Contudo, Nuno Sepúlveda, presidente do Conselho Nacional da Indústria do Golfe (CNIG), admite que está na altura de renovar o produto. Até porque há mercados fiéis e outros mais a explorar.
No primeiro semestre de 2023, os 89 campos de golfe existentes em Portugal registaram uma média de número de voltas superior a 14.000, o que contrasta com as 13.616 do mesmo período de 2022 e 12.992 de 2019. Nuno Sepúlveda, presidente do CNIG (e também CEO de Sports and Leasure da Arrow Global Portugal), acredita que o golfe turístico está numa fase de recuperação. Contudo, considera que Portugal entrou numa fase em que necessitará de renovar o produto golfe. Com a luta pela baixa do IVA no golfe a perdurar, Nuno Sepúlveda admite que uma baixa do imposto daria uma “maior capacidade de investimento” e possibilitaria essa tão necessária atualização. Até porque, aqui ao lado, em Espanha, essa renovação já está a acontecer. “A grande mensagem é que temos de investir no nosso produto e promover bem esse produto”.
Os dados do Turismo de Portugal, relativamente ao primeiro semestre de 2023, revelam uma utilização média por campo ao nível dos mais elevados já registados em Portugal. Isto significa que a indústria do golfe turístico já está numa fase de recuperação?
Sim, acho que já está numa fase de recuperação. E não é só pelos números absolutos do número de voltas de golfe. É pelo valor médio da volta do golfe. Há uma clara diferença. Os preços vieram todos para cima. Foi uma oportunidade que se aproveitou para subir preços. De facto, está-se a fazer muito mais receita em proporção ao número de voltas.
2022 já foi dos melhores anos. 2023 foi ainda melhor.
2022 foi o melhor que 2019?
Foi, diria, equiparado a 2019. Foi equiparado na grande parte dos sítios pela via da receita.
Para 2024, as perspetivas são belíssimas. Mas acho que, acima de tudo, está-se a valorizar o produto golfe e tentar cobrar o valor certo, o que não acontecia antes da pandemia. Era muito em volume, muito em quantidade, mas agora verifica-se um acerto, tal como, por exemplo, nos hotéis.
Mas consegue quantificar a subida de preço?
Diria que de 2022 para 2023 há uma subida, pelo menos de 10% no valor médio.
E prevê uma subida para 2024 ou uma estabilização face à subida que existiu?
Poderá haver uma subida, mas não tão agressiva como no último ano. Foi um pouco para justificar a inflação e a subida de todos os custos da própria operação.
“Não é possível falar do golfe turístico sem falar da hotelaria, da restauração, da aviação, do rent-a-car”
Mas é mais correto falar num ajuste do que numa subida?
Sim, será mais correto falar num ajuste. Penso que o mais correto é dizer que é pôr verdade no preço. Os custos já lá estavam, eram assumidos, mas esses custos subiram, a eletricidade, subiu, a mão-de-obra subiu, o gasto com pessoal subiu. Começou-se a olhar para os custos com outra atenção. Os custos fixos que assumimos estão bem geridos.
Mas é possível quantificar quanto é que a indústria do golfe perdeu com a pandemia?
É difícil, já que o golfe turístico abrange muitas outras atividades. Não é possível falar do golfe turístico sem falar da hotelaria, da restauração, da aviação, do rent-a-car. Nunca falamos só de golfe. O golfe é quase a coisa menos importante, porque quem vem praticar golfe turístico vem para um hotel, come num restaurante, aluga um carro, visita locais, faz compras.
Diria que a regra, entre a volta de golfe, o alojamento e a refeição, cada uma terá uma importância de um terço no total final.
Há, portanto, diversas atividades agregadas que terão de ser contabilizadas?
Exato. Falamos de pessoas que têm estadias médias relativamente altas, de 5 a 7 noites. Não falamos de turistas que fazem city-breaks, quem só vêm passar o fim de semana.
Mas voltando um pouco atrás, como é que a indústria do golfe turístico, de facto, passou esta pandemia?
Provavelmente não deveria ter sofrido tanto pelo contexto em que é jogado, mas sofreu pelo contexto em que é desenvolvido. Ou seja, está associado à hotelaria, aos aviões, aos restaurantes. Quer dizer, constituindo um terço do bolo, se não há hotéis abertos, restaurante onde se possa ir comer, não há aviões para voar, este terço é impactado.
“Toda a gente percebe a importância do golfe, mas depois é sempre visto de forma isolada”
Uma luta antiga
A atividade do golfe turístico luta já há alguns anos pela baixa do IVA. Em que ponto é que está essa situação?
Está igual. Não houve desenvolvimentos relativamente a essa matéria. É uma pena que o IVA do golfe não esteja pelo menos alinhado ao IVA da hotelaria. Já ninguém fala em que seja um IVA de desporto, mas que fosse um IVA intermédio alinhado com a hotelaria. Esse tem sido um assunto que, infelizmente, nunca foi tratado com a atenção devida.
Por quem?
Diria que pelos governos. Toda a gente percebe a importância do golfe, mas depois é sempre visto de forma isolada.
O que é que uma redução do IVA poderia trazer ao golfe turístico em Portugal?
Quero acreditar que as empresas teriam mais capacidade para investir, para melhorar o produto. Porque vamos vender a um preço final igual a um dos nossos concorrentes. A questão é que em Portugal a operação fica com menos que em Espanha e, logo, existe uma diferença na capacidade para investir, melhorar e adaptar a experiência e puxar outros mercados. Quer dizer, isto é uma bola de neve, se o produto for melhor, conseguimos atingir outros targets, outras nacionalidades.
Seria um fator de competitividade?
Muito. Costumo colocar a coisa ao contrário: imaginemos que a hotelaria agora passaria a ter um IVA como o golfe? Que impacto teria? Os investimentos são os mesmos. Aliás, os campos de golfe têm de ter a mesma manutenção quer tenham cinco clientes ou 50 clientes. Não dá para fechar em época baixa.
Ainda existe o estigma de se tratar de um desporto elitista e, portanto, pode-se cobrar mais?
Pode haver esse estigma, mas está mal explicado. Hoje em dia, ser membro de um clube de golfe custa o mesmo que ser membro de um ginásio. Um outro problema que temos no nosso país é que não existe cultura para a prática de golfe.
“Business as usual”
Falou dos concorrentes. Quais são, efetivamente, os principais concorrentes do golfe turístico em Portugal?
Diria Espanha. É sempre um mercado muito forte, sempre foram muito agressivos, quer em termos de aeroportos, quer em termos de oferta hoteleira, mobilidade. Repare, por exemplo, na força do aeroporto de Málaga, é um aeroporto altamente internacional, com milhares de voos por ano. Por isso, apontaria Espanha. Depois temos o mercado do Dubai, Abu Dhabi é um mercado também importante.
Mas são mercados emergentes?
São emergentes há muito tempo. A Turquia já não é um mercado novo, por exemplo. Mas diria que Espanha será sempre o principal, até porque há espanhóis a viajarem para o Algarve para depois ir jogar para a zona sul de Espanha.
Mas Espanha oferece algo mais do que é oferecido em Portugal?
Não, mas Espanha em termos de golfe, nos últimos 10 a 15 anos melhorou o seu produto de golfe muito mais do que o produto de golfe melhorou em Portugal. Houve uma atenção para o investimento nos campos de golfe. A zona de Sotogrande teve uma atualização nos investimentos em campos e golfe muito forte e isso oferece uma diferenciação de qualidade significativa.
“Onde é que na restante Europa temos campos de golfe a menos de uma hora do centro da capital? Por isso, não se trata de ter mais campos de golfe, é aproveitar o que temos e melhorar o produto”
Mas somente em termos de campo de golfe?
De campo de golfe, mas também em todas as infraestruturas, ao nível do serviço, manutenção, a maneira como o golfe turístico está associado a outros produtos. Nós continuamos a fazer “business as usual”.
A grande mensagem é que temos de investir no nosso produto e promover bem esse produto.
Mas não se promove bem o golfe turístico?
Acho que em Portugal há um bom trabalho de promoção, mas quando começamos a subir o preço médio por cada volta de golfe e o investimento médio por cada campo de golfe não existe, a coisa não bate certo. Há um desfasamento entre o que estamos a cobrar e o que estamos a oferecer.
O peso internacional
Os dados do Turismo de Portugal destacam uma preponderância de golfistas internacionais, com especial destaque para o mercado britânico. O golfe turístico em Portugal, de facto, está muito dependente do golfista internacional?
Está. Nós não temos uma cultura de golfe que justifique os campos de golfe que temos.
Estamos a falar de uma proporção 80-20?
Eventualmente, 90-10. E regressando ao que referi, se contássemos somente com golfistas nacionais, esses não ficam nos nossos hotéis, não vão aos nossos restaurantes. Esse é o negócio por trás do golfe. Depois há a questão do imobiliário, do golfista que vem a Portugal, se apaixona pelo nosso país e até compra uma segunda habitação.
E há falta de campos de golfe em Portugal?
Não, não é por aí. O importante é quebrar a sazonalidade do golfe turísticos. Antigamente, março e abril eram os meses mais fortes. Atualmente, outubro é fortíssimo, temos o maio e setembro a crescer de forma significativa.
As pessoas têm percebido que há alturas melhores para jogar golfe por razões diferentes, ou por tempo ou pela ocupação dos próprios campos. Também há mais hotéis abertos em determinadas alturas. Perceberam também que o golfe era uma boa oportunidade.
Mas respondendo à sua pergunta, não temos uma cultura de golfista que justifique ter tantos campos.
O Brexit ainda continua a fazer mossa?
Está melhor. Continua a haver alguns problemas nas entradas nos aeroportos com a questão dos passaportes. Mas temos a vantagem de haver uma relação muito próximo entre o Reino Unido e Portugal. Mas foi complicado.
O segredo está, contudo, em captar mais golfistas internacionais ou atrair mais o golfista nacional, já que os campos não estão nas suas capacidades máximas, nem de perto nem de longe.
Não há dúvidas que há espaço para o mercado nacional crescer, tal como o mercado internacional.
E como é que isso pode ser conseguido?
É fácil, tem de haver uma diferenciação na qualidade. Um campo de golfe é um campo de golfe e, portanto, todo o ecossistema ligado ao golfe tem de melhorar. Os campos, os serviços, os hotéis, a gastronomia, a restauração.
Não é uma questão de layout dos campos?
Não. Há ótimos layouts de campos de golfe com péssimas experiências e há layouts de campos de golfe medianos com experiências fantásticas. O desenho do campo é importante, tal como a manutenção do mesmo, o serviço, o contexto onde se insere o produto é importante.
Os dados disponibilizados pelo Turismo de Portugal relativamente ao primeiro semestre mostram que os mercados nórdicos e o britânico foram os únicos que cresceram face ao mesmo período de 2022. A que se deve esta realidade?
São mercados maduros e que gostam muito de Portugal.
Depois do COVID foram, de facto, esses mercados que regressaram mais rapidamente. Já conheciam, havia segurança, gostam do destino Portugal e, por isso, é natural que sejam esses os primeiros a regressar.
Mas para que outros mercados é que Portugal poderia e deveria olhar?
Hoje em dia há mercados muito interessantes. A Polónia é um mercado interessante, tal como a República Checa. São mercados para os quais nunca olhámos como mercados de golfe, mas que começam a vir a Portugal para praticar golfe.
Depois, claro, temos o mercado americano que nem vale a pena discutir, mas que está muito concentrado na zona de Lisboa. Nota-se um crescendo em direção ao Algarve, mas o produto não está totalmente atualizado ou preparado para o mercado americano.
Claro que o mercado americano está a crescer porque há mais ligações, há mais voos e Portugal é cada vez mais conhecido nos EUA.
Mas fora da Europa ainda há mercados por explorar e trabalhar.
Mas como é que se deve trabalhar esses mercados? Deverá existir uma maior promoção por parte dos campos, dos hotéis, do Turismo de Portugal?
O Turismo de Portugal tem feito um trabalho excelente e sabemos onde nos pode ajudar, tal como a AICEP. Os hotéis, os campos de golfe, trabalham juntos, as associações de turismo trabalham juntas. É uma questão de visão e perceber que tem de se ir à procura de mercados novos. E isso dá trabalho. E os resultados, às vezes, não são imediatos, podem demorar anos.
E há um trabalho geracional a fazer?
Obviamente que há uma geração de jogadores de golfe que vai entre os 50 e os 65 anos. É o nosso target. São muito poucos os mercados fora de Portugal que têm jogadores novos. A Suécia é um dos poucos exemplos, tal como a Dinamarca que apostam muito na formação dos jovens. Isso é bom, porque nos garante um mercado para os próximos anos. Mas sim, há um novo target a trabalhar.
Mas acima de tudo, tem de haver uma visão, temos de ir à procura de outros mercados. Os mercados não se fazem num estalar de dedos. Se quisermos um mercado americano, temos de ter marcas americanas, temos de ter voos da América para Portugal. Existem várias situações que estão interligas, é como uma cadeia, se falta um elo, torna-se mais difícil.
O valor do golfe turístico
E há pessoas para trabalhar no golfe?
A Federação Portuguesa de Golfe tem vindo a fazer o seu trabalho, mas, obviamente é um processo difícil, uma questão cultural. O golfe nunca foi visto como um desporto de massas.
Mas a questão dos recursos humanos não é muito diferente da situação da hotelaria e outras atividades. É difícil encontrar pessoas para trabalhar.
Mas ao contrário da hotelaria, no golfe não há formação especifica, temos paisagistas, agrónomos, mas não há assim tantos campos de golfe para que as pessoas também vejam isto como uma carreira.
E quanto vale o golfe em Portugal. Os números da International Association of Golf Tour Operators davam um valor estimado de 2 mil milhões anuais antes da pandemia.
Estamos, novamente, a falar do golfe com os diversos serviços associados. Se ainda contabilizarmos o Real Estate, os números podem ser diferentes, para cima. A questão é saber como fazemos as contas. Acredito que o golfe não deve ser visto isolado, deve ser visto como algo faz parte de um todo, as voltas, as reservas, os transferes, a restauração, a hotelaria, os rent-a-cars, etc..
Mas 2 mil milhões de euros equivale, mais ou menos, a 10% das receitas turísticas anuais?
Certo, mas quando é que esses 10% aparecem? Aparecem numa altura em que não existem os outros 90%. Estamos a falar de fevereiro, março, abril, outubro, novembro, dezembro.
Esta contribuição do golfe turístico para esbater a sazonalidade no turismo é absolutamente estratégica.
Mas volto ao que disse, a conectividade é fulcral para desenvolvermos o produto golfe. Nota-se que as pessoas, atualmente, tiram férias de maneira diferente, existem voos noutras alturas do ano e o negócio está muito alinhado com as rotas.
Atualmente existem 89 campos de golfe. Portugal tem capacidade para ter mais campos de golfe. E a haver, onde deveriam ficar localizados?
Não tenho a certeza de que haja necessidade para mais campos. Ainda há campos que estão subaproveitados. Há muito produto com capacidade para ter muito mais clientes.
Estamos numa zona [Aroeira] que, historicamente, não é vista como uma zona de golfe. Mas a isto chama-se fazer mercado, criar produto e posicioná-lo. Onde é que na restante Europa temos campos de golfe a menos de uma hora do centro da capital?
Por isso, não se trata de ter mais campos de golfe, é aproveitar o que temos e melhorar o produto.
Qual a estadia média de um golfista?
Ronda as cinco noites. E também é possível aumentar. Tem muito a ver com os mercados. O mercado britânico gosta de estadias curtas de três-quatro noites. O mercado escandinavo e alemão são seis-sete noites. Já o norte-americano aumenta para as 10-14 noites, sendo que este não vem fazer só golfe. Mas as estadias têm muito a ver com os voos e os intervalos entre os mesmos.
Depois depende do turista. As gerações mais novas estão habituadas a estadias mais curtas, tipo fim de semana prolongado. Já as mais velhas não vêm a correr para três dias.
Além disso, as pessoas, com a pandemia começaram a não tirar férias tão longas. Por isso, penso que as estadias não vão aumentar. Temos é de arrumá-las melhor nos hotéis e nos campos de golfe.
Falou de mercados como o britânico, nórdico, polaco, checo, norte-americano. E o asiático?
O mercado asiático é importante, mas é um mercado que, historicamente, temos tido alguma dificuldade em penetrar. É um mercado difícil. Trata-se de um mercado que ainda não viaja para o golfe e que viaja muito dentro da própria Ásia.
Mas sim, é um mercado com um grande potencial e não temos feito o nosso trabalho. É um mercado muito interessante, muito grande, mas não estamos muito focados nele e vamos ter de estar, claro.
“Temos explicado mal esta questão [do consumo de água], temos tido pouca voz nesse assunto”
Outro dos temas que surge sempre associado ao golfe é a sustentabilidade e o consumo de água.
Essa questão da água tem sido mal explicada pela própria indústria do golfe. No Algarve, por exemplo, a água utilizada no golfe é 6% do consumo total de água.
Mas não é essa a ideia que existe?
Pois não e criou-se essa má imagem. A verdade é que não há falta de água em Portugal. O que falta é capacidade para armazenar água. A maior parte da água é perdida.
Ainda assim, os campos de golfe têm feito um trabalho muito relevante. Já existem alguns campos de golfe ligados a ETAR. Mas para isso também é preciso investimento, é preciso mudar a relva, mudar maneiras de trabalhar.
Estamos a falar de um processo de aproveitamento, ou melhor, de reaproveitamento de água que não é utilizada.
O que posso afirmar é que os campos de golfe gerem a água ao milímetro, ou melhor, mililitro. Os campos de golfe utilizam, hoje, tecnologia de ponta, têm sondas, sensores, estações de água, tudo é gerido e aproveitado.
Mas volto a afirmar, temos explicado mal esta questão, temos tido pouca voz nesse assunto.
Mas há pouco falou em visão ou na falta dela relativamente ao golfe. Pergunto-lhe como é que, efetivamente, se pode desenvolver o produto golfe turístico em Portugal?
O golfe turístico, em Portugal, tem de se reposicionar em termos de qualidade. Não tenho dúvidas nenhumas que existe um mercado que procura Portugal, que quer qualidade e não tanto número, volume, mas muito mais qualidade.
E aqui, volto à questão do IVA e da capacidade de investimento. O produto está cá e estamos a chegar a uma fase complicada, já que a maioria dos campos de golfe estão na casa dos 20, 25 ou 30 anos, o que, normalmente, é o tempo de vida média de um campo de golfe.
Mas quando fala em renovação, onde é que ela terá de existir?
Na rega, na eficiência da rega, novas espécies de relva, mais amigas do ambiente e que conseguem com mais facilidade usar as águas recicladas. Os campos vão ganhando um cansaço. E o problema é que os nossos concorrentes estão a renovar-se, a atualizar-se.
Se entrarmos numa guerra de volume, Portugal não tem capacidade para competir com os seus concorrentes. Por isso, resta-nos a qualidade. Podemos baixar preço, mas somos pequenos e perderemos valor.
Devia de haver estratégias a curto e médio/longo prazo?
Todas as pessoas sabem quais são as estratégias. Uma, investir no produto. Duas, investir nas pessoas. Três, abrir mercados novos. Quatro, consolidar mercados existentes e com capacidade para pagar mais.
Não há aqui nada de “rocket science”. Há que implementar, executar. E acreditar que, fazendo isso, de facto se vai criar mais valor.
Mas estamos a falar de um processo para quantos anos?
Depende. Há campos que já o estão a fazer, estão a liderar. Nos próximos anos, cinco, dez anos, isto vai ter de acontecer. Depois é uma espécie de efeito de bola de neve. Basta um ou dois produtos liderarem este processo e os produtos à volta virão por arrasto, não podem ficar fora. Percebem que há uma estratégia vencedora e que não podem ficar para trás na corrida.
Claro que cabe à iniciativa privada liderar este processo, mas esta visão de qualidade pode e deve ser apoiada e ajudada.
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