A mortalidade por covid-19 aumentou 16% na última semana, atingindo os 60,7 óbitos por um milhão de habitantes, três vezes mais do que o limiar definido a nível europeu, indica a análise de risco da pandemia hoje divulgada.

Na quarta-feira, a “mortalidade específica por covid-19 registou um valor de 60,7 óbitos em 14 dias por um milhão de habitantes, o que corresponde a um aumento de 16% relativamente ao último relatório (52,2), indicando uma tendência crescente do impacto da pandemia” neste indicador, adiantam as “linhas vermelhas” do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) e da Direção-Geral da Saúde (DGS).

Segundo o documento, o valor de 60,7 é superior ao limiar de 20 óbitos em 14 dias por um milhão de pessoas definido pelo Centro Europeu de Controlo de Doenças (ECDC) e ao limite de 50 mortes do referencial “linhas vermelhas”, o que se traduz num “impacto muito elevado da epidemia na mortalidade específica por covid-19”.

A análise da DGS e do INSA avança ainda que, na quarta-feira, os hospitais de Portugal continental atingiram os 61% do limiar definido como crítico de 255 camas ocupadas em cuidados intensivos (155 doentes), o que representa uma tendência estável a nível nacional, mas com variações por regiões.

O Norte atingiu os 99% do nível de alerta de 75 camas ocupadas nestas unidades, enquanto o Algarve, com cinco doentes em cuidados intensivos, registou apenas 22% de ocupação das 23 camas deste nível.

De acordo com as “linhas vermelhas”, a incidência cumulativa a 14 dias foi de 7.149 infeções por 100 mil habitantes em Portugal, indicando uma intensidade muito elevada, mas agora com “tendência crescente com sinais claros de desaceleração”, já que aumentou 10%, enquanto na semana anterior tinha crescido 29%.

O grupo etário com incidência cumulativa a 14 dias mais elevada correspondeu ao das crianças com menos de 10 anos (13.523 casos por 100 mil habitantes), mas registando uma “tendência estável com inversão”, adianta o documento.

A proporção de casos com resultado positivo nos testes realizados para despiste do coronavírus SARS-CoV-2 entre 27 de janeiro e 2 de fevereiro foi de 19%, acima dos 18,3 do último relatório e do limiar de 4%.

Na última semana foram realizados menos testes, cerca de 1,8 milhões, quando nos sete dias anteriores tinham sido efetuados mais de 2,1 milhões.

A análise de risco da pandemia refere também que as pessoas com a vacinação completa tiveram um risco de internamento “duas a cinco vezes menor do que os cidadãos não vacinadas, entre o total de pessoas infetadas em novembro”.

“Os cidadãos com um esquema vacinal completo tiveram um risco de morte três a seis vezes menor do que os não vacinadas, entre o total de infetadas em dezembro. Na população com 80 e mais anos, a dose de reforço reduziu o risco de morte por covid-19 para quase seis vezes em relação a quem tem o esquema vacinal primário completo”, avançam a DGS e o INSA.

A covid-19 provocou pelo menos 5.710.711 de mortes em todo o mundo desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.

Em Portugal, desde março de 2020, morreram 20.127 pessoas e foram contabilizados 2.843.029 casos de infeção, segundo a última atualização da Direção-Geral da Saúde.

A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China.

A variante Ómicron, que se dissemina e sofre mutações rapidamente, tornou-se dominante do mundo desde que foi detetada pela primeira vez, em novembro, na África do Sul.