Naquele que ficou conhecido como “o ano da máscara”, devido à persistência da situação pandémica provocada pela propagação da COVID-19, o projeto de Literacia do Oceano prosseguiu a sua execução graças à adaptabilidade e empenho dos 12 parceiros que o constituem.
Tal como no ano anterior, também em 2021, o projeto Ação Lixo Marinho! continuou a levar a problemática do lixo marinho a múltiplos públicos em Portugal Continental e nas Regiões Autónomas, de modo a incentivar a conservação do Oceano e a prevenção da poluição no mar e zonas costeiras. Para tal, os vários parceiros recorreram a diversas estratégias que não só sensibilizaram para a proliferação do lixo marinho, mas que também incentivaram a reflexão sobre os seus impactos no Oceano, na economia e nas comunidades locais, com o objetivo de favorecer a mudança progressiva dos comportamentos de consumo e de gestão de resíduos como forma de mitigar o problema e seus efeitos. De entre essas estratégias para sensibilizar, estimular a reflexão e inspirar a mudança de comportamentos, o destaque vai para as ações de ciência cidadã, que constituem a medula deste projeto. Para além de contribuírem com dados para o estudo do lixo marinho em Portugal, estas ações levam os participantes a compreenderem a real dimensão do problema do lixo marinho ao nível local. Assim, em 2021, realizaram-se 37 campanhas sazonais de monitorização de lixo marinho em 16 praias de Portugal Continental e Regiões Autónomas, em que 12 dessas campanhas foram especificamente dirigidas à observação e identificação de microplásticos no areal.
Fora as atividades regulares de ciência cidadã, o projeto também contemplou diversas ações sensibilização adaptadas a diferentes públicos e faixas etárias. Estas vão desde horas do conto e teatros de sombras para a comunidade pré-escolar, até oficinas criativas de recuperação e reaproveitamento de resíduos, e de exploração de temas técnico-científicos, como as propriedades físico-químicas do plástico e a observação e identificação de microplásticos no meio ambiente, para alunos do ensino básico e secundário, passando pela instalação de exposições e espaços dedicados à educação sobre lixo marinho e gestão de resíduos. Como não chega envolver apenas as comunidades escolares e as camadas mais jovens da sociedade, em 2021 os parceiros do projecto Ação Lixo Marinho! também organizaram eventos dirigidos ao público em geral, em mercados locais, feiras e praias, com atividades de divulgação de informações sobre estilos de vida sustentáveis e consumo responsável, e também as já tradicionais limpezas de praia, contabilizando mais de 90 atividades direcionadas para o público escolar e geral.
Por fim é de salientar a coordenação dos vários parceiros do projeto na realização de um ciclo de 8 tertúlias nas quais se abordou o problema do lixo marinho de vários prismas. Estas tertúlias procuraram promover o diálogo entre diversas partes interessadas (como associações de pescadores, por exemplo), decisores locais (entidades administrativas e de governança), investigadores e o público em geral. É possível assistir à gravação de algumas dessas tertúlias na página https://alimar.cvtavira.pt
Sumarizando, em 2021, o projeto Ação Lixo Marinho! voltou a juntar-se aos múltiplos e necessários esforços que existem e felizmente continuam a surgir no nosso país com o intuito de alertar para a problemática do lixo marinho, tendo sido capaz de mobilizar neste ano apenas, mais de 4700 participantes que por todo o país colaboraram para mitigar a proliferação de lixo marinho em Portugal e no planeta.
O projeto Ação Lixo Marinho! insere-se na temática da Literacia do Oceano e está presente em todo o território nacional graças ao consórcio liderado pelo Centro Ciência Viva de Tavira e do qual fazem parte mais 11 entidades portuguesas ligadas à divulgação de ciência (Centro Ciência Viva do Algarve, Centro Ciência Viva de Lagos, Centro Ciência Viva do Lousal, Centro Ciência Viva de Vila do Conde e Expolab – Centro Ciência Viva), investigação (ARDITI – Agência Regional para o Desenvolvimento da Investigação, Tecnologia e Inovação, o Instituto Português do Mar e Atmosfera, e a Universidade do Algarve) e gestão ambiental (Agência Portuguesa do Ambiente e Cascais Ambiente) e à defesa do meio ambiente (Marmeu – Associação de Defesa do Ambiente). Este projeto é co-financiado pelo Fundo Azul, um mecanismo de incentivo financeiro da Direção-Geral da Política do Mar destinado a patrocinar atividades que se relacionem com o domínio do mar, entre as quais as que promovem a proteção e monitorização do meio marinho.