O Instituto de Higiene e Medicina Tropical da Universidade NOVA de Lisboa (IHMT NOVA) alertou ontem para a possibilidade de uma maior concentração de mosquitos nos distritos de Faro e Lisboa, nomeadamente de espécies invasoras que transmitem doenças.
O alerta resulta de dados do mosquitoWEB, um projeto de "ciência cidadã" que conta com a participação das pessoas para identificar a presença de mosquitos que transmitem a dengue e febre-amarela em regiões do país.
Os resultados do projeto evidenciam "um aumento de submissões de mosquitos nos distritos de Faro e Lisboa, nomeadamente da espécie invasora Aedes albopictus (mosquito tigre)", explicou o IHMT NOVA, em comunicado.
"Estes dados sugerem que poderá, de facto, existir uma maior concentração de mosquitos nestas zonas e vão ao encontro do alerta emitido recentemente pela Junta de Freguesia de São Domingos de Benfica (Lisboa) sobre o risco de disseminação do vírus da dengue, transmitido pelo mosquito Aedes albopictus, presente nestes dois distritos", destacou ainda.
Os dados desta plataforma apontam para "uma elevada presença de mosquitos em áreas urbanas com condições propícias à sua proliferação, como jardins, quintais e outros locais com recipientes com manutenção de águas paradas".
Teresa Novo, entomologista do IHMT NOVA e responsável operacional da plataforma mosquitoWEB, sublinhou que "a evidência científica obtida através do mosquitoWEB reforça a necessidade de uma maior consciencialização da população para reduzir o risco de propagação de mosquitos, vetores de agentes patogénicos no país".
"A participação da comunidade é essencial para proteger a saúde coletiva", vincou também, de acordo com a nota de imprensa.
Qualquer pessoa pode participar no projeto mosquitoWEB, através do 'site' da plataforma: basta fotografar um mosquito, carregar a imagem na plataforma, fornecer informações sobre o local onde foi encontrado e incluir dados de contacto (telemóvel ou e-mail) para seguimento.
Entre as recomendações para a população, a IHMT NOVA destacou a eliminação de águas paradas e o uso de repelente.
Segundo os dados da OMS, mais de 7,6 milhões de casos de dengue foram notificados à organização este ano a nível mundial, incluindo 3,4 milhões confirmados.
Embora se tenha registado um aumento substancial nos casos de dengue a nível global nos últimos cinco anos, esse crescimento foi mais pronunciado na região das Américas, onde o número de casos já ultrapassou sete milhões até ao final de abril de 2024, superando os 4,6 milhões de 2023.
Muitos dos infetados pelo vírus que provoca a dengue podem ser assintomáticos, mas os sintomas da doença são febre, dor de cabeça, dor muscular e articular, dor em redor ou atrás dos olhos, vómitos, manchas vermelhas na pele e hemorragias.
 
 
Lusa