“Se compararmos dezembro de 2019 com dezembro de 2021 no rastreio do cancro da mama verificamos que há uma redução de 146 mil mulheres, mas em janeiro e fevereiro deste ano começa a existir uma recuperação do número de mulheres com o rastreio atualizado”, totalizando 83.906, disse o presidente da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares (APAH).
Pelo contrário, no caso do rastreio do cancro do colo do útero observou-se no final de 2021 uma redução de 175 mil mulheres sem o programa de rastreio atualizado e no início deste ano, comparando com janeiro e fevereiro de 2019 e 2020, há uma quebra de 77.292 mulheres, salientou Alexandre Lourenço.
No caso do rastreio de cancro do cólon e reto, apesar de entre o final de 2019 e o final 2021 se ter observado uma redução de cerca de 81 mil utentes com rastreio realizado, registou-se “uma melhoria substantiva em janeiro e fevereiro deste ano”.
Alexandre Lourenço realçou o facto de ter havido “alguma recuperação” dos cuidados de saúde hospitalares, mas lamentou que em fevereiro ainda houvesse 1,2 milhões de utentes sem médico de família, o número mais elevado pelo menos desde 2016, sendo as áreas com maior impacto a Grande Lisboa e o Algarve.
O presidente da APAH assinalou o facto de continuar a haver “um número inferior de referenciações” para os hospitais, considerando que “não é de admirar, pelo facto de grande parte das consultas nos cuidados de saúde primários serem feitas através de consultas não presenciais, o que não permite um diagnóstico e uma referenciação adequada dos doentes”.
“Na prática, continuamos a verificar que a ligação entre os cuidados de saúde primários e os cuidados hospitalares continua sem funcionar”, lamentou na convenção que decorreu hoje na Ordem dos Médicos, em Lisboa, com o tema “Saúde, Prioridades para Legislatura 2022-2026”
Alexandre Lourenço alertou que “um diferencial enorme entre o número de pedidos de consultas e o número de consultas realizadas vai levar, na prática, a tempos muito elevados de espera para primeira consulta”.
“Uma mediana de 100 dias para ter uma consulta hospitalar quer dizer que 50% dos doentes esperaram mais de 100 dias para ter uma consulta hospitalar”, observou.
Fazendo uma análise da atividade cirúrgica, o responsável salientou a recuperação das cirurgias programadas, o que não aconteceu nas cirurgias urgentes.
Para Alexandre Lourenço, o mais relevante é o tempo de espera para a realização de uma cirurgia. “A mediana de tempo de espera para cirurgia em Portugal continua a crescer”, afirmou.
Em 2020, no primeiro ano de pandemia, chegou a ter um tempo de espera de 3,5 meses, sendo que em 2021 foi possível uma recuperação para 3,2 meses, mas “ainda é um tempo exagerado”, disse, defendendo ser “importante encontrar soluções para resolver e para mitigar” este tempo de espera.