Originária de Aveiro, a dupla composta por Catarina Duarte e Nuno Caldeira reconhece que esta é a sua "'tournée' mais preenchida até à data", e tem beneficiado da promoção que entidades diplomáticas portuguesas e produtoras estrangeiras vêm proporcionando ao seu trabalho, enquanto projeto lusófono de 'world music', apostado em cruzar diferentes culturas.
Géneros como o jazz, bossa nova, ritmos africanos e até formação combinam-se com sonoridades evocativas da China, do Vietname e da Índia, por exemplo, num estilo que evolui ao ritmo das viagens dos dois músicos, que já tinham carreira como 'performers' individuais antes de criarem este projeto.
"Em 2015 fizemos uma viagem na maior linha férrea do mundo, partindo de Portugal e seguindo sempre até Saigão, e, com tanto tempo a apreciar a paisagem pela janela, a experiência acabou por ser tão introspetiva que nos transformou um bocadinho", revela Catarina Duarte à Lusa.
A viagem da China até à Tailândia, através do Vietname, Taiwan e Cambodja, foi depois a que decidiu o futuro dos dois artistas. "Foi essa viagem que deu origem aos Senza. Durou três meses, passávamos o tempo sobretudo a observar e a conversar com as pessoas. Um dia em Saigão, numa loja de música com ar condicionado, comprámos uma guitarra e, ao andar com ela pela rua, começaram a perguntar-nos se tocávamos", conta Catarina.
Pouco depois os dois portugueses estavam a atuar em hotéis e, como recorda Nuno, "a trocar música por dormidas grátis", até que perceberam: "O que queríamos mesmo era ser músicos a tempo inteiro, autores próprios, em vez de andarmos só a fazer 'covers'".
Senza foi o nome escolhido para o grupo, por ser também o nome do lamelofone dos percussionistas africanos de que Catarina e Nuno não prescindem nos seus temas. E "Praia da Independência" viria a ser o título do primeiro álbum do duo, porque foi num areal do Sudeste asiático que ambos definiram os termos do seu novo projeto de vida e profissional.
A música, essa, "continua a soar muito mais à língua portuguesa do que aos destinos das viagens", mas as letras refletem sempre "o desejo de aventura, a sede de conhecer o mundo, as sensações que os contactos com outras culturas despertam".
Quanto à digressão agora em curso, Catarina e Nuno assumem a satisfação de verificar que, embora internacional, a tournée lhes dá pela primeira vez "a oportunidade de tocar mais em Portugal", considerando que, até 2018, a banda "seria mais conhecida no estrangeiro do que no próprio território nacional".
O primeiro álbum dos Senza, "Praia da Independência", foi lançado em 2016 e logo distinguido como Disco Antena 1. Seguiu-se em 2018 "Antes da Monção", que, contando com a participação de músicos como Rão Kyao e Júlio Pereira, já motivou concertos em Portugal, Espanha, França, África do Sul, Namíbia, Zimbabué e Brasil.
Até meados de setembro, a agenda da banda inclui espetáculos já este fim-de-semana, em Vila Nova de Milfontes e, logo no seguinte, na ilha da Madeira. Seguem-se duas atuações em Macau, depois novos concertos em Sesimbra, Silves, Guia, Faro, Cem Soldos, Paredes e Paços de Arcos. Entretanto haverá ainda dois espetáculos nas ilhas Terceira e Santa Maria, nos Açores, e dois outros em Augsburgo, na Alemanha.
Por: Lusa