Os laboratórios genómicos mundiais detetaram, na última semana, cerca de 14 mil novos casos da variante Ómicron do coronavírus SARS-CoV-2, quatro vezes mais do que na semana anterior, indica um relatório epidemiológico da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Segundo a análise da rede mundial de laboratórios GISAID, que colabora com a OMS, a percentagem da variante Ómicron subiu, e sete dias, de 0,1% para 1,6%.

Ao analisar-se estes números, deve ter-se em conta que resultam da soma de análises dos últimos 60 dias e que, portanto, a percentagem real de caso de Ómicron pode ser maior, como nota a agência espanhola Efe.

Simultaneamente, tem havido um esforço dos laboratórios para detetar a nova variante e sequenciar os casos suspeitos.

Porém, apenas uma pequena parte dos casos de covid-19 – 1 em cada 40, segundo a OMS – é analisada em laboratório.

Ainda que a grande maioria das novas infeções (96%) continue a ser da variante Delta, dominante em 2021, a Ómicron apresenta um risco associado “muito elevado”, assinala a OMS.

A organização mundial, com sede em Genebra, na Suíça, recorda que, enquanto em novembro, a maioria dos casos de Ómicron estava relacionada com viagens, entretanto vários países já reportaram focos de transmissão comunitária.

Até esta terça-feira, todas as seis regiões utilizadas pela OMS aumentaram o número de novos casos da nova variante, contabilizando-se agora 106 países que já a identificaram.

A atual situação “é caracterizada pela predominância da variante Delta, o declínio das variantes Alfa, Beta e Gama, que têm circulado em prevalências muito baixas há várias semanas, e a emergência da variante Ómicron”, constata a OMS, no habitual relatório epidemiológico semanal atualizado.

Porém, “continua a ser incerto em que medida a observável taxa de crescimento rápido pode ser atribuída à perda de imunidade, à crescente transmissibilidade intrínseca ou a uma combinação das duas”.

Também os dados sobre a gravidade clínica da Ómicron “continuam a ser limitados”, reconhece a OMS, insistindo que não é possível afirmar se a Ómicron produz infeções mais ou menos graves de covid-19.

Mas é possível constatar – realça – que se verificou um aumento das hospitalizações em países onde a sua prevalência é alta, como a África do Sul ou o Reino Unido, o que dá a esta variante a capacidade de exercer uma pressão preocupante sobre os sistemas de saúde.

Confirmado está que a Ómicron assume uma “vantagem de crescimento sobre a Delta”, que chegou a contabilizar mais de 99% dos casos de laboratório analisados e que nas últimas duas semanas está a ceder terreno perante a variante Ómicron, detetada na África do Sul.

Confirmado está também que a Ómicron se “está a espalhar rapidamente, (…) mesmo nos países com elevados índices de imunização”, nota a OMS.

A organização reitera que os dados preliminares indicam que existe um maior risco de infeção com a variante Ómicron entre as pessoas com apenas um primeiro ciclo vacinal e as que tenham sido infetadas anteriormente.

A nível global, na última semana analisada (13 a 19 de dezembro), registou-se o mesmo número de casos de infeção com o coronavírus, tendo as mortes por covid-19 diminuído 9 por cento.

A região de África continua a ser palco do maior aumento de novos casos nas últimas semanas, mas é a região da Europa que regista atualmente a maior incidência de casos semanais.