“O Rt (índice de transmissibilidade do vírus) em todo o país está em descida acentuada e já se aproxima de 1 em média geométrica a sete dias, o que indica que o pico da incidência já está a ser atingido”, avança o relatório do grupo de trabalho de acompanhamento da pandemia do IST que a Lusa teve acesso.
Segundo o documento elaborado por Henrique Oliveira, Pedro Amaral, José Rui Figueira e Ana Serro, que compõem o grupo de trabalho coordenado pelo presidente do IST, Rogério Colaço, a taxa de variação de casos a nível nacional está próxima de 0%, o que também indica que Portugal está a atravessar o pico da incidência.
De acordo com estes especialistas, o pico da incidência atingiu um valor real de 130 mil a 150 mil infeções, das quais “foram visíveis menos de 60 mil casos (em média a sete dias) por saturação de testes”, adianta o estudo do IST da Universidade de Lisboa.
“Em fevereiro a tendência será de descida gradual da incidência, que depois passará a muito acentuada”, estima o IST, que prevê também que nos próximos dias ainda se registe um aumento ligeiro do número de hospitalizações e de óbitos “por inércia”, mas que deverá começar a reduzir a partir do final da próxima semana.
O grupo de trabalho mantém a previsão de que Portugal já não ultrapassará os 2.500 doentes em enfermaria por covid-19 e os 200 em unidades de cuidados intensivos, enquanto a mortalidade “será um pouco mais alta do que o esperado pelo arrastamento do pico da incidência para o início deste mês”.
“A fase de doença residente da covid-19 (à semelhança da gripe, por exemplo) aproxima-se agora a passos largos, as próximas semanas vão ser de descida de casos e, por arrastamento, de todos os indicadores”, indica ainda o relatório do Técnico.
Este grupo de acompanhamento da pandemia “confirma plenamente” a previsão anterior de que, devido às pessoas vacinadas e às que foram infetadas, “depois do final de fevereiro toda a população terá alguma imunidade ao vírus” SARS-CoV-2.
De acordo com os mesmos dados, a letalidade do grupo dos idosos com mais de 80 anos está estável, com valores a rondar os 4,5%, o que demonstra que o “esforço de vacinação continua a surtir efeitos nesta classe” etária.
Os especialistas consideram ainda que, desde o último relatório de 25 de janeiro, “houve uma diminuição do risco pandémico”, com o indicador de avaliação da pandemia elaborado pelo IST e pela Ordem dos Médicos (OM) a baixar na quarta-feira para o valor de 91,78, abaixo do limiar crítico dos 100 pontos.
De acordo com estas duas instituições, quando este indicador, que combina a incidência, a transmissibilidade, a letalidade e a hospitalização em enfermaria em unidades de cuidados intensivos, ultrapassa os 100 pontos, a resposta de saúde a pessoas com outras doenças começa a ficar comprometida.
“A probabilidade de regressar a 100 pontos (nível de alarme) em fevereiro é de apenas 40%, com tendência de descida. A probabilidade de o indicador ultrapassar os 120 (nível crítico) desceu de 40% para níveis próximos de 0”, adianta o documento.
A covid-19 provocou pelo menos 5.686.108 de mortes em todo o mundo desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.
Em Portugal, desde março de 2020, morreram 20.024 pessoas e foram contabilizados 2.745.383 casos de infeção, segundo a última atualização da Direção-Geral da Saúde.
A variante Ómicron, que se dissemina e sofre mutações rapidamente, tornou-se dominante do mundo desde que foi detetada pela primeira vez, em novembro, na África do Sul.