André Magrinho, Professor universitário, doutorado em gestão | andre.magrinho54@gmail.com

Portugal vota para eleger no próximo dia 9 de junho, os 21 deputados, que o vão representar no Parlamento Europeu, num total de 720 deputados, na legislatura 2024-2029. Esta nova legislatura assume uma importância acrescida, tendo em conta que a União Europeia se confronta atualmente com vários desafios complexos, exigentes, e com alcance estratégico.

Desde logo, importa destacar o enorme desafio no investimento em segurança e defesa, tanto mais que os resultados das eleições americanas poderão por em causa alguns dos aspetos de funcionamento da NATO e da solidariedade atlântica atuais. 

A Europa tem hoje a consciência dos custos de uma defesa insuficiente, que lhe não lhe confere capacidade de dissuasão suficientemente credível, como se verificou com a invasão da Ucrânia às ordens de Putin. Garantir a segurança coletiva dos Estados-Membros perante as ameaças híbridas diversas, como a guerra da informação, o terrorismo, os ciberataques, a instabilidade em regiões vizinhas, obrigam a uma resposta coletiva cada vez mais eficiente e credível.

Um segundo desafio, pretende-se com o alargamento e aprofundamento da UE, cujas instituições terão de encontrar um novo modelo de funcionamento e de financiamento, a fim de acolher os novos Estados-Membros até 2030. Trata-se de um alargamento que é crucial para reforçar a posição geopolítica da Europa, mas para que esse acolhimento surta efeito, obriga a uma revisão do sistema institucional e o reforço do financiamento da UE.

Um terceiro desafio diz respeito à dupla transição ecológica e digital. Estas transições colocam exigências acrescidas aos ecossistemas tecnológico, de inovação e de educação, ciência e tecnologia, para que a UE possa ter um posicionamento forte na produção de conhecimento e na sua transposição para a economia, o que em termos relativos está longe de ser satisfatório quando se compara com os EUA. Além disso esta prioridade tem que ser compatível com o sistema de valores e modo de vida defendidos pela UE

Um quarto desafio diz respeito à compatibilização do modelo social europeu, nomeadamente no que se refere ao mundo do trabalho, com porventura menos empregos tais como os que conhecemos hoje, mas também com empregos emergentes associados à crescente automatização de muitas atividades hoje desempenhadas por pessoas.

Que atividades vão ser mais valorizadas? Como é que as empresas e as pessoas poderão ser proactivas num mundo em que o tempo e o modo como se aprende, trabalha, coopera, e como as empresas competem e organizam as suas múltiplas funções e atividades, se está a alterar a um ritmo sem precedentes? Como é que os dispositivos de educação e formação ao longo da vida poderão responder a estas necessidades em matéria de qualificações competências?  E, como é que neste mundo cada vez mais disruptivo se vai garantir a sustentabilidade da segurança social?

Estes são apenas alguns temas e dossiês a que os deputados europeus serão chamados a tomar posição.