O programa de apoio a famílias da Animalife passa a ser uma resposta em todo o País
As dificuldades económicas das famílias, que também se traduzem na incapacidade para garantir bens e serviços de primeira necessidade aos seus animais, como alimentação ou tratamentos médico-veterinários, são as grandes causas que levam ao abandono em Portugal.
A Animalife é uma associação de sensibilização e apoio social-animal, de âmbito nacional, sem fins lucrativos, constituída em outubro de 2011. Em 2012, criou o Banco Solidário Animal (BSA) - a maior campanha nacional de recolha de alimentos e outros bens essenciais para animais, que acontece várias vezes ao ano em hipermercados e supermercados de todo o País –, com o intuito de ajudar Associações Zoófilas a alimentar os animais errantes, nos concelhos onde estão inseridas.
Mas, muito cedo, a associação percebeu que o abandono dos animais tem, essencialmente, uma causa estrutural – as dificuldades económicas das famílias que, infelizmente, se têm agravado.
Ao longo dos anos, a Animalife tem investido na criação de respostas pioneiras neste âmbito para combater o abandono dos animais em Portugal, atuando a montante no apoio a pessoas e famílias, em situação de especial vulnerabilidade, com animais a cargo.
Desde 2012, que tem vindo a estabelecer protocolos com municípios e juntas de freguesia, para a implementação deste inovador programa de apoio social-animal a famílias sinalizadas e apoiadas por essas entidades, mas às quais não era prestado qualquer apoio relativo aos seus animais, quer na alimentação, quer no cumprimento das obrigações legais, tais como a vacinação, a esterilização ou identificação eletrónica e, muito menos, nos problemas de saúde.
Nesse sentido, a associação foi criando espaços físicos de armazenagem e distribuição de bens, nos municípios de Sintra, Lisboa, Oeiras, Amadora, Seixal, Póvoa do Varzim, Loures e Porto, locais a onde as famílias sinalizadas se deslocam para recolha de alimentação e outros bens, mediante a espécie, a raça e o número de animais a cargo.
Em 2021, criou em Lisboa, o “Vet Na Rua”. Através deste programa, uma equipa, composta por um(a) veterinário(a) e um(a) assistente social, dá apoio social-animal de proximidade (na junta de freguesia ou no domicílio) às famílias sinalizadas, na alimentação e profilaxia essencial. A criação deste programa só foi possível graças à elaboração de um protocolo com a Câmara Municipal de Lisboa, através da Casa dos Animais de Lisboa.
Mais uma vez, socorrendo-se dos protocolos que assina com os municípios e juntas de freguesia e, simultaneamente, com clínicas e hospitais veterinários, consegue fazer face a algumas situações, quer em sequência de doença, ou de acidente. Mas, como é evidente, muito fica (ficava) por fazer, uma vez que os recursos financeiros são escassos.
A criação do Departamento de Desenvolvimento Social-Animal, constituído por uma equipa multidisciplinar, composta por assistentes sociais e médicos-veterinários, foi a solução que a Animalife encontrou para fazer face ao número crescente de pedidos de ajuda – fruto da instabilidade provocada pela guerra na Ucrânia e a consequente subida da inflação.
Agora, surge outra realidade - A Animalife vai disponibilizar apoio alimentar através de Cartão eletrónico.
O apoio alimentar em “Cartão Dá Apoio” da cadeia de supermercados Sonae, pode ser dado a todas as famílias que estejam devidamente sinalizadas pelas autarquias. Uma resposta nacional que deixa de depender de espaços físicos para armazenagem e que resolve outros problemas das famílias, nomeadamente, a dificuldade em se deslocarem.
Para a Animalife poder dar apoio alimentar é necessário que esteja garantido o acompanhamento dos animais, quer em questões de saúde, controlo da reprodução e cumprimento da legislação.
Mas, finalmente, depois de tanta luta, é possível ver uma luz ao fundo do túnel.
A Animalife apela aos municípios que cumpram a sua parte, como previsto no Artigo 195º da Lei do Orçamento de Estado de 2023, permitindo o acesso a consultas e tratamentos médico-veterinários como, entre outros, a identificação, vacinação, desparasitação e esterilização prestados a animais de companhia cujos detentores sejam pessoas em situação de insuficiência económica, em situação de sem-abrigo ou pessoas idosas com dificuldades de locomoção.
Desta forma, os animais das pessoas e famílias em situação de vulnerabilidade passaram a ter acesso, para além da identificação eletrónica, vacinação, esterilização dos seus animais de forma gratuita, a todos os serviços veterinários de assistência, através dos municípios.
Mas, não nos devemos esquecer que, para isso, é necessário que os municípios submetam as candidaturas, através da plataforma eletrónica do ICNF I.P. (https://ffp.icnf.pt/), nomeadamente as que são relativas às despesas tidas com animais de famílias carenciadas, como é o caso do Aviso 6/2023, cuja candidatura tem de ser feita até ao dia 13 de julho de 2023.
Leia-se um resumo da deliberação do Conselho do ICNF:
“Deliberação do Conselho Diretivo do ICNF I.P.
Campanha de prestação de serviços veterinários de assistência a animais de companhia detidos por famílias carenciadas consolidando uma rede de serviços públicos veterinários.
(…)
O apoio para a melhoria da prestação de serviços veterinários de assistência a animais detidos por famílias carenciadas consiste na atribuição de € 1 000 000 para reembolso das despesas realizadas com a prestação de serviços veterinários de assistência a animais de companhia detidos por famílias carenciadas pelos municípios, inclusive através de serviços prestados por via de protocolos entre estes e os centros de atendimento médico-veterinário e os hospitais universitários, consolidando assim uma rede de serviços públicos veterinários.
(…)
1 – Aprovam-se as regras, procedimentos e prazos para as candidaturas à campanha de prestação de serviços veterinários de assistência a animais detidos por famílias carenciadas através dos municípios, consolidando assim uma rede de serviços públicos veterinários, constante do AVISO 6/2023 ICNF-DBEAC que dela faz parte integrante.
(…)
AVISO 6/2023 ICNF-DBEAC
(…)
III. BENEFICIÁRIOS
1- Podem beneficiar do apoio financeiro os municípios e as comunidades intermunicipais. 2- Constitui condição de elegibilidade a regularização da situação tributária e contributiva perante, respetivamente, a administração fiscal e a segurança social;
IV.NATUREZA E LIMITE DO APOIO FINANCEIRO
1 - O apoio financeiro reveste natureza não reembolsável. É atribuído 1.000.000 (euro) para despesas com animais de companhia intervencionados ao abrigo do presente aviso.
2 – As candidaturas ao apoio financeiro decorrem de 23 de junho a 13 de julho de 2023. 3 - Para efeitos do recebimento do apoio financeiro, o beneficiário pode dirigir ao ICNF, I.P., um pedido de pagamento, através da plataforma eletrónica disponibilizada para o efeito, de 2 a 16 de outubro de 2023, às 18 horas.
(…)
VI.PROCEDIMENTO
1 – Para se habilitarem ao apoio financeiro, os municípios devem submeter a candidatura através da plataforma eletrónica disponível para o efeito.
(…)”.
Sobre a Animalife
A Animalife (www.animalife.pt) é uma associação de sensibilização e apoio social-animal, de âmbito nacional, sem fins lucrativos, constituída em outubro de 2011, cujo objetivo é diminuir o grave problema do abandono animal, atuando a montante sobre uma das principais causas de abandono em Portugal: a vulnerabilidade económica e social das famílias.
Ao longo dos anos, tem investido em três linhas de ação: apoio a associações e grupos de proteção animal; apoio a famílias em situação de carência económica; e acompanhamento de pessoas em situação de sem-abrigo com animais a cargo.
A forma como trabalha a vertente animal-social, procurando ajudar não só os animais, mas também as famílias por eles responsáveis, contribuindo para a sua capacitação e apoiando no acesso aos recursos sociais existentes, torna a sua atuação pioneira em Portugal.
A Animalife é também a entidade criadora e organizadora do Banco Solidário Animal (BSA), a maior campanha nacional de recolha de alimentos e outros bens essenciais para animais, que acontece várias vezes ao ano em hipermercados e supermercados de todo o País.