Foi no dia 26 de Janeiro de 2024 que o Arquivo Histórico Municipal António Rosa Mendes, em Vila Real de Santo António, assinalou os 10 anos das Jornadas de História do Baixo Guadiana, durante a primeira sessão da sua 9ª edição.

Segundo Patrícia Jerónimo, Chefe do Gabinete de Apoio à Presidência da Câmara Municipal de VRSA, nos 10 anos em que decorreram as Jornadas de História do Baixo Guadiana foram apresentadas aproximadamente meia centena de conferências ministradas por investigadores, docentes universitários, técnicos do património e editores portugueses e espanhóis.

Uma década que ficou ainda marcada por mais de vinte e cinco visitas guiadas a sítios de interesse histórico e patrimonial e que assistiu à publicação de um livro de actas, que recolhe algumas das conferências ministradas, e durante a qual se deu início à produção de novo livro de actas, a publicar assim que as circunstâncias o permitirem. Resumidamente, uma década apenas interrompida pela situação pandémica e durante a qual o Arquivo Histórico Municipal António Rosa Mendes corrigiu uma manifesta lacuna da realidade cultural do sotavento algarvio e trabalhou em prol da construção e divulgação do conhecimento.

A primeira conferência teve lugar pelas 10h15 e foi apresentada por Cátia Pereira, tendo como título «O Governo de Sebastião Martins Mestre em Vila Real de Santo António». Durante aproximadamente 45 minutos, a mestre em História e Patrimónios pela Universidade do Algarve explicou de que modo Sebastião Martins Mestre esteve presente em dois dos acontecimentos mais marcantes para a sociedade
portuguesa do século XIX: as Invasões Francesas e as Guerras Liberais, fazendo uma explanação do que foi o seu governo em Vila Real de Santo António, marcado pelas perseguições aos apoiantes do liberalismo.


Pelas 11h30 foi a vez de arte Marco Sousa Santos, historiador de arte, apresentar a conferência «Do Seinal para Arenilha, de Arenilha para Castro Marim: a longa jornada de uma mesa de altar quinhentista». Durante uma hora o técnico superior de cultura do Município de Tavira e docente da Universidade do Algarve dissertou sobre a mesa de altar e a pedra de armas de António Leite identificadas na Ermida de Santo António, em Castro Marim.

Por outras palavras, um património de grande valor histórico levado para Santo António de Arenilha por António Leite, alcaide-mor desta vila e capitão do forte do Seinal (para além de antigo capitão de Azamor e Mazagão), em Marrocos, e que mais tarde foram levadas para a Ermida de Santo António, em Castro Marim. Uma descoberta arqueológica, portanto, da maior importância para a História da foz do Guadiana e que vem atestar as origens quinhentistas da vila mais tarde conhecida por Vila Real de Santo António.


Pelas 14h30, teve lugar a visita guiada à Ermida de Santo António, em Castro Marim, conduzida pelo já referido Marco Sousa Santos e por Pedro Pires, técnico superior de cultura da Câmara Municipal de Castro Marim e estudante de doutoramento da Universidade do Algarve. Durante a visita os historiadores não só dissertaram sobre o património artístico daquela ermida, como ainda mostraram a mesa de altar e a pedra de armas quinhentista trazidas de Santo António de Arenilha.

A segunda e a terceira sessão das IX Jornadas de História do Baixo Guadiana terão lugar em Março e em Maio, respectivamente, sendo que a sua programação será oportunamente anunciada.

 

Fernando Pessanha