Nos últimos tempos a política albufeirense tem vindo a ser agitada por Paolo Funassi um italiano ex-Presidente de uma empresa pública em Itália, a SERVIZI IDRICI VALLE-CAMONICA e ex-assessor político no parlamento italiano para ITALIA DEI VALORI do ex-magistrado de mani pulite Antonio Di Pietro e Movimento 5 estrelas.

Este italiano apaixonado por Albufeira, mas também pela política, participou algumas vezes como substituto na Assembleia Municipal da cidade.

Há 4 semanas fundou, um grupo no Facebook que conta já com mais de 600 pessoas. Um grupo que tenta incluir todas as comunidades estrangeiras na cidade, que são mais de 90 no total e segundo Paolo Funassi os estrangeiros representam cerca de 40% dos residentes de Albufeira.

O Grupo pode ser seguido em Facebook com o nome "Estrangeiros/foreigners em/in Albufeira".

O grupo é composto por mais de 500 pessoas em menos de um mês que abraçaram a nossa causa e o passo seguinte é fazer uma associação e termos sócios etc para levar pra frente mais ainda as nossas batalhas.

A Voz do Algarve: Paolo Funassi, porque decidiu criar este grupo e até onde pensa chegar?

Paolo Funassi.: A Cidade de Albufeira tem grande pujança económica, social e cultural. Mas não há plena integração porque cada comunidade estrangeira e a própria comunidade portuguesa, realizam eventos para as próprias comunidades não havendo união perante desafios e necessidades comuns.

Por isso decidi fazer alguma coisa e não ficar só assistindo. Comecei por criar um grupo informal, depois para que tivesse mais visibilidade, usei as redes sociais e criei o grupo "Estrangeiros/foreigners em/in Albufeira". Foi tal a aceitação que em pouco mais de 4 semanas já temos mais de 600 membros de 29 comunidades estrangeiras diferentes. Aqui, todos os dias aparecem ideias e apoios novos de pessoas originarias dos mais diferentes países estamos fazendo o que nos parece correto pela cidade e por todas as comunidades.


V.A.: Sim, mas qual o objetivo principal?
P.F.:
Constituir a união entre culturas, fortalecer o multiculturalismo, consolidar a paz, prestar ajuda comum, promover o bem-estar geral e garantir os benefícios da integração, para nós mesmos, para os nossos filhos e para todos os que amam e querem viver em Albufeira.

V.A.: Vejo que é um apaixonado por Albufeira e um grande otimista?
P.F.: A todos os que querem vir morar para Albufeira queria deixar esta mensagem. Albufeira é o lugar onde tudo pode acontecer! Albufeira é o lugar onde temos a oportunidade de nos realizarmos e aqui, nesta terra, neste paraíso, os sonhos mais incríveis tornam-se realidade! Olhamos para o amanhã e vemos projetos ilimitados esperando para serem realizados. Os nossos sonhos mais brilhantes ainda não são conhecidos, as nossas histórias mais emocionantes ainda não foram contadas. Os nossos maiores eventos ainda não foram feitos. O esplendor de Albufeira apenas começou e com a ajuda de todos, sem dúvida, podemos afirmar que o melhor de Albufeira ainda está por vir.

V.A.: Com toda esta atividade já pensou em dar algum passo em frente para formalizar esta união de pessoas e ideias?
P.F.: Vou avançar com a constituição de uma associação, para sermos mais incisivos nas nossas lutas e projetos e continuar a promover o nosso grupo.

V.A.: E qual vai ser a finalidade dessa associação, o que podemos esperar?
P.F.: Os estrangeiros contribuem com milhões e milhões para o orçamento municipal, mas não decidem nada do que fazer com esse orçamento. Portanto queremos sensibilizar a sociedade e a política albufeirense para que olhe também para as necessidades de todas as comunidades, que são as básicas e fundamentais como qualquer outro cidadão português, mas também têm particularidades, por exemplo, o que podem desejar e necessitar reformados estrageiros, como os suecos, holandeses, franceses para melhorar o seu dia a dia.  

Se calhar, pequenas coisas como um campo de petanca, já seria uma solução, eles gostam e passam horas a jogar, isso dá-lhes uma oportunidade de convívio. Então porque não avançar com isso?  Outras comunidades por exemplo, gostam de jogar cricket, então porque não pensarmos em construir um campo de Cricket? Como resultado, teríamos comunidades felizes, com qualidade de vida e mais relaxadas. O mesmo se poderia fazer para comunidades de outras religiões, que necessitam do seu próprio espaço para as suas práticas e orações. Cuidar do espírito é tão importante como cuidar do corpo.

V.A.: ...mas de onde vem esta sua preocupação com a integração? É por alguma experiência própria?
P.F.: A integração é o caminho para a paz. Integração que fique bem claro tem que ser nos dois sentidos…dar e receber. Os fenómenos migratórios são imparáveis seja de ricos e mais ainda de pobres portanto o caminho para evitar problemas futuros é intervir hoje, mas não construindo muros e discriminando, mas construindo pontes e tentando integrar… como digo sempre, mesmo como estrangeiro, sou um nacionalista albufeirense mas um nacionalismo de inclusão, todos unidos pelo amor a Albufeira.

A integração já é uma realidade em muitos âmbitos da vida da cidade, por exemplo nas escolas onde os miúdos são um exemplo para todos nós… fazem amigos independentemente da cor da pele e do país de proveniência… para eles não existem italianos, turcos, chineses ou indianos… mas existem só crianças.

Como dizia o grande escritor uruguaio Eduardo Galeano, “Teu Deus é judeu, a tua música é negra, o teu carro é japonês, a tua pizza é italiana, o teu gás é argelino, o teu café é brasileiro, a tua democracia é grega, os teus números são árabes, as tuas letras são latinas. Eu sou teu vizinho”... portanto a integração já é uma realidade… menos na política albufeirense onde somos sub-representados já para não dizer sem representação… só eu é que apareço às vezes para fazer alguma substituição… mas esta situação tem que ser mudada nas próximas eleições, porque assim como, tudo melhorou quando se deu representação política às mulheres, não se pode ter integração completa deixando de fora quase 50% da população. Porque é inevitável que se a política albufeirense não se ocupar dos estrangeiros, os estrangeiros se ocuparão da política albufeirense para obter mais representação e integração.

Até agora houve muito desinteresse por questões ligadas à quase inexistente representação, situação que começamos a mudar através de iniciativas de conscientização mais iniciativas que virão nos próximos tempos… nossos inimigos têm o relógio mas nós temos o tempo e quem faz isto por paixão tem a constância e força para nunca desistir.

V.A.: Falou de iniciativas políticas…
P.F.: A política, a boa política, é mais um instrumento para organizar melhor a vida pública da cidade e tendo este grande potencial devido à demografia crescente dos estrangeiros na cidade, alguém algum dia irá avançar nesse sentido,  eu falo e lanço estes aviso com a coerência que tenho em ser alguém bem integrado e que participa em todas as atividades públicas e convívios do concelho desde que cheguei…  em todas as freguesias...mas observo e vejo que no âmbito político há um grande vazio relativamente aos estrangeiros.

V.A.: Como tem sido a reação por parte das entidades oficiais a este novo movimento?
P.F.: Os nossos adversários não querem que o nosso motor arranque, porque se arrancar, nós vamos começar a dizer "achamos que vamos conseguir"; depois vamos dizer "nós sabemos que vamos conseguir".. e mais cedo ou mais tarde vamos dizer "nós conseguimos". Tenho recebido ofensas e até ameaças, mas se te deixas assustar por palavras e ameaças, não és bom para liderar nada…

As comunidades estrangeiras têm um enorme potencial ainda não aproveitado… temos ligações com os nossos países de origens e nos nossos países há grande apetite para investir em Portugal em várias áreas. Eu próprio avancei com um projeto de geminação que teria trazido investimentos em várias áreas da cidade, mas esse projeto ainda está travado.

                                                                                                                                                                                                                       

                                                                                                                                                                                                                Por: Nathalie Dias