O Farense subiu ontem ao nono lugar da I Liga portuguesa de futebol, ao vencer em casa o Arouca, por 2-0, no encontro que encerrou a 10.ª jornada, decidido por duas grandes penalidades.

Os brasileiros Mattheus Oliveira (31 minutos) e Bruno Duarte (38) garantiram os três pontos ao Farense, que somou, pela primeira vez esta temporada, dois triunfos consecutivos no campeonato e subiu ao nono posto, com 13 pontos.

O Arouca, que perdeu pelo sexto encontro consecutivo e não vence desde a primeira jornada, caiu esta ronda para o 18.º e último lugar da I Liga, com seis pontos.

 

Farense eficaz da marca de penálti vence e prolonga crise do Arouca

Com dois golos de grande penalidade na primeira parte, o Farense mostrou ontem eficácia absoluta e bateu o Arouca por 2-0, prolongando a crise do último classificado, no jogo de encerramento da 10.ª jornada da I Liga portuguesa de futebol.

Mattheus Oliveira, aos 31 minutos, e Bruno Duarte, aos 38, assinaram os dois golos da marca dos 11 metros, com os algarvios a aproveitarem os erros defensivos do adversário, que na segunda parte justificava mais, mas pecou pela falta de eficácia.

Com a segunda vitória consecutiva, o Farense saltou para o nono lugar do campeonato, com 13 pontos.

Já o Arouca, que não vence desde a primeira jornada, em 13 de agosto (4-3 ao Estoril Praia), registou a sexta derrota consecutiva e ‘afundou-se’ no 18.º e último lugar, com seis pontos.

No primeiro jogo de sempre entre as duas equipas na I Liga, ambas vindas de confrontos para a Taça da Liga a meio da semana, o Farense registou três alterações no ‘onze’ face à derrota com o Sporting (4-2) e o Arouca mudou quatro peças no ‘xadrez’ em relação ao desaire caseiro com o Benfica (2-0).

O Arouca entrou em ‘4x4x2’, com uma dupla ofensiva que tentava obstruir a primeira fase de construção de jogo dos algarvios, que alinharam no habitual ‘4x3x3’, acabando por protagonizar uma melhor entrada em jogo.

Os forasteiros tiveram a primeira ocasião da partida, num remate em arco de Jason Remeseiro, aos nove minutos, que Ricardo Velho travou com boa defesa, com o avançado espanhol a tentar novamente aos 22, de livre, mas à figura do guardião adversário.

O Farense dominava na posse de bola, mas não conseguia criar perigo, até que beneficiou de uma grande penalidade antes da meia hora.

Matías Rocha fez um mau passe e colocou a bola nos pés de Belloumi, que entregou rapidamente a Bruno Duarte, derrubado na área pelo guarda-redes Arruabarrena: na conversão da grande penalidade, aos 31 minutos, o médio Mattheus Oliveira abriu o marcador e tornou-se o melhor marcador dos algarvios na Liga, com quatro golos.

Poucos minutos depois, o Farense ‘ganhou’ novo penálti, numa mão infantil de Javi Montero. Desta vez, a incumbência de marcar o castigo máximo foi do avançado Bruno Duarte, que não desperdiçou e assinou o segundo golo da noite, terceiro no campeonato (38 minutos).

Em poucos minutos, a formação de Faro via-se a ganhar por 2-0 sem qualquer ocasião de golo criada e o técnico do Arouca, Daniel Ramos, respondeu ao intervalo com duas substituições – entraram Milovanov e David Simão, mantendo-se o ‘4x4x2’ – que mudaram o rumo do jogo.

Apesar de até ter sido Vítor Gonçalves a ameaçar pela primeira vez após o intervalo, num remate para fora aos 46 minutos, o Arouca assumiu o domínio da partida e, até aos 65 minutos, desperdiçou quatro excelentes oportunidades.

Cristo González falhou o remate em excelente posição, aos 47, e atirou para grande defesa de Ricardo Velho (63), Rafa Mujica atirou de cabeça ao lado, após cruzamento de David Simão (54), e Javi Montero cabeceou perto do poste, na sequência de centro de Tiago Esgaio (57).

O Arouca manteve a tendência ofensiva, empurrando os algarvios para a sua área até ao apito final, mas o Farense – que ao intervalo homenageou o antigo avançado brasileiro Mirobaldo, segundo melhor marcador dos algarvios no primeiro escalão (41 golos na década de 70 do século passado) – ‘cerrou fileiras’ e conseguiu manter o perigo longe da sua baliza, voltando às vitórias no São Luís.

 

 

Futebol: I Liga / Farense – Arouca (Declarações)

 

Declarações após o jogo Farense-Arouca (2-0), da 10.ª jornada da I Liga portuguesa de futebol, disputado ontem em Faro:

- José Mota (treinador do Farense): “É muito bom. Sabemos como é difícil ter duas vitórias seguidas neste campeonato.

É bom estar num ciclo de três jogos sem perder e sabemos que os jogos vão ser todos eles muito difíceis. Temos de saber sofrer em muitos destes momentos, acho que estamos preparados para esse sofrimento, temo-lo demonstrado.

Na primeira parte, penso que fomos melhores, melhor equipa. O jogo, em algumas circunstâncias, foi dividido, mas sempre com sinal mais do Farense. Criámos mais perigo, fomos fortes nos corredores. Tivemos também a felicidade de acontecerem dois lances de grande penalidade, mas foram justos.

Conseguimos finalizar essas duas boas oportunidades e percebemos que, com 2-0 ao intervalo, tínhamos de ser inteligentes a gerir [na segunda parte]. Nem sempre o fomos, muito por mérito do adversário. Eles entraram fortes, determinados e nós não soubemos gerir tanto a posse de bola.

Os meus jogadores poderão ter desculpa: a exigência que têm tido ao longo dos últimos 12 dias, com viagens constantes, para a Taça de Portugal, em Vila Verde, depois Vila do Conde e Taça da Liga [em Lisboa] a meio da semana. São noites perdidas e temos estado muito preocupados com a recuperação dos atletas para os jogos.

Ainda bem que, ao intervalo, estávamos a vencer por 2-0. Gerimos esse resultado, podíamos ter tido mais tranquilidade em alguns momentos, para sair em transições e criar oportunidades. Começámos a gerir o jogo no nosso meio-campo, com o Arouca a tentar chegar ao golo com bolas paradas e muitos cruzamentos para a área. Nesse aspeto, em termos defensivos, estivemos muitíssimo bem.”

- Daniel Ramos (treinador do Arouca): “Acho que entrámos bem no jogo. Uma primeira parte muito equilibrada, onde o desnível do resultado advém de dois penáltis. Nós tivemos demérito na forma como os consentimos, porque o jogo estava dividido, controlado, sem grandes oportunidades de golo. Não havia domínio de nenhuma equipa, num jogo muito equilibrado, e as duas equipas, do ponto de vista defensivo, estavam a controlar os ataques.

Saímos a perder ao intervalo e precisávamos de arriscar, precisávamos de fazer algo diferente, e fizemo-lo para bem melhor. A segunda parte foi toda ela dominada pela equipa do Arouca. Tivemos domínio, circulação, boas jogadas, oportunidades de golo, faltou a bola entrar. E quando assim é, fica difícil.

Tentámos até ao final, sem desistirmos. Isso é um aspeto importante, porque, na adversidade, nós precisamos de perceber qual o nosso caminho e quem temos. Vi uma equipa a demonstrar que estava insatisfeita, que procurou marcar um golo e entrar no jogo, que teve oportunidades mais do que suficientes para isso.

O que me leva a dizer, com todo o respeito pelo Farense – sem tirar mérito à vitória –, que a melhor equipa em campo, do ponto de vista da qualidade de jogo, de oportunidades, de domínio, foi o Arouca. Só não dominou no resultado, e por isso mesmo a sensação muito amarga, porque fizemos por ter um resultado completamente diferente.

Sente o lugar em risco? É um assunto interno, entre mim e a direção. Se entendermos que não existem condições, é fácil: o treinador sai. O que quero neste momento é ter um grupo de trabalho que dê resposta, que mostre que este é o caminho. E se nós formos muitas vezes aquilo que demonstrámos aqui, principalmente pela segunda parte – não na primeira, pelo facilitismo que demos –, pela forma como controlámos o jogo, dominámos o jogo, não concedemos nada ao Farense, certamente as vitórias vão aparecer.”

 

Por: Lusa