Instalação em permanência 06.09 a 15.10, inauguração às 19h Fábrica da Cerveja, Faro
Horário de funcionamento: 

Terça a quinta e domingo, 15h às 20h 

Sexta a sábado, 15h às 22h 

Encerra às segundas-feiras. 

Nova criação de Tiago Cadete revela a voz de migrantes latino-americanos que vivem  em Portugal e em Espanha. 

Quem são os novos migrantes? E que desejos têm quando migram para o país que os  colonizou? O novo projeto do artista Tiago Cadete - CONCERTO - foi criado com a  cumplicidade de 20 migrantes latino-americanos residentes em Alcobaça, Pombal e  Granollers (Catalunha), cujos testemunhos compõem o texto da performance. Uma  plateia vazia é palco de um concerto de múltiplas vozes, formando uma partitura que  revela processos migratórios contemporâneos em justaposição com a história colonial.  O resultado é um concerto sem corpo, um concerto fantasmagórico de vozes. 

O espetáculo estreou a 5 de Maio de 2023 em Alcobaça, inverte a relação tradicional  numa sala de teatro, colocando o público em palco. Sentados, os espectadores ouvem  as histórias de migração pela voz dos próprios migrantes, projetadas por vinte colunas  

negras que povoam a plateia. CONCERTO é a composição sonora com as vozes dos  que, invisíveis, usualmente não escutamos. 

O artista português apresenta assim o resultado de quatro residências artísticas, em  Portugal e na Catalunha, onde trabalhou com dezenas de participantes. Conheceu e  recolheu as suas histórias de migração, num processo ao abrigo do projeto Stronger 

Peripheries: a Southern Coalition, um desafio lançado em Portugal pela Artemrede  (coprodutor do espetáculo). 

SINOPSE 

Uma plateia vazia é palco de um concerto de múltiplas vozes de migrantes latino americanos que vivem em Portugal e Espanha. Os seus depoimentos formam uma  partitura que revela processos migratórios contemporâneos em justaposição com a  história colonial. Quem são esses novos migrantes? E que desejos eles têm quando  migram para o país que os colonizou? Uma inversão do palco e do público, dando voz a  quem normalmente assiste. A plateia torna-se um palco, e o palco torna-se uma plateia.  Um concerto sem corpo, um concerto fantasmagórico de vozes. 

CALENDÁRIO 

10 - 24 Fev 2023 >>> Residência de pesquisa @ Casa Varela 

27 Fev a 12 Mar 2023 >>> Residência de pesquisa @ CAM - Levant Teatre (Granollers,  Catalunha) 

13 - 26 Mar 2023 >>> Residência criativa @ TAG - Llevant Teatre (Granollers, Catalunha) 01- 15 Abr 2023 >>> Residência técnica @ Centro Cultural da Malaposta 21- 24 Abr 2023 >>> Residência criativa @ Casa Varela + Cine-Teatro Pombal 24 - 29 Abr 2023 >>> Residência criativa @ Alcobaça 

05 - 06 Mai 2023 >>> Estreia / apresentações @ Cine-Teatro Alcobaça 12 -13 Mai 2023 >>> Estreia / apresentações @ TAG - Llevant Teatre (Granollers,  Catalunha) 

06 Set - 15 Out 2023 >>> Instalação em permanência, Fábrica da Cerveja Faro 

Nos últimos anos tenho desenvolvido um trabalho de pesquisa e investigação  que lidam com os conceitos de história, memória e identidade. Geralmente parto de  materiais documentais ou crio novos documentos, para estabelecer relações críticas  sobre os mesmos. Parto ainda da minha biografia para enquadrar a minha pesquisa.  Nasci em Faro, na região do Algarve, que no final dos anos 90 não tinha ainda um grande  movimento cultural e artístico. Nesse sentido, tornei-me migrante regional ao escolher  a cidade de Lisboa como lugar para iniciar a minha formação universitária no campo 

artístico. Em Lisboa iniciei as minhas aproximações às práticas contemporâneas tanto  das artes performativas como visuais. Criei os meus primeiros trabalhos autorais bem  como colaborações com diferentes artistas das áreas do teatro e da dança. Diversas  instituições apoiaram o meu trabalho de criação como artista emergente. Mas foi no  ano de 2013 que decidi por questões socioeconómicas e políticas migrar para o Brasil.  Contemplado com uma bolsa de estudos da fundação de gestão dos direitos dos artistas,  completei uma formação em dança com foco na pesquisa de movimento em Laban. Essa  ida que parecia a partida momentânea, tornou-se mais longa. 

Esse processo de migração apresentou-se como transformador para a construção da  minha identidade e consequentemente para a minha pesquisa artística. Viver num país  com ligações históricas ao meu, me recolocou em outra posição. Que lugar ocuparia  nessa história colonial e que factos históricos tinha assimilado e que se apresentavam  incorretos? Nesse processo de procura decidi continuar a minha pesquisa universitária  na área da crítica e experimentação artística. Nesse sentido fiz o mestrado em artes da  universidade federal do rio de janeiro, pesquisando as construções pictóricas dos  últimos 500 anos e suas representações. A pesquisa teórica acompanhou a pesquisa  prática na criação da performance “Alla prima” que foi apresentada tanto no Brasil como  em Portugal. O contraste entre esses dois olhares foi decisivo para pensar que deveria  continuar a investigar mais profundamente as relações entre os dois países. Nesse  sentido ingressei no Doutoramento da mesma instituição do mestrado criando nos  últimos 5 anos performances e objectos, que lidam com o processo migratório destas  duas comunidades, bem como relações territoriais que as separam, como o é o caso do  oceano atlântico. Esses objectos por vezes lidam com a participação direta ou indireta  dessas comunidades que se espelham nos objectos finais. 

Durante este percurso tive oportunidade de apresentar internacionalmente o meu  trabalho com foco na América latina e Portugal. Nesta fase do meu percurso gostaria de  ampliar as relações internacionais no continente europeu, fomentando as trocas de  ideias e tensionando os conceitos de sul europeu e sul global. 

Em cada projecto lido com diferentes modos de participação. O projecto “Entrevistas”  parte de um conjunto de entrevistas feitas a migrantes portugueses a residir no brasil  nos últimos 10 anos, esses depoimentos foram o corpo de trabalho para desenvolver  uma aproximação com a minha própria biografia. O projeto “Alla Prima” teve a 

contribuição de depoimentos descritivos de vários artistas visuais brasileiros que  descreviam obras de arte brasileiras e que as suas descrições faziam parte da  performance. O projecto BRASA contava com dois grupos de migrantes que escolheram,  opostamente o país para migrar, ou seja, um grupo de artistas migrantes brasileiros a  viver em Portugal e um grupo de artistas migrantes portugueses que já viveram no  brasil. Todo o trabalho questionava as relações entre estes dois grupos. 

As formas de participação da comunidade adaptam-se a diferentes condicionantes,  sejam elas de origem, monetárias, ou até mesmo conceptuais. Para mim, a participação  pode abranger diversos níveis, sejam eles mais ou menos visíveis, contudo essa é uma  prática que gostaria de dar continuidade em futuros projectos. 

O novo trabalho que estou neste momento a criar resulta de um concurso organizado  pelo projecto europeu: Stronger Peripheries: A Southern Coalition, co-financiado pelo  programa Europa Criativa da União Europeia. Deste projecto fazem parte diferentes  países europeus, concentrados na bacia do mediterrâneo que querem, conjuntamente  com os artistas, pensar a ideia de sul. O projeto que participo tem como nome “Having  a Voice” e será uma oportunidade de conectar pensamento e reposicionamento de  conceitos como os diferentes suis. 

Apesar de ser cidadão europeu sempre lidei com a ideia de uma identidade a sul.  Nascendo no Algarve, região mais a sul de Portugal que por sua vez se situa a sul da  europa. Essa vontade de descobrir outros suis foi o que me levou a ir para o brasil e  desenvolver pesquisa e trabalho nessa região que abarca o sul global. Encaro esta  experiência como uma oportunidade de partilhar e absorver ideias sobre essas  marginalidades geográficas que dependem intrinsecamente do conceito de norte  hegemónico. 

Quando me deparei com o tema da call “Having a Voice” várias questões surgiram:  Quem tem uma voz? Que voz interessa ter? Quem escuta? e que meios são usados para  essa difusão. A contemporaneidade e seus modos digitais parecem democratizar o  acesso e difusão de diferentes vozes que no passado foram oprimidas. 

Actualmente é possível encontrar nichos de pensamento que outrora não tinham  espaço e representatividade e que contribuíam para a ideia de uma história única. Novos  músicos são escutados, outros artistas visuais ocupam espaços em museus, diversos  grupos levantam temas minoritários mas que conseguem aparentemente chegar aos 

seus interlocutores. A internet como última ferramenta que consagra a globalização  parece criar um simulacro do que seria o mundo sem fronteiras materiais uma utopia  da migração das ideias. Contudo sabemos que essa democratização é aparente. Não  basta apenas ter uma voz mas sim como ela se difunde e é nesse campo que os  algoritmos usados em plataformas de difusão parecem ser uma ameaça. 

Em meados de 2004, a internet hospedava cerca de 9 milhões de blogs autobiográficos,  enquanto a quantidade de leitores não chegava a 14 milhões. Em 2007, calculou-se que  140 milhões de usuários já produziam conteúdos para canais virtuais interativos,  enquanto o número de leitores e espectadores estimados para todo esse material era  mais ou menos equivalente. Baseado nessa amostragem de dados, seria possível afirmar  que ocorreu um aumento significativo no número de vozes e consequentemente de  autores – portanto, uma tendência rumo à democratização da fala – e, ao mesmo  tempo, ocorreu uma forte queda do público leitor/escuta. 

Muitas vezes essa fala funciona apenas como uma câmara de eco que diz mais sobre  quem fala do que sobre quem escuta. Nesse sentido, importa mais do que ter uma voz  pensar como ela se difunde e se multiplica. 

Os últimos dois anos, onde fomos forçados mundialmente a usar ainda mais os  dispositivos digitais, foram reveladores deste dilema aparentemente democrático. E  com essa experiência exaustiva, foram valorizados os espaços de troca de ideias não  digitais como os espaços ao ar livre, os edifícios teatrais, discotecas, entre outros. 

Poderá a arte contribuir para essa ampliação de vozes? Acredito que sim. Talvez não  como um megafone mas por uma rede de afetos que se ramifica a partir da arte. Um  procedimento mais lento, comparado aos fluxos contemporâneos, contudo mais  sedimentado. 

Dando continuidade à minha pesquisa, colaborei com grupo de migrantes latino americanos que escolheram Portugal e Espanha para residir. As suas vozes foram  ampliadas por um dispositivo de 20 colunas de som espalhadas na plateia de um teatro  

onde o público sentado do palco assiste a um CONCERTO de vozes. Tiago Cadete

EQUIPA 

Criação, desenho de som e luz: Tiago Cadete 

Desenho de som: Nico Espinoza 

Com a participação de: Alina Canosa; Alison Rojas; Angel Arteaga; Damariz Ushiña;  Danitsa Cabrera López; Elida Hernández; Emilsón Henry; Esther Lozano; Ikebana  Cabrera; llonka Flores; Jonathan Zapata; Kevin Mazariegos; Leonela Rendón; Lucía de  la Maza; Melody A.; Paulina Tovo; Roxana Gomez; S. Martínez; Sergio Del Rio; Thais  Peixoto; Vinicio Figueredo 

Produtora: Ana Lobato 

Mediadores (PT): Jonnathan Zapata e Pablo Peixoto 

Mediadora (CAT): Laura Colomé 

Transcrição e tradução: Diana Cadete e Lucía de la Maza 

Assessoria de imprensa: Mafalda Simões 

Produção: Co-pacabana 

Co-Produção: ARTEMREDE (PT), em associação com os Municípios de Alcobaça e Pombal e Transversal (CAT), em parceria com o Município de Granollers, em Tandem  no âmbito do projeto Stronger Peripheries: A Southern Coalition Residências: Casa Varela – Centro de Experimentação Artística e Cine-Teatro de  Alcobaça João d’Oliva Monteiro (PT), CAM – Centre d’Arts en Moviment Roca Umbert (Centre for Moving Arts) e TAG – Teatre Auditori de Granollers / Llevant  Teatre (CAT). 

Apoio à Residência: Centro Cultural da Malaposta 

Apoios: Servei de Nova Ciutadania; CNL Granollers; Casa-Atelier Vieira da Silva Projecto financiado por: Stronger Peripheries: A Southern Coalition, co-financiado pelo programa Europa Criativa da União Europeia e pela República Portuguesa - Cultura / Direção-Geral das Artes 

M16 | 45min aprox.

BIOGRAFIAS 

_Tiago Cadete (Portugal)_  

Criação, desenho de som e luz 

Artista Transdisciplinar. Doutor em artes PPGAV-UFRJ, onde é mestre pela mesma  instituição. Foi bolseiro da GDA- Gestão dos Direitos dos Artistas na Pós Graduação em  Sistema Laban/Bartenieff- Faculdade de dança Angel Vianna/ Laban. É licenciado em  Teatro pela Escola Superior de Teatro e Cinema. Tem o curso Aprofundamento_Criação  Artística Escola de Artes Visuais Parque Lage. Criou os espetáculos BRASA (2021);  ATLÂNTICO (2020); FIUME (2020); CICERONE (2020); ENTREVISTAS (2018); ALLA PRIMA  (2016); GOLDEN (2014); HIGHLIGHT (2011). Colaborou com Solange Freitas em CORTEJO  (2022); com David Marques em APAGÃO (2017) e CRITIQUE (2020); com Solange Freitas  e Catarina Vieira em FESTIM (2012) Entre 2011 e 2013 colaborou com Raquel André  tendo criado: TURBO_LENTO (2013); LAST (2012) e NO DIGITAL (2011). 

_Nico Espinoza (Chile)_  

Desenho de som 

Compositor e artista transdisciplinar atualmente radicado em Lisboa. Seu trabalho  explora as relações entre diferentes escalas da realidade por meio da invenção de  sistemas auto-organizados, e suas composições, performances e instalações foram  exibidas na América Latina e na Europa. Ele também trabalha como designer de som,  designer de experiência interativa e curador (no contexto de novas mídias) para estúdios  criativos e instituições como Maotik Studio, Mote Studio, Humboldt-Universität zu  Berlin, cactus.is, JPG.ARQ e Festival Multiplicidade . Ele possui um M.A. em Sound  Studies and Sonic Arts pela University of the Arts Berlin (UdK Berlin) e um M.Sc. em  Eletrônica pela Universidad Técnica Federico Santa María (Valparaíso, Chile). 

_Ana Lobato (Portugal)_  

Produtora 

Licenciada em História Moderna e Contemporânea (2006); Pós-Graduada em História,  Defesa e Relações Internacionais (2009) e Pós-Graduada em Gestão e Estudos da  Cultura, ramo de Gestão Cultural, ISCTE –IUL (2014). Entre 2003 e 2004 estudou na  Facoltà di Scienze Politiche, na Universidade de Pisa – Itália, e, entre 2013 e 2014. Entre 

2013 e 2019 residiu e desenvolveu a sua atividade profissional no Rio de Janeiro, onde  trabalhou como produtora executiva em projetos artísticos e culturais, destacando-se o  trabalho desenvolvido na produção de exposições de arte contemporânea. Desde 2019  vive e trabalha em Lisboa, onde tem desenvolvido a sua atividade profissional como  produtora de artes performativas e visuais. Destaca-se a colaboração com a associação  Co-pacabana na produção de espetáculos, nomeadamente “Cortejo” (criatório);  “Cicerone” (Festival Temps d’Images) e “Atlântico” (Teatro Nacional Dona Maria II) do  artista Tiago Cadete.