Exames/9.º ano: Alunos melhoram a Português mas 96% das públicas chumbam a Matemática
Os alunos do 9.ºano melhoraram a Português, mas mantém-se a negativa a Matemática, disciplina em que apenas 4% das escolas públicas teve positiva, sendo que os estudantes mais carenciados continuam a ser os que têm mais dificuldades.
No final do ano passado, quase 95 mil alunos do 9.º ano realizaram as provas finais de Português e Matemática, que voltaram a contar para o cálculo da classificação final e conclusão do 3.º ciclo, uma regra suspensa em 2020 devido ao ensino à distância e confinamento provocado pela pandemia de covid-19.
A nota média a Português melhorou em relação ao ano anterior, subindo de 2,9 valores para 3,1, enquanto a média negativa de Matemática se manteve inalterada nos 2,5 valores, segundo uma análise feita pela Lusa a quase 188 mil provas realizadas avaliadas entre um e cinco valores.
A maioria dos alunos (58%) reprovou a Matemática, ao contrário de Português em que três em cada quatro jovens tiveram positiva (78%), tendo em conta os dados disponibilizados pelo Ministério da Educação, Ciência e Inovação (MECI).
As escolas com melhores resultados médios continuam a ser os colégios, que ocupam os primeiros lugares das tabelas da Lusa, onde aos estabelecimentos públicos mais bem classificados são escolas artísticas de música e de dança.
Num universo de 1.017 escolas públicas analisadas, apenas 4% teve positiva a Matemática, enquanto entre os 199 colégios, a média de positivas foi de 64%. Já a Português, a maioria das escolas públicas (60%) teve média positiva assim como os colégios (87%).
A Português, a primeira escola pública é a Escola Artística de Dança do Conservatório Nacional, em Lisboa, enquanto a Matemática o pódio pertence à Escola Artística de Música do Conservatório Nacional, também Lisboa.
A media de quatro valores das 20 provas realizadas pelos alunos da Escola Artística de Dança do Conservatório Nacional, em Lisboa, colocam a escola em 18.º lugar de uma tabela liderada pelo Colégio Horizonte, que ocupa o 1.º lugar, com uma média de 4,4 valores, seguindo-se o Colégio Novo da Maia, na Maia (4,34), e o Grande Colégio Universal, no Porto (4,31).
Os resultados médios mais elevados a Português foram alcançados pelos alunos de Braga, Coimbra, Porto, Viana do Castelo, Vila Real e Viseu. Já as notas mais baixas são de escolas em Beja, Faro, Portalegre, Setúbal e Região Autónoma dos Açores e nas escolas portuguesas no estrangeiro.
A Matemática, o 1.º lugar cabe ao Colégio Novo da Maia com uma média de 4,51 valores, seguindo-se o Colégio de Nossa Senhora do Alto, em Faro (4,44), e o Colégio D. Diogo de Sousa, em Braga (4,33).
Em 22.º lugar surge a primeira pública com melhores resultados a Matemática: O Conservatório de Musica com uma média de 3,95 valores, seguindo-se em 28.º lugar a Escola Secundária Infanta D. Maria, Coimbra (3,88) e em 40.º a Escola Artística de Dança do Conservatório Nacional, Lisboa.
Os melhores resultados médios a Matemática foram alcançados em Coimbra, Viana do Castelo e em Viseu e os resultados médios mais baixos foram obtidos em Beja, Portalegre, Setúbal e na Região Autónoma dos Açores.
O regresso das provas nacionais permite voltar a identificar os alunos que conseguem fazer o ciclo sem chumbar nenhum ano e com positiva nas duas provas, um indicador conhecido como “percurso direto de sucesso” e que mostra que a pobreza continua a ter peso nos resultados académicos.
No ano letivo de 2021/2022, apenas um em cada três alunos (34%) conseguiu fazer um percurso de sucesso, sendo os alunos dos distritos de Braga e Viana do Castelo, aqueles com mais casos de sucesso, com percentagens superiores a 40%.
Já os distritos mais a sul do país - Setúbal, Faro, Beja e Portalegre – destacam-se pela negativa, com as percentagens mais baixas de sucesso, uma vez que em muitos casos ficam abaixo dos 25%.
Também neste indicador, as raparigas têm melhores desempenhos (38%) ficando sete pontos percentuais acima dos rapazes (taxa de sucesso de 31%).
As diferenças de desempenho neste indicador de alunos de diferentes estratos socioeconómicos são também bastante acentuadas: Entre os alunos sem apoio social, 39% conseguiu fazer um percurso direto de sucesso, já entre os alunos com escalão A do Apoio Social Escolar (ASE) a taxa é de apenas 12%.
Com um valor intermédio aparecem os alunos do escalão B do ASE, com apenas 23% a conseguir fazer tudo no tempo esperado e sem chumbar nas provas.
No geral, a diferença de desempenho das raparigas e rapazes foi pouco notória, com destaque para Português, prova em que elas tiveram uma média ligeiramente superior e houve muito mais casos de positivas (83% face a 73% dos rapazes).
Por: LUSA