As duas mulheres, com 66 e 69 anos, são suspeitas de crimes como burla qualificada, usurpação de funções ou ofensa à integridade física agravada por morte, precisou a PJ num comunicado, frisando que as detidas residem na zona sul do país e foram detidas ao abrigo de um inquérito conduzido pelo Ministério Público de Olhão.
Uma das detidas tem nacionalidade portuguesa, enquanto a outra é estrangeira, e ambas vão ser presentes em tribunal para serem submetidas a primeiro interrogatório judicial e conhecerem as eventuais medidas de coação.
“As detidas, intitulando-se médicas ou profissionais de saúde detentoras de correspondente título académico, vinham propondo e administrando a pessoas residentes por todo o país - incluindo crianças (algumas recém-nascidas e com indicação de terapêutica pediátrica especializada), assim como a animais - tratamento médico eficaz”, referiu a PJ.
As suspeitas, explicou, prometiam “cura para um leque alargado de doenças comuns e graves, inclusive do foro oncológico”, e recorriam a “práticas de medicina alternativa” que eram “administradas em espaços que funcionavam como clínicas de atendimento” e onde “produziam, manipulavam, fracionavam e armazenavam supostas preparações homeopáticas e medicamentosas convencionais, algumas injetáveis”.
A operação policial que levou à detenção das mulheres permitiu apreender “um importante acervo probatório e diversas substâncias presumivelmente perigosas para a saúde”.
Os investigadores puderam também “identificar vários pacientes-vítimas destas práticas, em particular doentes oncológicos, alguns já falecidos, aos quais, a troco do pagamento de quantias em numerário, as detidas prometeram a cura da sua doença”, observou a PJ.
A instituição policial realçou que era sugerido aos pacientes “o abandono das terapias convencionais, tal como a quimioterapia”, e proposta a toma de “terapias e preparados medicamentosos ou suplementos não registados ou autorizados em território nacional, fabricados ou manipulados pelas próprias”.
Alguns destes compostos tinham “rotulagem alusiva a compostos potencialmente perigosos, sobretudo se administrados em pacientes oncológicos”, acrescentou a polícia, sublinhando o contributo dado pelo Infarmed, a autoridade nacional do medicamento, pela Entidade Reguladora da Saúde e por uma representação da Ordem dos Psicólogos durante a investigação.