Prestação da casa voltou a subir em fevereiro para 322 euros, o valor mais elevado desde março de 2009, aponta INE.

No rescaldo da mais recente subida das taxas de juros diretoras pelo Banco Central Europeu (que influencia a subida da Euribor), o Instituto Nacional de Estatística (INE) revelou esta sexta-feira que a taxa de juro implícita no conjunto de contratos de crédito habitação foi de 2,532% em fevereiro, o valor mais elevado desde março de 2012. A prestação da casa também voltou a subir em fevereiro para 322 euros, o maior valor registado desde março de 2009.

"A taxa de juro implícita no crédito à habitação subiu para 2,532%, valor superior em 34,9 pontos base (p.b.) face ao registado no mês anterior e o mais elevado desde março de 2012", destaca o INE no boletim publicado esta sexta-feira, dia 17 de março. E indicou ainda que nos contratos celebrados nos últimos três meses, a taxa de juro foi de 3,409% em fevereiro, o que traduz uma subida de 27,0 p.b. face a janeiro.

Também para o destino de financiamento aquisição de habitação - o mais relevante no conjunto do crédito habitação - a taxa de juro implícita para o total dos contratos subiu para 2,528% (+34,0 p.b. face a janeiro). "Nos contratos celebrados nos últimos 3 meses, a taxa de juro subiu 25,1 p.b. face ao mês anterior, fixando-se em 3,396%", destaca ainda o gabinete nacional de estatística.

Isto acontece porque a maioria dos contratos de crédito habitação em Portugal são de taxa variável e indexada à Euribor, o que significa que sentem diretamente os efeitos do aperto da política monetária por parte do BCE. A instituição liderada por Christine Lagarde voltou a subir os juros diretores em 50 pontos, para 3,5%, esta quinta-feira - apesar da atual crise financeira -, o que deverá levar a novos aumentos das taxas Euribor, segundo apontam os especialistas. Qual a consequência deste cenário? As famílias vão pagar prestações da casa bem mais elevadas - tal como já se verifica.

Prestações da casa atingem maior valor desde março de 2009

Considerando a totalidade dos contratos, o valor médio da prestação subiu 7 euros em fevereiro face a janeiro. Isto significa que a prestação da casa, em termos médios, está agora nos 322 euros, o valor mais elevado desde março de 2009. 

O aumento da prestação da casa tem sido impulsionado nos últimos meses precisamente pela subida dos juros. Dos 322 euros de prestação média observados em fevereiro:

  • 41% diz respeito ao pagamento dos juros (132 euros);
  • 59% corresponde à amortização de capital (190 euros).

Importa recordar que em fevereiro de 2022 (um ano antes), a componente de juros representava apenas 16% do valor médio da prestação  da casa(255 euros), indica o INE.

Já nos contratos celebrados nos últimos 3 meses - assinados com taxas de juro bem mais elevadas do que no passado -, o valor médio da prestação da casa subiu ainda mais (38 euros) e é bem superior (596 euros) face ao valor registado para o total dos contratos.

Quanto ao capital médio em dívida, o INE aponta que o valor aumentou 177 euros, para 62.533 euros - atingindo um novo recorde. Já nos contratos celebrados nos últimos 3 meses, o montante médio em dívida foi 125.215 euros, menos 1.047 euros que em janeiro.

Por: Idealista