Nobre, natural de Quarteira, tem vindo a publicar regularmente desde 2010. “1985: Uma Distopia Espiritual” representa o ponto mais alto da sua evolução literária, consolidando-o como uma voz que interpela de forma crítica e sensível os desafios do nosso tempo.
Jorge Matos Dias