É um livro-denúncia, um grito de alerta perante o rumo que o Algarve está a seguir. Mendes Bota, com um passado incontornável na política algarvia, é uma voz suficientemente livre para colocar o dedo nas feridas da Região: um urbanismo suicida; a betonização brutal em curso da faixa litoral do Algarve; a explosão descontrolada da construção clandestina; o colapso das infraestruturas de saneamento; a carência de água face aos consumos atuais e futuros; a saturação da rede viária; a falta de estacionamentos; a densificação exagerada dos centros urbanos; a privatização encapotada das praias; a necessidade de habitação a custos controlados; a lógica perversa do financiamento autárquico, baseada no metro quadrado de construção; a descaracterização cultural e arquitetónica da região; a impunidade da grafitagem generalizada; o agravar das desigualdades interior/litoral; a debilidade da diversificação da atividade económica; os contrastes sociais extremos; o campo livre para os traficantes das adições e das migrações; a insegurança e a criminalidade crescentes.
Está tudo ali, para memória futura. Um desastre, se nada for feito, se é que ainda se vai a tempo. A introdução estará a cargo do editor Nuno Campos Inácio, e do professor doutor José Carlos Vilhena de Mesquita, finalizando com a intervenção de Mendes Bota, a que se seguirá uma sessão de autógrafos desta e de outras obras do autor.
Nuno Campos Inácio