Uma exposição sobre a história do Estádio de São Luís, que comemora o seu centenário em 2023, foi o projeto mais votado entre os seis vencedores da terceira edição do Orçamento Participativo (OP) de Faro, anunciou a autarquia.

A proposta de realização da mostra “De Saint Stadium a Estádio de São Luís (1923-2023)”, apresentada pelo cidadão Pedro Gonçalves, também tesoureiro na direção do Sporting Clube Farense, emblema proprietário do recinto, recebeu 216 votos e tem um investimento previsto de 30.000 euros.

“O centenário do Estádio de São Luís é uma marca importante, não só para o Sporting Clube Farense, mas para toda a cidade. Se pensarmos bem, e a exposição vai demonstrar isso, quando aparece este estádio, não existia nada naquela zona, tirando o Cemitério dos Judeus, e a cidade desenvolve-se a partir do estádio. E o futebol [na cidade] também se desenvolve a partir do mesmo”, explicou o autor da proposta aos jornalistas, à margem da sessão de divulgação dos vencedores do OP.

Manuel dos Santos, empresário natural de Faro que emigrou para os Estados Unidos, foi quem desenvolveu o na altura denominado Saint Stadium, quando regressou à sua terra natal.

“Ele quando faz o estádio, não está a pensar no Farense. Decidiu investir dinheiro ali, porque em Faro não havia um espaço para futebol e outros eventos”, explicou Pedro Gonçalves, acrescentando que, após problemas de endividamento, o empresário perdeu a posse do recinto e este só chegou à posse do Farense algumas décadas depois.

A exposição, que deverá estar inicialmente patente no Palácio Belmarço, a partir do final de 2023 antes de passar por outros locais, consistirá em fotografias e num levantamento histórico do que foi a evolução do estádio até hoje, através do espólio do Farense, da autarquia, de sócios do clube e de outros cidadãos.

A criação de um novo espaço de lazer na Travessa da Saúde, eliminando lugares de estacionamento para construir um pequeno jardim e melhorar a circulação pedonal, projeto apresentado por Joana Nunes, foi, com 212 votos, o segundo mais votado, estando contemplada uma verba de 25.000 euros.

A publicação do livro “Antologia das Charolas de Bordeira”, incluindo 500 obras musicais transcritas e mais de uma centena de letras que deram substância a esta tradição, sugerida por Nelson Conceição, foi a terceira proposta mais votada, com 187 votos, tendo um investimento de 29.800 euros.

A requalificação do polidesportivo de Santo António do Alto, com 161 votos e um orçamento de 30.000 euros, e a marcação de trilhos e percursos pedestres em duas propostas diferentes, uma relativa a Faro e Montenegro (119 votos) e outra a Estoi (86 votos), ambas com investimento de 30.000 euros, foram os restantes três projetos vencedores.

Os seis projetos vencedores, que deverão estar concluídos até 2025, vão representar em conjunto um investimento de 174.800 euros, a que se acrescentam os 10.000 euros direcionados ao OP Escolas, com projetos sugeridos e votados pelos alunos.

Nesta terceira edição do OP Faro, 52 munícipes apresentaram propostas para o concelho e, depois de análise pelos serviços municipais, foram a votação 31 projetos, com a condição de todas as quatro freguesias (Faro, Conceição e Estoi, Montenegro e Santa Bárbara de Nexe) terem, pelo menos, um vencedor.

A Câmara de Faro registou neste OP um maior envolvimento dos cidadãos, com 125 participantes nas 11 assembleias participativas realizadas, de onde resultaram 35 propostas (as outras 17 foram apresentadas ‘online’), e também mais votantes.

Do total de 2.301 votos contabilizados, 1.173 cidadãos votaram apenas numa proposta e 564 votaram em duas propostas, limite máximo permitido pelo regulamento.

“Tivemos três mil participações, na prática, o que é bom, se tivermos em conta que não há uma cultura deste tipo de participação em Faro e no país. Ir aumentando aos poucos o número de projetos e o número de participantes e votantes é gratificante. Espero que no próximo ano possamos ter ainda mais participação”, salientou o presidente da Câmara de Faro, Rogério Bacalhau, lembrando que esta foi a primeira edição sem limitações originadas pela pandemia de covid-19.

Com esta terceira edição, o investimento municipal em projetos vencedores no Orçamento Participativo ascende a um total de cerca de 555 mil euros.