O bispo do Algarve lamentou ontem que, passados 16 meses sobre o incêndio de Monchique, ainda não tenha sido possível aplicar a verba angariada com os donativos para ajudar as vítimas e desejou que neste novo ano se ultrapassem os “obstáculos que têm impedido” que isso aconteça.

ainda não tenha sido possível aplicar a verba angariada com os donativos para ajudar as vítimas e desejou que neste novo ano se ultrapassem os «obstáculos que têm impedido» que isso aconteça.

D. Manuel Quintas falava no final da eucaristia a que presidiu no Santuário de Nossa Senhora da Piedade, popularmente evocada como Mãe Soberana, em Loulé.

O prelado lembrou que a Diocese do Algarve tem à sua guarda o montante total de 113.820 euros, doado logo após o fogo de agosto de 2018, resultante de um peditório promovido pela Igreja algarvia que rendeu 47.206 euros, dos donativos do Santuário de Fátima no valor de 30.000 euros e da Irmandade dos Clérigos da Diocese do Porto no valor de 25.000 euros e de doações de particulares, no valor de 11.614 euros, transferidas para a conta bancária criada para o efeito.

«Tenho de dar uma justificação a todas as pessoas que contribuíram para esta verba», fundamentou o bispo do Algarve, acrescentando que «não se percebe» a demora na ajuda às vítimas. «Eu não percebo. Não sei porquê. Não quero acusar ninguém. Sabemos que isto é muito complicado, que há muita burocracia. É um problema quase maior do que os próprios fogos. É um sofrimento enorme para aquelas pessoas e nós temos esta verba que não sabemos como vai ser», prosseguiu.

D. Manuel Quintas acrescentou ainda que a Cáritas Portuguesa disponibilizou também, «caso fosse necessário», «uma verba que mais do que duplicada» a que foi doada à diocese algarvia para ajudar as vítimas do fogo, mas que, entretanto, teve de ser destinada em 50% para «outra urgência» resultante dos incêndios do último verão.

D. Manuel Quintas manifestou, por isso, «desencanto» por até ao momento não ter começado a reconstrução de qualquer casa no concelho de Monchique que foi o mais afetado pelo maior incêndio registado em 2018 em Portugal e que durante uma semana não deu tréguas aos bombeiros, consumindo mais de 27 mil hectares de floresta e terrenos agrícolas.

O fogo, que deflagrou em 03 de agosto, na zona da Perna Negra (Monchique) alastrou primeiro para o Alentejo, tocando o concelho de Odemira (distrito de Beja), sem grande impacto, e logo depois, com mais violência, para Silves e Portimão.

O incêndio destruiu ao todo 74 casas, 52 das quais elegíveis para receberem apoio do Estado para a sua construção ou recuperação. Logo após a ocorrência tinha sido anunciado que a verba doada à Diocese do Algarve seria gerida pela Cáritas Diocesana que a canalizaria sobretudo para apoio não incluído no programa estatal ‘Porta de Entrada’, nomeadamente para o reequipamento das habitações com novas mobílias e novos eletrodomésticos, bem como para reposição de equipamento agrícola destruído.

«Não estando construídas as casas, a Cáritas fica de «mãos amarradas», lamentou D. Manuel Quintas, desejando que este ano a instituição gestora da quantia doada «possa aplicá-la segundo a intenção daqueles que foram os doadores».

 

Por: Folhadomingo