Tiago Duarte preside à Associação e foi um dos cerca 15 voluntários que participaram nos trabalhos de recolha de lixo no sábado, que teve lugar no extremo nascente da Ria Formosa, junto a Cacela Velha e permitiu a recolha de embarcações e de uma centena de covos utilizados para a apanha de povo semienterrados.
“Correu bem, apanhámos imenso lixo, praticamente 300 quilogramas, com coisas incríveis, desde um barco de fibra com dois metros, quase completamente enterrado na areia, e largas dezenas de covos, enrolados em 300 metros de corda, que por si só pesavam mais de 100 quilogramas”, afirmou à agência Lusa Tiago Duarte.
A mesma fonte disse ter visitado esta zona do litoral do distrito de Faro pela primeira vez este ano e ter ficado “encantado com a aldeia [de Cacela Velha] e com a paisagem” da falésia sobre a Ria Formosa, mas lamentou que tenha sido necessário este grupo de voluntários se deslocar de propósito ao Algarve para fazer um trabalho “que a Câmara de Vila Real de Santo António e o Instituto de Conservação da Natureza e Florestas não fazem”.
“São materiais que estão ali há anos e tivemos que vir de Lisboa a tirar aquilo”, disse o presidente da associação ambientalista, agradecendo a colaboração da Junta de Vila Nova de Cacela e dos barqueiros que fazem a travessia pela ria até à praia localizada na ilha barreira em frente à localidade de Cacela Velha, a escassos quilómetros da sede de freguesia.
Tiago Duarte reconheceu que a equipa de voluntários “não conseguiu limpar a ilha toda, porque depois há aqueles microplásticos”, mas a ação permitiu dar uma “pincelada de sensibilização” para a necessidade de as autoridades com responsabilidade sobre a zona efetuarem limpeza todo o ano.
“Vamos enviar por correio uma pequena encomenda com um bocadinho do lixo que apanhámos para a presidente da Câmara de Vila Real de Santo António e para o ICNF, para se lembrarem que, apesar de estar ali, o lixo não tem que fazer parte da paisagem para sempre”, anunciou a mesma fonte.
O dirigente da associação Oceanos Sem Plásticos considerou que, “se todos fizerem um bocadinho do seu papel, sobretudo as autoridades”, estas áreas terão menos lixo, “sobretudo na Ria Formosa, que ainda por cima está integrada num Parque Natural”.
Tiago Duarte agradeceu o “apoio dos barqueiros na logística para transportar o lixo para terra” e indicou que “eles próprios ficaram impressionados com as quantidades” de lixo que foi retirada do local.
“Nem todas são iguais, mas o que assistimos na maior parte das autarquias do país é que só limpam as zonas concessionadas, que são uma pequena parte do nosso litoral, e só o fazem dois a três meses por ano, durante a época balnear”, criticou o dirigente associativo.
A mesma fonte lamentou que, “nos outros nove meses do ano”, as limpezas sejam “muito raras” ou “praticamente inexistente” fora das áreas concessionadas.
Questionado sobre a participação, Tiago Duarte respondeu que esta foi “uma ação simbólica”, porque “em tempo de pandemia de covid-19 também não era aconselhável juntar muita gente”
“Ficou a ideia de para o ano fazer uma ação enorme na ilha. Gostávamos que as autoridades nos dessem autorização para fazer um acampamento ecológico, uma coisa controlada na praia, para passarmos ali todo um fim de semana a deixar aquilo limpo”, antecipou.