“A LBP, através da deliberação do seu conselho nacional e interpretando a situação presente como um momento difícil da vida das associações e dos bombeiros, defende que é urgente aclarar e dar voz aos bombeiros e decidiu propor a convocação do Congresso Nacional Extraordinário, a realizar a 25 e 26 de março de 2023, em princípio, em Gondomar”, lê-se numa nota da Liga.
De acordo com o presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, António Nunes, citado no comunicado, os bombeiros voluntários “são um património imaterial da sociedade que pode ser extinto por manifesta falta de apoio ou de visão estratégica da sociedade e do Estado”.
Sob o mote “Pensar bombeiros”, do congresso deverá sair uma moção estratégica “que aglutine e sistematize os apelos e exigências presentes, mas com um historial longínquo e penoso, das associações humanitárias e dos bombeiros”, prossegue a nota.
“Em momentos difíceis é preciso ter a coragem de tomar as iniciativas necessárias para defender a identidade dos bombeiros e os seus valores históricos” defende o presidente da LBP.
No congresso, entre outros temas, será discutido o financiamento dos bombeiros, o voluntariado nos bombeiros como património imaterial português ou o respeito pela identidade dos bombeiros.
“Só unidos vamos conseguir atingir os nossos objetivos, por isso temos de pensar no coletivo, em detrimento do individual ou setorial” refere a moção aprovada por unanimidade no conselho nacional.
António Nunes classifica o movimento do voluntariado nos bombeiros como “património imaterial de Portugal”, defendendo que este “não pode morrer” e que os bombeiros não deixarão que isso aconteça.
“Há um conjunto de situações que hoje continuam a preocupar os bombeiros e que levam a LBP a propor refletir sobre o papel dos bombeiros na atual sociedade e para o futuro”, acrescenta a Liga.
Para a entidade, o atual sistema de controlo operacional dos bombeiros “não corresponde à sua identidade, bem como a sustentabilidade das associações, postas em causa sistematicamente”.
Por outro lado, acrescentam o estatuto do bombeiro voluntário “está muito aquém do exigido, bem como o facto dos bombeiros com contratos de trabalho não disporem de um estatuto adequado”.
A indefinição de novos valores dos seguros dos bombeiros, bem como “os supostos apoios” ao voluntariado são outras das questões que inquietam os bombeiros.
Os bombeiros estão ainda preocupados com a evolução das Equipa de Intervenção Permanente (EIP) para um sistema com caráter permanente “sem que o mesmo garanta estabilidade às associações e aos bombeiros que as integram”.