Este livro pretende contar a história do Grupo Folclórico de Faro, o mais antigo grupo de folclore do Algarve e um dos mais antigos do país, cujas origens remontam ao início dos anos 30.
Nesta publicação, coordenada por Amabélio Pereira, juntaram-se à história do Grupo dezenas de testemunhos recolhidos junto de diversas personalidades e de atuais e antigos componentes. O livro conta também com diversas fotos, ilustrações e recortes de imprensa alusivos às diferentes épocas e fases da longa vida do Grupo, e uma galeria fotográfica com diversos retratos captados pelo fotógrafo Luís Santos.
A apresentação do livro contará com a presença de Rogério Bacalhau, Presidente da Câmara Municipal de Faro, bem como de Paulo Santos, Vice-Presidente e Marco Lopes, Diretor de Museu Municipal, para além de Helena Franco, Presidente do Grupo Folclórico de Faro e de Amabélio Pereira, coordenador e organizador do livro, numa sessão moderada por Sofia Vairinho, doutorada em Direito e acordeonista do Grupo.
A edição do livro contou com o apoio do Município de Faro, montagem e composição gráfica de Luís Trincheiras, capa de Pedro Furtado e impressão a cargo da empresa Sersilito.
UMA HISTÓRIA COM MAIS DE 90 ANOS
O mais antigo dos grupos de folclore da região algarvia foi formado em Faro por Serafim Carmona, no início dos anos 30. Teve como principal impulsionador Henrique Bernardo Ramos - grande figura do folclore algarvio que liderou o Grupo durante quase 40 anos.
Começou por se chamar Rancho Regional Algarvio ou, simplesmente, Rancho do Algarve, por ser o único na região. Na época, o Corridinho era já considerado a expressão máxima das danças populares algarvias, a par dos Bailes de Roda e do característico "Baile Mandado". Atingiu grande fama o virtuosismo dos seus tocadores e a habilidade dos bailadores nas "escovinhas" e "sapateados".
Na sua génese estiveram muitos dos grandes acordeonistas que marcaram uma época: José Ferreiro Pai, António Madeirinha, José Massena Fialho (o “Céguinho da Luz”), José Padeiro, Armindo Barbosa, José Granja, Marum, entre muitos outros. As habilidades dos bailadores nas “escovinhas” e “sapateados” fizeram escola em todo o Algarve – “Pechalhá”, “Rabinete”, Miguel dos Santos, Leal, “Galinho”, Carminho e irmãos Fantasia marcaram uma época na arte de dançar o corridinho.
Foram muitos os êxitos, como as “Noites Algarvias” que lotaram o Coliseu dos Recreios em Lisboa nos anos 40 e 50, mas também não faltaram revezes e até paragens, devido aos anos mais duros da emigração que levaram muitos dos elementos do Grupo para fora do país.
Nos anos 60, o Grupo volta a brilhar ao lado da saudosa Orquestra Típica de Faro, e inicia uma ativa participação na animação turística do Algarve.
Nos anos 80 e 90, sob a direção de Fernando Fantasia, conhece os palcos de muitos dos mais importantes festivais de folclore, um pouco por todo o mundo. A partir de então não mais parou de representar o país nos quatro cantos do mundo!
GRUPO DE REFERÊNCIA NO FOLCLORE DO ALGARVE
O Grupo Folclórico de Faro é uma referência obrigatória no panorama do folclore algarvio. É membro da Federação do Folclore Português, filiado no Inatel e foi um dos fundadores da Associação de Folclore e Etnografia do Algarve. Enquanto organizador do FolkFaro, é também membro do CIOFF Portugal (Conselho Internacional dos Organizadores de Festivais de Folclore e Artes Tradicionais), integrando também os seus órgãos sociais.
O Grupo tem quatro secções, abrangendo cerca de 100 elementos. O grupo de dança adulto que interpreta, desde 1930, os característicos corridinhos, bailes de roda e baile mandado, numa tradição que se transmite de geração em geração. O grupo infantil permite aos mais pequenos recriar em palco as brincadeiras, as cantigas e as danças dos tempos dos seus avós, garantindo a continuidade do grupo, com a formação de novos bailadores. O Cancioneiro, grupo de cantares populares e tradicionais, procura mostrar um pouco da diversidade das raízes musicais do Algarve. Finalmente, a escola de acordeão, que pretende dar um contributo para a formação de novos tocadores do instrumento-rei do Algarve.
Para além de apresentações por todo o país, o Grupo tem vindo a participar em inúmeros festivais internacionais de folclore, tendo já efetuado deslocações a Espanha, França, Marrocos, Canadá, EUA, Itália, Brasil, Turquia, Suíça, México, Hungria, República Checa, Chipre, Grécia, Rússia, Eslovénia, Bélgica, Polónia, Argentina, Uruguai e Croácia. Participou em diversos trabalhos e publicações de carácter etnográfico, em desfiles e exposições de trajes, e várias edições discográficas.
Considerado como uma verdadeira instituição da capital algarvia, o Grupo Folclórico de Faro foi distinguido pela Câmara Municipal, no ano de 2002, com a Medalha de Ouro da Cidade. Em 2014, recebeu a Medalha e o Diploma de Mérito atribuídos pela União das Freguesias de Faro. Em 2015, recebeu o Prémio Figuras, atribuído pelo Teatro Municipal de Faro, pela realização do FolkFaro – Folclore Internacional Cidade de Faro.
Em 2017, com a atribuição ao Grupo, pelo Município de Faro, do piso superior do edifício histórico do Solar do Capitão-Mor, concretizou-se uma aspiração antiga do Grupo: a inauguração da sua Sede Social. Já em 2021, foi inaugurado um monumento de homenagem ao Grupo Folclórico de Faro, intitulado “O Corridinho”, da autoria do escultor Carlos de Oliveira Correia, numa das novas rotundas da cidade.
A caminho do centenário, este livro pretende perpetuar na memória dos algarvios e, em particular, dos farenses o percurso de um grupo que constitui um marco incontornável na história da cultura popular da região.