De novo, a vida a ressumbrar, neste tempo propício e tão desejado das férias. Revigoramo-nos também no descanso silencioso, pela luz intensa e diáfana do sol, pela frescura das águas de mares altos sem fundo, na graça de vivermos sem correrias, na contemplação atenta das coisas, no perfume dos jardins, na atenção dos rostos, nas palavras pronunciadas pelos afetos a vencerem os invernos rotineiros das relações. As férias são, na verdade, um tempo de dádiva e de encontro.
Tempo para valorizarmos as pequenas coisas da vida: a luz de cada manhã, o pão partido e partilhado à mesa onde a família se faz casa, gestos gentis e fraternos, o perfume de certas viagens, os espaços gratuitos para o sorriso, a brincadeira com os filhos, os amigos, o recordar a aventura da vida que se percorreu.
As férias são um tempo para a alegria, a dança e a festa. Porque é importante que a vida seja celebrada no louvor e na gratidão, pois toda a vida é uma vida sustentada pelo amor. As férias são um tempo para reaprendermos a semear pelos nossos gestos a autenticidade, a inteireza e a esperança. Tempo para escutarmos e nos maravilharmos, para nos dizermos mais e com mais verdade, sem respeitos humanos e guiões sinuosamente traçados.
As férias são um tempo para acordarmos a bênção que cada um esconde em si como dom, um tempo favorável para abençoarmos, tempo para permitirmos que seja o caminho a vir ao nosso encontro e que Deus nos guarde sempre na palma da sua mão.
As férias são um tempo oportuno para lermos e escrevermos, pois, as palavras conduzem-nos à sabedoria, à imensidão e à transparência, a não emudecermos o desejo e o espanto, a não nos quedarmos na superfície. As férias chamam-nos à profundidade da beleza, a um coração enamorado por toda a Criação onde a nossa existência floresce e frutifica, a uma vida simples e humilde, à interioridade, a saber que o tempo que se perde a dar é o que nos faz verdadeiramente possuir.
As férias são um tempo para reaprendermos a nos sentar, a rezar e a redescobrir a importância da oração como um impulso do coração, um simples olhar lançado para o Céu, um grito de gratidão e de amor, um encontro da sede de Deus com a nossa, com palavras que exprimem e dizem a realidade da terra que somos feitos e dos sonhos.
O tempo das férias lança-nos sempre um incitante convite a aceitar serenamente a realidade da nossa vida, a ensaiar viver em harmonia e em paz. Este tempo feliz convida a apagar do coração os medos e os ressentimentos, a acender a verdade de sermos nómadas, peregrinos e irmãos. No teu tempo de férias saboreia a vida e aprende a fazer dela um poema!