O Município de Aljezur com o apoio da Associação de Defesa do Património Histórico de Aljezur, e do Município de Loulé, apresenta no Espaço +, de 6 de Novembro a 16 de Dezembro, uma exposição onde se recria uma sala de aulas do tempo dos nossos avós.
“ (…) Nesse tempo nem todas as raparigas iam à escola, porque tinham de trabalhar no campo e cuidar dos irmãos mais novos, e também porque os pais achavam que não era preciso elas saberem ler e escrever apenas precisavam aprender a cuidar da casa, para se tornarem boas esposas e saber cuidar e educar os filhos.
Cresceram sem aprender a ler e a escrever!
Rapazes e raparigas frequentavam escolas diferentes, não existiam turmas mistas, o horário escolar era das 9 horas às 17 horas e o único recreio era à hora do almoço.
Na província o horário da escola primária era de manhã para as raparigas e à tarde era para os rapazes.
Na sala de aula as carteiras eram de madeira pegadas com os bancos. Os alunos usavam sacos de serapilheira para transportar o material escolar e alguma merenda, se tivessem posses. Na cantina da escola, quando existia, ao almoço serviam sopa e pão.
A primeira coisa que faziam quando entravam na sala de aula era cantar o hino nacional e ao meio dia rezar. Todas as salas de aula tinham obrigatoriamente na parede três símbolos alinhados: uma fotografia de Salazar, outra do presidente Carmona, (símbolos de afirmação autoritária e nacionalista) e um crucifixo (o ensino era revestido de uma orientação cristã, ao abrigo de uma concordata entre o Estado e a Igreja). Os alunos tinham de usar uma bata com um número de identificação.
Na escola incutia-se a ordem, o respeito e a disciplina. Os professores aplicavam com muita frequência castigos corporais severos. Na memória dos nossos avós, existem ainda memórias da régua ou da palmatória “a menina dos cinco olhos”, e também as humilhações de castigos como as orelhas de burro.
As disciplinas eram: a Matemática, História, Língua portuguesa, Geografia, Ciências e Religião Moral. Os manuais escolares da escola primária mantinham-se iguais durante décadas.
Na escola cantavam a tabuada e tinham de saber, entre outras coisas, o nome de todos os rios, serras e estações de linhas de caminho-de-ferro portuguesas.”
Por: CM Aljezur