O incêndio que deflagrou no concelho de Odemira, no distrito de Beja, no passado mês de agosto, causou prejuízos de «cerca de 15 milhões de euros», anunciou ontem a ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa.

“Numa primeira estimativa estamos a falar de cerca de 15 milhões, entre habitação – primeira e segunda habitação –, prejuízos na agricultura, prejuízos no turismo e prejuízos na área da floresta”, afirmou a governante.

“Vamos ainda detalhar mais esses prejuízos e é normal que este número aumente um bocadinho”, acrescentou.

A ministra falava aos jornalistas em Odemira, onde se reuniu ao final da tarde, no salão nobre dos Paços do Concelho, com os presidentes das câmaras de Odemira, de Aljezur e de Monchique, ambas no distrito de Faro, assim como com representantes de diversas entidades públicas e de associações locais.

Na reunião marcaram igualmente presença os secretários de Estado da Conservação da Natureza e Florestas, João Paulo Catarino, da Habitação, Fernanda Rodrigues, e da Agricultura, Gonçalo Rodrigues.

O encontro tinha sido anunciado, ainda em agosto, no rescaldo do incêndio, e teve como objetivo fazer um balanço dos prejuízos causados pelas chamas.

Segundo Ana Abrunhosa, para os três concelhos existe “uma estimativa de cerca de 15 milhões de euros [de prejuízos], que vai ter de ser ainda acertada”.

“Ou seja, há áreas onde ainda vamos ter que proceder a um trabalho mais ‘fino’”, afiançou.

A ministra da Coesão Territorial definiu que “a grande prioridade” passa por recuperar as primeiras habitações totalmente danificadas pelo incêndio, num total de oito famílias afetadas, “que serão apoiadas através do programa ‘Porta de Entrada’”.

“Depois, estamos já a trabalhar com os municípios na estabilização de emergência dos terrenos porque, vindo as chuvas, temos que impedir que os solos se degradem ainda mais e que haja situações mais graves”, acrescentou.

Para a área do turismo, a governante explicou que muitas das unidades afetadas “têm seguros”, sendo que a parte não coberta pelas seguradoras pode ser sujeita a um apoio a fundo perdido, “a uma taxa de 70%”, através das Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo e do Algarve.

Ainda no setor do turismo, Ana Abrunhosa disse que já foi criado um grupo de trabalho a nível local para trabalhar na atratividade do território, que “desde a pandemia tem um problema de reputação e de imagem de destino”.

Relativamente à agricultura, a ministra lembrou que já foram atribuídos “apoios à alimentação” dos efetivos pecuários e que ainda está “para sair o despacho [com os apoios] para os apicultores”.

“Depois serão [definidos] os apoios à reposição do potencial produtivo”, acrescentou, explicando que estes permitirão “replantar as árvores que se perderam, as vedações, os sistemas de rega, as máquinas e as alfaias agrícolas”.

Nos planos do Governo está igualmente a constituição de uma Área Integrada de Gestão da Paisagem (AIGP), abrangendo os três municípios e envolvendo também privados, que poderá ter financiamento a fundo perdido de 100%, através do Plano de Recuperação e Resiliência.

Após a sessão de hoje, a ministra da Coesão Territorial revelou que, “daqui a 15 dias”, estará feito o levantamento final dos prejuízos causados pelo incêndio e que dentro de “um mês haverá uma nova reunião”.

O incêndio no concelho de Odemira teve início no dia 05 de agosto e foi dado como dominado às 10:15 do dia 09, seis dias depois de ter deflagrado numa área de mato e pinhal na zona de Baiona, na freguesia de São Teotónio.

O fogo chegou a entrar nos municípios algarvios de Monchique e Aljezur e a área ardida ascende a cerca de 8.400 hectares, num perímetro de 50 quilómetros.

 

Por: Lusa