Educação, ação climática, cultura, património, artesanato, turismo e gestão municipal são os pilares do acordo de entendimento que o Município de Loulé e o seu congénere marroquino querem celebrar para, posteriormente, darem início a um processo de geminação. Foi com este objetivo que uma comitiva de Marrocos visitou o concelho de Loulé, de 23 a 26 de outubro, um momento que significou o arranque do estreitar de laços entre as duas partes.
Com um programa de visitas no território, momentos de partilha de experiências e a oportunidade de os representantes marroquinos estarem em contacto com algumas boas práticas levadas a cabo no concelho de Loulé, este foi um encontro frutífero e significou o início de um processo que se prevê vir a culminar com a geminação entre os dois municípios.
A delegação marroquina que esteve em Loulé foi constituída pelo deputado e vice-presidente do Município de Safi, Adil Essoubai, o diretor-geral dos serviços, Hamid Satouri, o presidente da associação Mémoire de Safi, Mohammed Mennis e um representante desta instituição, Mounir Cherki, e ainda o representante do Conselho da província do turismo, Mahdi Seghrini. A acompanhá-los esteve o Cônsul Honorário do Reino de Marrocos no Algarve, José Alegria.
Durante estes dias, a comitiva teve a oportunidade de descobrir como Loulé preservou e valorizou o seu património, nomeadamente ao apoiar os ofícios de artesanato em risco de extinção. Numa passagem pelas oficinas que fazem parte da rede do Loulé Criativo como a Casa da Empreita, a Oficina do Barro ou a Oficina dos Caldeireiro, a comitiva contactou com os projetos desenvolvidos neste âmbito que permitiram revitalizar conhecimentos e técnicas ancestrais.
Ao nível da Educação, o programa incluiu visitas ao Conservatório de Música e à Escola Secundária de Loulé, esta última uma escola que dá particular atenção à educação ambiental e à implementação de boas práticas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável junto dos jovens estudantes, por meio de ações que trabalham as questões do clima e a preservação do ambiente.
Um dos setores que mais impressionou a equipa marroquina diz respeito à gestão municipal e ao papel dos arqueólogos no que toca à preservação do património arqueológico da cidade, por exemplo no trabalho de musealização dos Banhos Islâmicos e Casa Senhorial do Barreto de Loulé.
Em termos de turismo e desenvolvimento económico, a comitiva marroquina visitou a Marina de Vilamoura, onde houve oportunidade de debater os desafios do desenvolvimento turístico sustentável e a importância da valorização do património cultural como alavanca económica.
O acordo de entendimento que será celebrado entre as duas partes, aquando de uma visita de uma comitiva de Loulé a Safi, permitirá desenvolver alguns projetos, bem como o intercâmbio de jovens estudantes de escolas das duas cidades, mas também de atores culturais como arqueólogos e artesãos.
Por outro lado, prevê-se a implementação de projetos-piloto conjuntos em áreas específicas como o restauro de monumentos históricos ou a criação de rotas turísticas, para além da participação no Festival MED que, de resto, já começou este ano em que Marrocos foi o “País Convidado” do evento.
“Há já algum tempo que temos o profundo desejo de estabelecer um acordo de cooperação com uma cidade de Marrocos. O objetivo central para esta geminação é, sobretudo, colocar a juventude dos dois países em contacto. É importante que se conheçam e se relacionem para discutir os problemas do mundo, abrir as portas entre os dois lados do Mediterrâneo. Temos um passado histórico comum, Loulé é uma cidade de origem árabe e temos aqui o único complexo de Banhos Islâmicos em Portugal. Temos muitas razões para celebrarmos uma geminação frutífera, com um grande futuro”, destacou Vítor Aleixo, presidente da Câmara de Loulé.
Do lado de Safi, o vice-presidente da Autarquia, manifestou a alegria por estar em Loulé, “uma cidade magnífica que nos abre as portas”. “Apesar dos quilómetros de distância, Safi e Loulé estão ligados por laços profundos, tecidos pela história, pela cultura e pelo espírito de partilha. As nossas duas vilas, ligadas pelo Atlântico, viram nascer civilizações prósperas, criando laços fortes através de trocas comerciais e culturais. Esta visita, que consideramos ser um momento histórico, é uma oportunidade única de reforçar a relação entre as duas cidades. Estamos aqui para descobrir o vosso património, o saber fazer e para partilhar convosco a riqueza da nossa própria cultura. Estamos certos que este encontro marcará o início de uma nova era de cooperação e que as trocas que terão lugar no decurso da visita serão profícuas e permitirão reforçar os laços de amizade que unem os dois povos”, afirmou Adil Essoubai.