António Dores | antonio.humberto.dores@gmail.com

É Natal, cantam-se canções da época

As ruas iluminadas brilham de esplendor

A felicidade reflete-se nas montras

Mostruários de outros, a dor…

Compramos prendas e presentes

Outros oferecem as mãos vazias

Aquilo que para uns é contentamento

Para outros, sofrimento todos os dias

A nossa mesa farta enche-se de vitualhas

Outros enchem a barriga de vento

Tudo para nós é poesia

Mas para outros, versos de padecimento

Aproxima-se a data de oiro, incenso e mirra

A fome, outros menos afortunados consome

Se para uns, esta época é festiva

Para outros, é espelho e ira da própria fome…

Tudo aquilo que hoje se oferece

Numa sociedade de consumo que nos consome

É reflexo de tempos de desapego

De desumanidade e desaconchego

Que nos destrói de modo informe

Alimenta-se da nossa alma a voragem

Nestes dias que são de Festa

Pois consumimos com tremenda inconsciência

Gastando tudo aquilo que nos resta

A dignidade, o humanismo, a solidariedade

Tudo agora é novamente esquecido

Pois tudo o que queremos no Natal

É celebrar a Alegria Festiva

Mascarando o sofrimento

De um mundo inteiro que padece

Pois agora tudo é olvidado

Agora que o Natal acontece…!!...