Se em 2001, 70% dos jovens eram proprietários de habitação própria, hoje, essa percentagem é de apenas 40%, diz BdP.

O acesso à habitação em Portugal, sobretudo por parte dos mais jovens, tem vindo a deteriorar-se nos últimos 20 anos. Se no início os anos 2000, 70% dos jovens eram proprietários de habitação própria, hoje, essa percentagem é de apenas 40%. “Nas gerações mais recentes, a percentagem de proprietários jovens reduziu-se significativamente”, na ordem dos 30%, conclui o Banco de Portugal (BdP).

O panorama da habitação em Portugal muito mudou nas últimas décadas. Nos anos 80, só 60% das famílias eram proprietárias da sua residência principal. Mas esta percentagem foi aumentando ao longo dos anos estimulada pelo crescimento económico do país, maior rendimento das famílias e maior acesso ao crédito habitação. A somar a tudo isto, o mercado de arrendamento também se mostrava escasso e pouco atrativo.

“Esta evolução fez com que a idade média de compra de casa se tenha reduzido e que tenha aumentado a percentagem de proprietários com encargos de empréstimos associados à habitação”, conclui o BdP no Boletim Económico de outubro divulgado esta quarta-feira, dia 4 de outubro.

Mas estas tendências não se mantiveram nas duas últimas décadas: ora em 2001 a percentagem de proprietários atingiu os 76% um valor que reduziu para 73% em 2011 e para 70% em 2021. Mas o que mostram estes dados? “Dada a preferência das famílias pela compra de casa em idades jovens e a manutenção desse regime de ocupação ao longo da vida, esta redução reflete sobretudo uma recomposição acentuada do regime de propriedade entre os jovens nas gerações mais recentes”, conclui o regulador liderado por Mário Centeno.

 

 

Porque é que há cada vez menos jovens proprietários em Portugal?

Os dados do BdP revelam isso mesmo: por volta de 2001 cerca de 70% das famílias entre os 25 e os 34 anos era proprietária de uma casa – portanto, conclui-se, que “a geração de 1967-76 é aquela em que as famílias se tornaram proprietárias mais cedo”. Mas, em 2021, só 40% das famílias entre os 25 e 34 anos é que era proprietária de uma habitação (nascidos entre 1987 e 1996).

“Nas gerações mais recentes, a percentagem de proprietários jovens reduziu-se significativamente”, conclui o regulador. Aliás, a percentagem de proprietários com menos de 25 anos reduziu-se para menos de 35% nas gerações nascidas após 1986. Mas o que justifica esta queda? “As famílias mais jovens foram particularmente afetadas pelo aumento da taxa de desemprego no período 2000-14, em resultado do fraco crescimento económico do início da década de 2000 e da crise de dívida soberana. Nas famílias em que o representante tem menos de 35 anos, a percentagem de proprietários em 2021 reduziu-se para o nível de 1981”, explicam ainda. Alem disso, também se observou uma maior procura de casas para arrendar por parte dos mais jovens.

O que também saltou à vista é que as gerações mais recentes têm encargos com os empréstimos habitação antes dos 35 anos, o que não se observada nas gerações nascidas entre 1947 e 1966.  

 

Por: Idealista