Clayton, aos 15 minutos, Paulo Roberto, aos 64, e Godwin, aos 90, marcaram os golos da formação lisboeta, que ‘apadrinhou’ o regresso dos algarvios ao escalão principal, após terem sido vice-campeões da II Liga na época passada.
O triunfo permite ao Casa Pia igualar o Famalicão e também o líder provisório Gil Vicente, todos com três pontos, depois de os famalicenses terem batido o Sporting de Braga (2-1), na sexta-feira, e os gilistas terem goleado hoje o Portimonense (5-0).
I Liga/ Farense – Casa Pia (ficha)
Jogo disputado no Estádio de São Luís, em Faro.
Farense – Casa Pia, 0-3.
Ao intervalo: 0-1.
Marcadores:
0-1, Clayton Silva, 15 minutos.
0-2, Pablo Roberto, 64.
0-3, Godwin, 90 (grande penalidade).
Equipas:
- Farense: Ricardo Velho, Fran Delgado, Gonçalo Silva, Muscat, Talocha, Cláudio Falcão (Vítor Gonçalves, 77), Fabrício Isidoro, Mattheus Oliveira (Bruno Duarte, 46), Elves Baldé (Cristian Ponde, 46), Marco Matias (Belloumi, 63) e Rui Costa (Rafael Barbosa, 63).
(Suplentes: Luiz Felipe, Artur Jorge, Rafael Barbosa, Bruno Duarte, Cristian Ponde, Seruca, Belloumi, Vítor Gonçalves e Maxuel).
Treinador: José Mota.
- Casa Pia: Ricardo Batista, Fernando Varela (João Nunes, 81), Vasco Fernandes, Zolotic, Gaizka Larrazabal, Ângelo Neto (Pablo Roberto, 56), Beni Mukendi (Diogo Pinto, 81), Leonardo Lelo, Yuki Soma (Felippe Cardoso, 70), Godwin e Clayton Silva (Rafael Martins, 70).
(Suplentes: Lucas Paes, João Nunes, Derick Poloni, Rafael Martins, Diogo Pinto, Fernando Andrade, Felippe Cardoso, Tiago Dias e Pablo Roberto).
Treinador: Filipe Martins.
Árbitro: Bruno Vieira (AF Lisboa).
Ação disciplinar: cartão amarelo para Ângelo Neto (45+3), Ricardo Batista (49), Belloumi (65), Beni Mukendi (74), Zolotic (86) e Rafael Barbosa (90+2).
Assistência: Cerca de 4.000 espetadores.
I Liga / Farense – Casa Pia (Declarações)
Declarações após o jogo Farense-Casa Pia (0-3), da primeira jornada da I Liga portuguesa de futebol, disputado hoje em Faro:
- José Mota (treinador do Farense): “[O resultado] Não reflete [o que se passou em campo]. Este desnível em termos de golos, para quem não viu o jogo, poderá pensar numa superioridade do Casa Pia. Agora quem viu o jogo, percebe que tal não se verificou.
Se formos avaliar os lances de golos, claro que o adversário tem mérito, mas também existe algum demérito da nossa parte. O primeiro golo é num lance de bola parada em que a marcação ao Clayton [Silva] falhou, o segundo acontece daquela maneira e o terceiro é uma grande penalidade, que poderia eventualmente não ter acontecido.
É claro que defrontámos uma equipa com muita experiência, jogadores com muita experiência, talvez a equipa, pelo menos no que respeita à defesa, mais experiente da I Liga. Uma série de jogadores com muitos anos de futebol e que já têm experiência para perceberem e virarem o jogo a favor deles. Uma equipa que mostrou o que fez na época passada, que já vem da II Liga com entrosamento, o mesmo modelo de jogo e os mesmos jogadores.
Nós não fomos inferiores ao Casa Pia, disputámos o jogo pelo jogo. Sofremos o primeiro golo, tivemos uma boa reação, com várias oportunidades na primeira parte, fizemos um golo que, por 15 ou 20 centímetros, acabou por não acontecer. Poderíamos e merecíamos estar, pelo menos, empatados na primeira parte.
Na segunda parte, também tentámos, com as alterações, dar mais agressividade em termos ofensivos, mas o Casa Pia não nos deu espaços e conseguiu mais dois golos. Acho que é demasiado penalizador para o que se passou.
Sabemos quais são as nossas limitações. Reconhecemos as nossas limitações, precisamos de mais jogadores e precisamos de experiência. Mas gostei muito da equipa. Não foi inferior ao Casa Pia. A equipa trabalhou, lutou, jogou, mas no último terço teve alguma dificuldade.”
- Filipe Martins (treinador do Casa Pia): “A vitória da nossa parte é inequívoca. No entanto, podemos considerar um bocadinho, se calhar, demasiado alargada a vantagem, também porque o adversário nunca desistiu e teve sempre o jogo entreaberto.
A nossa equipa esteve muito bem, controlou muito bem uma ou outra fase de mais ascendente do Farense. E sabíamos que, em vantagem, o Farense teria de arriscar um bocadinho mais e iria dar-nos os espaços de que precisávamos para tentar fazer o segundo golo. Acho que, a partir do segundo golo, tivemos sempre o jogo muito controlado.
É ótimo [entrar bem no campeonato]. É sempre importante, depois de uma excelente pré-época que fizemos, capitalizar em pontos o início de campeonato. Sabíamos que não era um jogo fácil, ainda para mais num estádio onde o Farense não perdia há muito tempo.
Mas isso também nos serviu a nós de motivação extra, porque sabíamos que vínhamos de uma ‘onda’ de vitórias, de uma ‘onda’ de subida, mas acho que, acima de tudo, também houve muito mérito da nossa parte na forma como contrariámos os períodos em que o Farense esteve ‘por cima’.”
COMENTÁRIO: Casa Pia abre campeonato com vitória no terreno do promovido Farense
No encontro da jornada inaugural do campeonato, Clayton Silva, aos 15 minutos, o reforço Pablo Roberto, saído do banco de suplentes, aos 64, e Godwin, de grande penalidade, aos 90, assinaram os golos da vitória da equipa lisboeta, mais adulta e madura do que os algarvios, ainda sem soluções para encarar o escalão principal.
Os dois treinadores primaram pela estabilidade na estreia na edição 2023/24 da I Liga, apostando nas ‘espinhas dorsais’ utilizadas na época passada, reforçadas com apenas duas ‘caras novas’: o lateral direito espanhol Fran Delgado nos algarvios e o extremo espanhol Gaizka Larrazabal nos ‘gansos’.
O conjunto casapiano, em ‘3x4x3’, entrou mais tranquilo, a fazer valer as qualidades já evidenciadas na temporada anterior, com Yuki Soma e Godwin em destaque nas alas, chegando à vantagem, através de um lance de bola parada, à passagem do primeiro quarto de hora.
Num primeiro canto, Godwin ameaçou o golo, num cabeceamento ao primeiro poste cortado por Fran Delgado na ‘hora H’, e no canto subsequente, Lelo cruzou para a cabeçada de Clayton Silva, que saltou mais alto, no ‘coração’ da área, ‘nas costas’ de Muscat.
Com os adeptos de regresso ao Estádio de São Luís para um jogo de elite, o que não acontecia desde 2002 (na época 2020/21, a pandemia de covid-19 deixou os estádios vazios), Rui Costa festejou o empate um minuto depois, mas o golo foi anulado por fora de jogo após análise do videoárbitro.
Até ao intervalo, imperou o equilíbrio, com as duas equipas viradas para o ataque e a criar situações que deram protagonismo aos dois guardiões: Ricardo Velho defendeu as tentativas de Beni Mukendi (24) e Godwin (37), e Ricardo Batista travou, em cima da linha de baliza, um cabeceamento de Rui Costa ao primeiro poste (33).
José Mota fez duas substituições ao intervalo, trocando o ‘4x3x3’ do primeiro tempo pelo ‘4x4x2’, mas o ritmo de jogo desceu e o nível qualitativo da partida piorou, o que não surpreende, face ao desgaste físico de início da temporada.
Só com uma ameaça de Fabrício Isidoro de fora da área, para nova defesa de Ricardo Batista (49), o técnico do Farense voltou a mexer, mas o Casa Pia alargou a diferença logo a seguir.
Pablo Roberto roubou a bola a Fabrício e rematou de imediato, com Ricardo Velho a ‘ficar mal na fotografia’ (64).
Até final, a equipa algarvia tentou responder, sempre mais com o ‘coração’ do que com a cabeça, mas sem grandes soluções – o treinador já disse que ainda esperava reforços para todos os setores.
O Casa Pia, mais tranquilo a defender a vantagem, ‘selou’ o resultado aos 90 minutos, numa grande penalidade convertida por Godwin, a castigar falta de Fran Delgado sobre o próprio avançado nigeriano.